813 - ESQUERDINHA

Mesmo não tendo a benção do seu pai, Esquerdinha, ainda um adolescente, haveria de insistir na sua carreira de futebolista. Já em 1989, a actuar pelo Santos de Paraíba, conseguiria assinar o seu primeiro contrato como profissional. Contudo, aqueles que eram os passos iniciais de um sonho transformar-se-iam, bem depressa, numa grande desilusão.
Tendo regressado ao Botafogo de Paraíba, o emblema onde tinha passado grande parte da sua formação, o contrato oferecido não assegurava as condições necessárias para que o atleta pudesse sobreviver. Sem ter como sustentar-se, decide abandonar o futebol para procurar outra profissão. Todavia, e com cerca de um ano de interregno, as saudades da modalidade começariam a aumentar. Então, resolve voltar aos relvados e ao Botafogo.
Seria em 1993, uma temporada após o dito regresso, que tudo ficaria bem definido na sua cabeça. Nuno Leal Maia, afamado actor brasileiro, era o treinador do clube. Tendo detectado a falta de um lateral-esquerdo no plantel, decidiria lançar o desafio a Esquerdinha, pedindo-lhe para ocupara a posição. Não estando familiarizado com tais funções, a verdade é que a mudança correria de feição. O atleta deixaria de ser uma segunda escolha e passaria a ocupar um lugar como titular.
A adaptação a defesa, e as boas exibições conseguidas, fariam com que Esquerdinha passasse a ser bastante cobiçado. Esporte Bahia e Fluminense apareceriam como os principais candidatos à aquisição do seu passe. A transferência acabaria por não se concretizar e o atleta, muito por culpa da ligação que tinha ao seu empresário, acabaria a disputar a 2ª divisão paulista e no Paraguaçuense.
Apesar de afastado dos “grandes palcos”, a qualidade do defesa faria com que, mais uma vez, clubes de maior nomeada fossem no seu encalço. Seguir-se-iam Esporte Bahia, Atlético de Minas Gerais e Fluminense. Contudo, e depois de curtas passagens pelos emblemas referidos, seria no Vitória da Bahia que a sua carreira sofreria um verdadeiro impulso. Sendo um dos principais pilares dos sucessos da equipa, os 2 “Estaduais” conquistados, a Taça do Nordeste e a estreia do clube nas competições internacionais fariam com a sua cotação subisse em flecha. Da Europa surgem alguns interessados e numa corrida que envolveria portugueses e italianos, o FC Porto acabaria por levar de vencida o Venezia.
A chegada às Antas não seria fácil para o atleta. Tendo de enfrentar a concorrência de atletas consagrados, casos de Fernando Mendes e Paulinho Santos, a sua maior dificuldade prender-se-ia com o estilo de jogo. Apesar de ser um atleta raçudo e rápido, as mudanças tácticas a que ficaria sujeito acabariam por não facilitar a sua adaptação. Pouco habituado às tarefas defensivas, Esquerdinha passaria ainda um longo período afastado das escolhas de Fernando Santos.
 A sua estreia de “azul e branco” aconteceria apenas na 2ª volta do campeonato de 1998/99, mas ainda a tempo de ajudar a selar o último título do inesquecível “Penta”. Nas duas épocas seguintes conseguiria ainda acrescentar ao seu palmarés 2 Taças de Portugal (1999/00; 2000/01) e 1 Supertaça (1999/00). Ainda assim, e apesar de continuar a ser um elemento preponderante no seio da equipa, a chegada de Octávio Machado ao comando dos “Dragões” levaria à sua dispensa. Passaria ainda pelo Zaragoza e, de volta ao nosso país, pela Académica de Coimbra. Já o regresso ao Brasil levaria o atleta, que ficaria conhecido pela maneira assertiva como batia os livres-directos, a caminhar para o fim do seu percurso de futebolista. Após ter “pendurado as chuteiras”, Esquerdinha, sem nunca ter a ambição fazer grande carreira de nessas funções, ainda teria algumas experiências como técnico.

