879 - HAKAN SÜKÜR

Quando em 1987 fez a estreia pela principal equipa do Sakaryaspor, ninguém estaria à espera que Hakan Sükür conseguisse ser uma figura famosa tanto no desporto turco, como na cena política do país. Quanto a essa segunda faceta, e mais tarde lá regressaremos, é quase certo que não. Já no que diz respeito às suas habilidades futebolísticas, a única verdade é que, desde muito cedo, o avançado começou a mostrar algum jeito para marcar golos.
Tendo evoluído com as selecções jovens da Turquia, também a nível do clube o que mostrava era positivo. Ainda assim, e devido à sua tenra idade, só nas temporadas a seguir à de estreia é que Hakan Sükür começaria a ganhar mais espaço no “onze” inicial do Sakaryaspor. 3 épocas após a sua estreia e sendo um dos elementos de maior importância dentro do grupo, surge a proposta do Bursaspor. No Verão de 1990, a transferência conclui-se e ao passar a jogar num grupo com maiores ambições, também a sua cotação começaria a crescer.
Em Março de 1992 mais um passo importante na sua carreira. A estreia pela selecção “A”, num particular frente ao Luxemburgo, lançá-lo-ia na senda internacional. Quase de imediato, viria o interesse do Galatasaray. Ora, a mudança para um dos “gigantes” de Istambul, a juntar à presença na “Champions” e à importância dos seus golos na conquista de diversos títulos, haveriam de pô-lo nas “bocas do mundo”.
Bastante valorizado, a sua saída para o “Calcio” a poucos surpreenderia. Ainda assim, a adaptação a uma realidade competitiva bastante diferente não correria segundo as espectativas criadas por altura da sua chegada a Itália. Os meses passados ao serviço do Torino pouco espelhariam a sua qualidade e a meio da temporada de 1995/96 dá-se o regresso ao Galatasaray. No entanto, há males que até vêm por bem. O fracasso da primeira experiência fora do país, empurrá-lo-ia para uma das melhores fases do seu percurso profissional. Mais uma série de títulos colectivos, 3 prémios de Melhor Marcador da “Süper Lig” e a conquista da Taça UEFA de 1999/00, sublinhariam esse período de 4 anos e meio.
Tão boa sequência de vitórias teria que resultar numa nova oportunidade no estrangeiro. Todavia, e tal com tinha acontecido anos antes, Hakan Sükür não conseguiria impor o seu futebol. Inter de Milão, Parma e Blackburn seriam os capítulos seguintes da sua história futebolística. É certo que, durante esse tempo, nem tudo foram dissabores. As participações com a Turquia nos principais certames de selecções, seriam positivas. Já depois de ter disputado o Euro 96 e o Euro 2000, a sua estreia num Campeonato do Mundo faria com que o ponta-de-lança entrasse para os anais da modalidade. No torneio de 2002, organizado entre o Japão e a Coreia do Sul, muito mais do que o 3º posto alcançado pela equipa nacional turca, ficaria para a memória um dos golos do atacante. Na partida para decidir a atribuição do último lugar do pódio, o jogador marcaria aos 10,8 segundos de jogo. Esse tento ficaria nos recordes como o golo mais rápido conseguido numa fase final de um Mundial.
A última fase da sua carreira seria, mais uma vez, despendida com as cores do Galatasaray. No cômputo das 3 passagens pelo emblema de Istambul, ao palmarés do jogador chegariam, para além da já referida conquista europeia, 8 Ligas, 5 Taças e 3 Supertaças. Esse derradeiro período terminaria em 2008 e, com o fim da carreira, o atleta ver-se-ia consagrado como um dos melhores atletas do desporto turco.
Após “pendurar as chuteiras” Hakan Sükür afastar-se-ia um pouco da modalidade. Mantendo alguma ligação ao futebol com as aparições em programas desportivos, o antigo internacional começaria a dedicar-se à política. No entanto, a nova ocupação acabaria por trazer imensos problemas à sua vida. Tendo sido eleito deputado pelo “Adalet ve Kalkinma Partisi”, partido do actual Presidente Recep Erdogan, seria a sua ligação a outra alta figura da cena turca que o poria em maus lençóis.
Próximo de Fethullah Gülen, a ordem, por parte das entidades oficiais, para encerrar escolas ligadas ao teólogo, levaria a que o ex-futebolista deixasse o AKP. O acto de protesto, e tendo em conta que o religioso é um dos principais opositores ao regime vigente no país, criaria uma enorme celeuma. Não tardou muito para que as autoridades fossem no seu encalço. Após ter publicado alguns comentários nas redes sociais, Hakan Sükür seria acusado de insultar o Presidente e de, tal como o seu pai, pertencer e financiar uma organização terrorista. Com o seu progenitor a ser encarcerado, acabando este por falecer na prisão, o antigo jogador conseguiria escapar-se do país. Na sequência da fuga, pede e consegue exílio político nos Estados Unidos da América, estando impossibilitado de voltar à Turquia.

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