853 - PEDRO HENRIQUES

Tendo iniciado o seu percurso futebolístico no Belenenses, seria a passagem para o Benfica que o lançaria na alta-roda do futebol português. Essa mudança no Verão de 1990, coincidiria também com as primeiras chamadas às jovens selecções de Portugal. Pela mão de Carlos Queiroz, e mais tarde sob a orientação de Rui Caçador e Agostinho Oliveira, Pedro Henriques começaria a construir uma carreira que o levaria aos mais importantes certames internacionais. Com a “camisola das quinas” o lateral esquerdo participaria nos Campeonatos da Europa s-18 de 1992 e 1993 e no Mundial s-20 de 1993.
No que diz respeito ao seu percurso como sénior, tudo começaria na temporada de 1993/94. No rescaldo daquele que ficaria conhecido como o “Verão Quente de 1993”, com o clube da “Luz” a viver momentos conturbados, Pedro Henriques é chamado à categoria principal. Aguerrido, as suas qualidades como defesa seriam reconhecidas como as de um futebolista com grande futuro. Apesar dessa verdade, as oportunidades dadas por Toni ao jovem atleta seriam escassas. O lateral acabaria por ser chamado a jogo apenas na 32ª jornada. Curiosamente, essa partida frente ao Gil Vicente confirmaria o Benfica como o vencedor da 1ª divisão e daria ao jogador o único título de campeão da sua carreira.
Já a chegada de Artur Jorge ao comando técnico das “Águias”, levaria à cedência do atleta ao Vitória de Setúbal. O regresso dar-se-ia um ano depois, mas o clube já estava afundado numa enorme crise. Ainda assim, e com Mário Wilson como treinador, o Benfica consegue chegar à final da Taça de Portugal de 1995/96. Pedro Henriques não veria o seu nome inscrito na ficha de jogo. Contudo, a vitória do Benfica frente ao Sporting (3-1), daria ao jogador mais um troféu.
Na campanha seguinte, outra final da Taça para o Benfica. Mais uma vez, Pedro Henriques ficaria de fora do derradeiro jogo. Dessa feita, o Benfica perderia contra o Boavista e, no ano em que mais vezes entraria em campo com a camisola encarnada, o desfecho da temporada surpreenderia até o defesa – “Vi coisas bizarras, aconteceram-me episódios estranhíssimos, presenciei histórias de bradar aos céus. O Manuel José, já o disse antes e não quero voltar a falar nisso, desiludiu-me como homem”*. Nesse mesmo Verão, o atleta acabaria por rescindir contrato com as “Águias” e, com o aval do Presidente Pinto da Costa, assinaria com o FC Porto. Nas Antas, apesar de bem recebido pelo plantel, António Oliveira não daria qualquer oportunidade ao recém-chegado, acabando por cedê-lo – “Não joguei, de facto, alinhei apenas em amigáveis e particulares”*.
O empréstimo levá-lo-ia outra vez às margens do Rio Sado. No Vitória de Setúbal é dada ao esquerdino a chance de, finalmente, mostrar as suas qualidades. Começa a jogar regularmente e, nas 2 temporadas e meia que passaria no Bonfim, Pedro Henriques cimenta-se como um atleta de calibre primodivisionário. A mudança para o Belenenses, a passagem pelo Santa Clara ou o final de carreira com as cores da Académica de Coimbra serviriam também para cimentar esse merecido estatuto.
Numa carreira feita em exclusivo no escalão máximo, Pedro Henriques viria o fim aproximar-se precocemente. Com o agravar de uma lesão revelada ainda nos tempos do Benfica, o lateral decide que o final da temporada de 2004/05 era o momento certo para “pendurar as chuteiras”. Tendo deixado os relvados, o antigo internacional português passou a dedicar-se às tarefas de comentador desportivo. Nessas funções, destaque para a sua habitual presença nos mais variados programas e transmissões do canal SporTv.

*retirado da entrevista de Pedro Candeias, publicada em http://expresso.sapo.pt/, a 26/03/2014

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