812 - ESQUERDINHA


No início dos anos 80, emerge das categorias de formação do Palmeiras um jovem rápido e muito habilidoso com a bola nos pés. Sendo canhoto, Décio de Abreu ficaria conhecido no mundo do futebol brasileiro como Esquerdinha. Ora, seria também desse lado do campo que o jovem atleta tentaria afirmar-se. Contudo, nas posições mais avançadas do terreno de jogo, o emblema de São Paulo tinha no seu plantel futebolistas de grande categoria. Esse factor, aliado à sua inexperiência, faria com que encontrasse bastante dificuldade na altura de conseguir afirmar-se. Nos 3 anos que haveria de permanecer no plantel principal do “Palestra Itália”, o extremo acabaria por jogar pouco e, ao fim do referido período, seria emprestado ao Santo André.
Ao fim de uma temporada cedido, Esquerdinha vê-se como “moeda de troca” na transferência de outro atleta. Como resultado do tal negócio, o extremo, que também podia actuar como médio-esquerdo, acabaria por passar a vestir as cores da Portuguesa dos Desportos. Na “Lusa”, dando sequência ao trabalho realizado durante o empréstimo ao Santo André, o atleta começa a destacar-se. Logo no ano da chegada ao novo grupo de trabalho, o clube consegue chegar à final do “Paulistão” de 1985. Essa campanha, na qual seria um dos melhores intérpretes, ajudaria a que a sua cotação também subisse. Nisto da fama, e para além da maneira como conseguia conduzir os ataques da equipa, os festejos por cada golo seu também ficariam célebres. Ora, cada vez que conseguia introduzir a bola nas redes adversárias, era costume vê-lo beijar a ponta da bota esquerda!
A notoriedade que ganharia nas épocas ao serviço da Portuguesa faria com que outros emblemas fossem no seu encalço. Da Europa, destino predilecto de tantos futebolistas sul-americanos, surge, em 1988, o convite do Marítimo. O desafio apresentado, e bastante aliciante, levá-lo-ia a aceitar a proposta dos funchalenses. Ainda assim, e apesar de ter sempre actuado no nosso maior escalão, as exibições da equipa madeirense seriam insuficientes para que o conjunto conseguisse passar dos lugares do meio da tabela. Com prestações colectivas pouco exuberantes, e mesmo sendo um dos atletas mais utilizados, a verdade é que as 3 temporadas que passaria no Campeonato português não revelariam um atleta com qualidade suficiente para outros voos. De certa maneira impedido de “dar o salto” para um emblema de maior nomeada, Esquerdinha acabaria por voltar ao Brasil.
Já perto de completar 30 anos de idade, o regresso aos campeonatos “canarinhos” daria início a um périplo que ficaria caracterizado por diversas mudanças. Durante esse período, que ainda duraria cerca de uma década, o esquerdino acabaria por vestir diversas camisolas. Tendo actuado em diferentes escalões do “Brasileirão”, merecem destaque as suas passagens pelo União de São João ou pelo Bragantino.
Em 2001, depois de uma derradeira campanha com o emblema do Sãocarlense, Esquerdinha decidiria ser a altura certa para pôr um ponto final no seu trajecto como futebolista. Tendo deixado os relvados perto de entrar nos 40, o antigo atleta não abandonaria a modalidade. Desse momento em diante, passaria a desempenhar as funções de treinador. Com essas tarefas destacar-se-ia como técnico de camadas jovens e emblemas de menor monta.

