815 - JORGE SIMÃO

Com a formação feita no Estrela da Amadora, a transição de Jorge Simão para o patamar sénior transformar-se-ia numa desilusão. Sem espaço na equipa da “Linha de Sintra”, que em meados dos anos 90 era presença assídua no nosso principal escalão, a solução para prosseguir a sua carreira acabaria por passar pelo ingresso no Real de Massamá.
No entanto, o que poderia ter sido um episódio transitório, no sentido de ganhar algum traquejo, tornar-se-ia na regra do seu percurso. Ao invés de regressar ao emblema que o tinha formado, Jorge Simão, e durante os anos que haveriam de compor a sua passagem pelos relvados, acabaria por quedar-se pelas divisões secundárias. Ainda assim, o que passou a ser a sua rotina futebolística foi incapaz de o desviar de um objectivo maior. Em paralelo com o seu trajecto nos “campos da bola”, e crendo que o seu lugar seria a elite do desporto nacional, o médio começa a investir noutras vertentes.
Estudante de Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, o atleta, ainda em tenra idade, aposta também nos Cursos de Treinador. Tendo feito todo esse investimento, e com a consciência que a sua vida de jogador dificilmente escaparia à sombra dos emblemas mais modestos, Jorge Simão decide aceitar novo desafio. Com 27 anos, abandona as obrigações de atleta e passa a abraçar as tarefas de treinador. Depois de, como centrocampista, ter vestido as cores de Real, Atlético do Cacém, Fanhões ou Carregado, 2003 torna-se num momento de viragem na sua vida.
Como técnico, naquela que foi uma mutação precoce, também começa por baixo. O regresso ao Atlético do Cacém, e apenas como adjunto, é o primeiro passo para essa mudança. Aliás, os primeiros anos nessas funções não seriam fáceis para si. Com muita coragem, trabalho e resiliência Jorge Simão começa a superar alguns obstáculos e a abrir outras tantas portas. É na temporada de 2013/14 que surge, então, uma grande oportunidade. Após ter passado pelo Estrela da Amadora em 2008/09 e ter sido assistido Mitchell van der Gaag no Belenenses, é do Atlético que surge o convite para passar a treinador-principal.
No emblema do bairro de Alcântara assume o papel onde viria a destacar-se. Subindo a pulso, começa a ganhar competências que o fazem apontar a desafios cada vez maiores. Na época seguinte, e depois de ter deixado o Mafra no caminho da promoção, o Belenenses endereça-lhe novo desafio. O convite é impossível de recusar e Jorge Simão não só faz a sua estreia na 1ª divisão, como leva os da “Cruz de Cristo” aos lugares de acesso às provas da UEFA. Curiosamente, e com o apuramento para as competições europeias a embelezar-lhe o currículo, dá-se a sua saída do Restelo. Seguem-se Paços de Ferreira e Desportivo de Chaves. Em ambos os clubes, o seu trabalho excede todas as expectativas. Esse sucesso leva António Salvador, Presidente do Sporting de Braga, a propor-lhe o lugar que tinha sido de José Peseiro. A meio de 2016/17, Jorge Simão muda-se de Trás-os-Montes para o Minho. Contudo, o desafio não corre de feição e o treinador, após não conseguir atingir os objectivos traçados por si, apresenta a demissão.
Sem orientar qualquer clube desde a 30ª jornada da campanha passada, Jorge Simão, à 6ª ronda desta nova época (2017/18) seria apresentado com as cores do Boavista. Para já, e com poucos desafios decorridos desde a sua nomeação, fica o registo para uma estreia de sonho. Aquele que substituiu Miguel Leal haveria de arrancar no comando dos “Axadrezados” com uma vitória caseira frente aos “Tetra- Campeões”, o Sport Lisboa e Benfica.

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