805 - SILVINO

Nascido na cidade de Setúbal, foi no Vitória local que Silvino deu os primeiros passos. Todavia, e ao contrário de que possam pensar, foi o andebol que apaixonou o jovem desportista! O futebol, a modalidade em que construiria a sua carreira, viria apenas mais tarde.
Apesar desta história curiosa, foi mesmo no “jogo da bola” que Silvino viria a merecer grande destaque. Igualmente produto das “escolas” sadinas, desde muito cedo que conseguiria destacar-se na defesa das balizas do clube. Seria também ao serviço do Vitória de Setúbal que faria a transição para o patamar sénior. A esse nível e apesar de já trabalhar com o plantel há alguns anos, a sua estreia em alta competição, acabaria por acontecer apenas na temporada de 1978/79. Os resultados seriam excelentes e, logo nessa mesma época, o guardião acabaria por ser convocado para os trabalhos da equipa portuguesa s-21.
Mesmo com um começo auspicioso, a verdade é que a experiência de Jorge Amaral, seu colega de balneário, acabaria por destroná-lo da titularidade. Esse facto haveria de pesar na sua decisão de mudar de clube e, para a temporada de 1982/83, o atleta passa a apresentar-se com as cores do Vitória de Guimarães. Já no Minho, onde trabalharia sob a alçada de Manuel José e Hermann Stessl, Silvino voltaria a afirmar-se como uma das grandes esperanças do futebol português. O seu potencial, logo na época da chegada, ficaria sublinhado com a convocatória para a principal selecção nacional e a estreia num particular frente à Hungria.
É já com o estatuto de internacional que Silvino é transferido para o Benfica. Passadas 2 épocas após a sua chegada a Guimarães, o emblema da “Luz”, com o intuito de ir preparando a sucessão de Manuel Bento, decide apostar na sua contratação. Com tal lenda na baliza das “Águias”, a conquista de um lugar no “onze” foi sendo adiada. Sem grandes oportunidades, o jogador acabaria por ser cedido. Contudo, e no fim desse empréstimo ao Desportivo das Aves, o lugar finalmente seria seu.
No rescaldo do Mundial de 1986, onde Bento sofreria uma grave lesão, Silvino consegue afirmar-se nos “Encarnados”. Daí em diante, torna-se num dos incontestáveis no alinhamento benfiquista e, mais uma vez, passa a ser um dos nomes presentes nas chamadas à selecção. No clube, os títulos começam a suceder-se e a disputa das competições europeias permitem a sua presença em 2 finais da Taça dos Campeões Europeus (1988; 1990). No cômputo dessas 9 campanhas pelas “Águias”, o resultado para o seu palmarés seriam a conquista de 4 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça.
Mesmo sendo um dos elementos mais importantes no plantel, o regresso de Neno em 1990, leva a que a sua hegemonia comece a ser disputada. Alternando a titularidade com o seu colega de equipa, só a chegada do treinador Artur Jorge e a contratação de Michel Preud’Homme põe um ponto final na ligação entre o Benfica e Silvino. Ainda assim, a sua carreira estava longe de terminar e, com 35 anos de idade, volta a assinar contrato pelo Vitória de Setúbal. Todavia, esse regresso à cidade do Sado, serviria apenas de ponte para o seu ingresso noutro dos “3 grandes”. O FC Porto, a partir da época de 1995/96, transformar-se-ia na sua nova casa. O melhor, no entanto, estava ainda para vir. Após vencer mais 2 Campeonatos e 1 Supertaça pelos “Azuis e Brancos”, a sua transferência para o Salgueiros permitir-lhe-ia novas chamadas à “Equipa das Quinas”. Resultado de uma série de lesões, Silvino, ironicamente, é chamado pelo treinador que o havia dispensado do Benfica. Ora, é sob a orientação de Artur Jorge que o guardião participa em 2 partidas da fase de qualificação para o Mundial de 1998, tornando-se no segundo atleta do emblema de Paranhos a envergar as "quinas".
Já depois de em Vidal Pinheiro ter “pendurado as luvas”, a sua ligação ao futebol manter-se-ia. Como treinador de guarda-redes começaria a trabalhar, em simultâneo, com a Federação Portuguesa de Futebol e no FC Porto. Com a chegada de José Mourinho aos “Dragões”, Silvino tornar-se-ia num dos seus fiéis escudeiros. Acompanhando o técnico português, o antigo internacional luso tem representado os melhores emblemas mundiais e ajudado a evoluir muitos daqueles que são tidos como os melhores a defender as balizas. Os casos de Petr Cech, Júlio César e Iker Casillas são bem o exemplo do seu excelente trabalho. Hoje em dia (2016/17), e desde o regresso a Inglaterra, Silvino é “Assistent Manager” do “Special One”, no Manchester United.

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