811 - NIVALDO

Saído das “escolas” do Londrina, Nivaldo rapidamente conseguiria destacar-se como uma das grandes promessas do clube. Nesse seu primeiro ano como sénior, ainda sem a importância que viria a merecer nos anos vindouros, o avançado faria parte do grupo de trabalho que, no final da edição de 1977 do “Brasileirão”, conseguiria alcançar a 4ª posição da referida competição.
O feito conseguido pela equipa do Paraná, faria com que todas as atenções se virassem para os seus atletas. Nesse sentido, Nivaldo continuaria a mostrar as suas qualidades no ataque às áreas adversárias. Logo no ano seguinte ao da sua estreia, com a frequência das suas chamadas a jogo a crescer, torna-se num dos elementos de maior preponderância no esquema táctico da colectividade. Esse estatuto manter-se-ia ao longo das temporadas vindouras. Nem a rápida passagem do seu clube pelo 2º escalão brasileiro afectaria as suas capacidades. Se dúvidas houvesse acerca de tal assunto, então o Campeonato Estadual viria a dissipá-las. Tendo nesse mesmo ano conseguido regressar ao convívio dos “grandes”, o Londrina, com o ponta-de-lança em destaque, alcançaria também o título de campeão paranaense de 1981.
Já depois da sua mudança para o São Bento de Sorocaba, onde jogaria durante as próximas 4 temporadas, o valor de Nivaldo, em consonância com aquilo que eram as suas belas exibições, subiria exponencialmente. Já com o Santos no seu encalço, surge então uma proposta vinda da Europa. Nessa corrida, o contrato oferecido pelo Vitória de Guimarães acabaria por ser mais vantajoso para o atleta. Preferindo o emblema minhoto em detrimento do lendário clube do astro Pelé, o atacante deixa o “Paulistão” e segue em direcção a Portugal.
Apesar de ser uma escolha pessoal de Paulo Autuori, à altura o treinador-adjunto de Marinho Peres nos vimaranenses, a verdade é que a adaptação do avançado a um universo futebolístico diferente acabaria por não trazer os frutos esperados. Tendo chegado com o rótulo de craque, Nivaldo não conseguiria um rendimento condizente com a sua fama. Preterido por outros colegas da mesma posição, como é exemplo Paulinho Cascavel, a época de 1986/87 transformar-se-ia numa campanha bem discreta para o ponta-de-lança.
No rescaldo desse seu primeiro campeonato em Portugal, Nivaldo acabaria por ser incluído na lista de dispensáveis do Vitória de Guimarães. Posto de parte pelos novos responsáveis técnicos, a solução encontrada para o atleta seria a sua saída para o Varzim. Mantendo-se a disputar o patamar máximo do nosso futebol, o jogador passaria a ser uma das referências do sector mais ofensivo dos da Póvoa. Mesmo não tendo conseguido evitar a despromoção da sua equipa, o avançado manter-se-ia no clube. Já na 2ª divisão nacional, disputaria mais duas temporadas com os “Lobos do Mar”, para, na época de 1990/91, fazer a sua derradeira temporada no nosso país.
Depois dessa passagem pelo União de Leiria, Nivaldo decidiria regressar ao Brasil. Tendo já ultrapassado a barreira dos 30 anos de idade, o avançado fixar-se-ia no Estado de Santa Catarina e acabaria por vestir as camisolas dos dois emblemas mais representativos da cidade de Florianópolis, o Avaí e o Figueirense.

810 - NIVALDO

Já depois de, nas categorias jovens do Sport Recife, ter terminado o seu percurso formativo, Nivaldo juntar-se-ia à equipa sénior do clube. Logo nesse ano de estreia (1977), ele que também tinha conseguido o mesmo título a jogar pelos juniores, sagra-se campeão de Pernambuco. Curiosamente, a temporada seguinte ficaria marcada por uma contenda entre o seu emblema e a Federação Pernambucana de Futebol. O desentendimento, com a recusa da colectividade em participar nos Estaduais, levaria a que vários atletas procurassem outros destinos. Por empréstimo, o jogador acabaria por passar pela Portuguesa dos Desportos e, já depois de resolvida a referida altercação, ainda jogaria pelo Cruzeiro de Belo Horizonte.
Após o regresso ao Sport Recife, onde ainda conquistaria o Estadual de 1980, surge o convite do Vitória de Guimarães. Por intermédio de António Pimenta Machado, primo do, à altura, Presidente Pimenta Machado, Nivaldo acerta tudo com os minhotos. Na “Cidade Berço”, o atleta confirma todas as qualidades que já tinha evidenciado no seu país natal. Já depois de ter sido devolvido à sua posição original, ele que nos seus primeiros anos como profissional seria adaptado a lateral, o médio rapidamente conseguiria um lugar no meio-campo. As suas prestações seriam de tal forma convincentes que, muito para além de tornar-se num dos indiscutíveis no alinhamento inicial, Nivaldo começaria a ser cobiçado por emblemas de outra monta.
Após 4 temporadas no antigo Municipal de Guimarães, e apesar do desejo do Portimonense, o Benfica consegue convencê-lo a mudar-se para a capital. Contudo, e tendo a sua contratação tido o aval de Sven-Göran Eriksson, a saída do técnico sueco para a Fiorentina haveria de causar alguns problemas ao centrocampista – “O Benfica, foi o sonho que virou pesadelo, este enorme clube do futebol mundial, sonhou comigo vários anos, como eu também sonhei, no entanto, o momento que escolhemos para concretizar o casamento, foi o pior possível, neste ano (1984) o clube resolveu trazer a Portugal, o pior treinador que existia em toda Europa. Não vou perder tempo com ele, o nome dele, é Pal Csernai!”*.
A curta passagem pelo Estádio da “Luz”, com o atleta a ser muito pouco utilizado, serviria apenas de interlúdio para um novo capítulo na sua carreira. Já depois de um primeiro “namoro” com os algarvios, a saída do Benfica permitiria ao atleta viajar para Sul. Nessa temporada de 1985/86, e tendo já disputado as provas europeias pelos vimaranenses e “Encarnados”, a presença do Portimonense na Taça UEFA seria bem mais especial. Tendo entrado em campo nas duas partidas frente ao Partizan de Belgrado, Nivaldo acabaria por entrar na história do clube que, na referida campanha, fazia a sua estreia em andanças internacionais.
Em 1991, ao serviço do União de Leiria, o atleta decidiria ser a hora certa para pôr um ponto final no seu percurso como futebolista. Todavia, e após regressar ao Brasil, o antigo “trinco” continuaria ligado à modalidade. Em parceria com a sua esposa, criaria uma empresa dedicada às actividades turísticas. Em paralelo, e credenciado pela FIFA, Nivaldo fundaria uma agência dedicada à representação de novos “craques”.


*retirado da entrevista de Pedro Simões, publicada em http://blogdoportimonense.blogspot.pt, a 17/10/2007

809 - NOGUEIRA

Ainda muito novo chegou a Portugal, vindo da Guiné-Bissau. Tinha, por essa altura, representado os Balantas de Mansoa e o Sport Bissau e Benfica, bem como a selecção do seu país natal. Vinha para mostrar a sua habilidade desportiva e apesar da ilusão de ser contratado por um clube de maior tradição no nosso país, o destino empurrá-lo-ia em direcção aos “regionais”. A sua modéstia fá-lo-ia encarar esse desafio como se num “grande” estivesse a jogar. O resultado dessa sua atitude, lado-a-lado com as suas qualidades futebolísticas, depressa ditaria que o seu lugar estava longe de tão modesto escalão. Rapidamente, o Ala-Arriba tornou-se pequeno demais e bastaria uma temporada para que Nogueira encontrasse nova morada.
Como um avançado rápido e de boa técnica, o União de Coimbra, à altura a disputar a 2ª divisão, decide apostar na sua contratação. Também na “Cidade dos Estudantes”, as suas exibições seriam merecedoras de enorme destaque. Todo o relevo dado, faria com que alguns emblemas de maior monta mostrassem interesse em juntá-lo aos seus plantéis. Falar-se-ia de Boavista e Belenenses, mas a ligação que havia assinado com o clube conimbricense acabaria por atrasar a sua chegada ao maior escalão do futebol português.
A sua estreia na 1ª divisão acabaria por acontecer 4 anos após a sua chegada a Portugal. Com o Gil Vicente, também ele pela primeira vez nessas andanças, a época de 1990/91 correria de feição para o ponta-de-lança. Sob a alçada de Rodolfo Reis, Nogueira acabaria por ser um dos atletas mais chamados a jogo, contribuindo para o 13º lugar e consequente “manutenção” da equipa de Barcelos.
Pior seriam as épocas seguintes. Assolado por graves lesões, o atacante acabaria por perder o protagonismo até aí alcançado. Quase sem jogar, o final da temporada de 1992/93 levaria ao fim da sua ligação com o Gil Vicente. Seguir-se-iam Maia e União de Montemor. Apesar de no clube dos arredores do Porto ter tido uma primeira temporada modesta, as restantes campanhas, ainda que na 2ª divisão “b”, faziam prever um novo salto até aos escalões superiores. Contudo, tal não aconteceria e o avançado acabaria por encontrar nova solução para dar seguimento à sua carreira.
Sem oportunidades em Portugal, é então que chega um convite do Médio Oriente. Da Península Arábica, ainda longe do “El Dorado” dos dias de hoje, surge a proposta do Qatar SC. Pelo emblema por onde já passaram nomes conhecidos do nosso futebol, casos de Caniggia, Akwá, ou Roger, Nogueira estaria ao serviço entre 1996 e 1999. Já o regresso aos nossos campeonatos, mais uma vez vetaria o atleta às divisões secundárias. Por entre diversos clubes, destaque para a sua passagem pelo Nacional da Madeira. Com José Peseiro ao comando dos insulares, o ponta-de-lança seria um dos intérpretes do regresso dos “Alvi-Negros” à 1ª divisão.

Após Trofense, São Vicente e de ter terminado a carreira ao serviço do Seixal, o regresso ao seu país levá-lo-ia a desempenhar novas funções no futebol. Fundou a Associação Academia de Futebol Anopisa & Amigos; foi Agente FIFA; cumpriu funções como Vice-Presidente para Desenvolvimento do Futebol; e, já em 2016, anunciaria a sua candidatura à Presidência da Federação de Futebol da Guiné-Bissau.

808 - NOGUEIRA

Já depois de terminar o seu percurso formativo com a “Cruz de Cristo” ao peito, a impossibilidade de conquistar um lugar no principal plantel do Belenenses, levaria Nogueira a tentar a sua sorte em clubes de menor monta. Essa caminhada, que começaria na 3ª divisão ao serviço do Tires, acabaria por sujeitar o defesa a diferentes experiências nos escalões secundários do nosso futebol. Vialonga, Oriental e Sacavenense seguir-se-iam no seu caminho e prolongariam por vários anos esse seu périplo.
Após meia dúzia de épocas sem nunca conhecer os palcos da 1ª divisão, o Académico de Viseu, recém-promovido ao nosso escalão máximo, decide apostar na sua contratação. No Estádio do Fontelo, e com o avançar da temporada de 1988/89, Nogueira começa a destacar-se pelas suas boas exibições. Apesar de apresentar um físico peculiar para um atleta da sua posição, a sua compleição alta e magra nunca haveria de estorvar a sua competência.
Foi uma nova passagem pela 2ª divisão que precedeu a sua afirmação definitiva como um futebolista primodivisionário. Ora, depois dessa campanha ao serviço do Fafe, seria o Penafiel a apostar no seu concurso. Mais uma vez, e como um dos mais utilizados no plantel duriense, Nogueira seria alvo de todo o tipo de elogios. Quem não ficaria indiferente às suas boas prestações, seriam os responsáveis do Boavista e, por essa razão, decidem avançar para a sua contratação.
Com Manuel José ao comando das “Panteras”, o sistema de 3 centrais imposto pelo treinador favoreceria a integração do defesa. Depressa conseguiria impor-se como um dos membros mais importantes do grupo de trabalho e essa sua rápida evolução acabaria por ter outros reflexos. Nesse sentido, e pouco tempo após a sua chegada ao Estádio do Bessa, Nogueira conseguiria a sua primeira chamada à selecção nacional. Esse particular frente ao Luxemburgo marcaria a primeira de 7 internacionalizações por Portugal. Curiosamente, a sua estreia com a camisola lusa seria brindada por um golo da sua autoria.
Também no que a troféus diz respeito, a sua passagem pelos “Axadrezados” seria generosa. Na temporada de estreia com o emblema portuense, e numa final em que entraria em campo à passagem do minuto 62, Nogueira ajudaria ao triunfo na Taça de Portugal de 1991/92. Logo na época seguinte, seria a vez da Supertaça Cândido de Oliveira. Mais uma vez frente ao FC Porto, o defesa teria um papel decisivo na conquista da referida prova. Jogando em ambas as partidas como titular, o atleta conseguira adicionar mais uma vitória ao seu currículo.
4 épocas a defender as cores do Boavista, aproximariam Nogueira do fim da sua carreira desportiva. Todavia, e tendo essa ligação chegado ao fim, a força que sempre apresentou dentro de campo permitiria ao jogador fazer mais um par de temporadas. No fim das referidas campanhas, o internacional português tomaria a decisão de pôr um ponto final no seu percurso profissional. Seria então com o “terminus” do campeonato de 1996/97, e a envergar a camisola do Vitória de Setúbal, que o central acabaria por “pendurar as chuteiras”.

807 - NOGUEIRA


Feito nas escolas do Atlético, seria no emblema do popular bairro de Alcântara que Nogueira chegaria aos seniores. Na equipa principal, e com a colectividade lisboeta a militar entre os dois primeiros escalões do futebol nacional, a fama do médio foi crescendo.
Depois de meia-dúzia de temporadas de amarelo e azul, e com os da Tapadinha a perderem-se definitivamente nas divisões secundárias, o atleta acabaria por dar continuidade ao seu percurso profissional com as cores de um dos clubes com mais tradição em Portugal. Sendo um centrocampista bastante aguerrido, seria essa sua combatividade que levaria o Sporting de Braga a adquiri-lo para a temporada de 1975/76. Contudo, esse ingresso nos “Guerreiros do Minho” serviria apenas de salto para o Boavista. Ora, já no Bessa, onde passaria as 3 épocas seguintes, as suas exibições levariam a que sua cotação subisse ainda mais. Foi por essa altura que um dos “3 grandes” haveria de tentar a sua contratação – “Ao longo da minha carreira, errei ao assinar contratos longos, de três anos. Quando estava no Boavista, recebi um convite do Sporting. Lesionei-me no joelho e fiz a minha recuperação em Alvalade, com o médico Branco do Amaral. Foi o próprio Sporting que me operou e estava previsto que assinasse pelo Sporting na época seguinte, mas o Valentim Loureiro (presidente do Boavista, na altura) pediu muito dinheiro”*.
Gorada a ida para Alvalade, o destino do atleta levá-lo-ia, na mesma, de volta a Lisboa! Com o Belenenses, e numa altura em que pelo Boavista já tinha vencido 1 Taça de Portugal (1978/79), Nogueira viveria os melhores anos da sua carreira. Resultado desse sucesso, o médio conseguiria a sua primeira, e única, chamada à principal selecção “lusa”. Convocado por Juca, seu antigo treinador nos da “Cruz de Cristo”, Nogueira faria a estreia com a camisola da selecção portuguesa num “particular” frente à Espanha. Nessa partida disputada no Estádio das Antas em Junho de 1981, o jogador acabaria também por contribuir para o resultado final de 2-0 – “Peguei na bola a meio-campo, passei a bola por baixo das pernas do Camacho, à entrada onde área, voltei a pôr a bola por entre as pernas de um adversário e à saída do Arconada, que na altura era o melhor guarda-redes do mundo, meti-lhe a bola também por baixo das pernas!”*.
Apesar de já ter passado a barreira dos 30, os anos em que jogou pelo Belenenses levá-lo-iam, finalmente, a vestir de “verde e branco”. No Sporting faria parte de um trio de centrocampistas composto também por Ademar e Virgílio. A força que os referidos atletas davam ao meio-campo leonino, contribuiria para que os de Alvalade conseguissem conquistar a “dobradinha” de 1981/82. Nogueira venceria mais uma Taça de Portugal e, sendo esse o troféu mais importante da sua carreira, adicionaria ao seu palmarés o título de campeão nacional. Mesmo assim, e sendo um dos homens mais utilizados dessa e da campanha seguinte, a saída de Malcolm Allison acabaria por pôr em causa a sua continuidade no clube – “Já tinha 32 anos, mas na época anterior até tinha sido titular indiscutível e o meu contrato só terminava um ano depois. Mas disseram-me que o António Oliveira não contava comigo. Isto apesar do treinador até ser o Joseph Venglos, só que o Oliveira tinha muito poder… Se calhar, ficou com ciúmes por eu ter sido considerado o melhor médio do campeonato quando fomos campeões e a ele não lhe ter sido entregue qualquer prémio!”*.
O pouco que restaria da sua carreira, passá-la-ia ao serviço do Recreio de Águeda e União de Almeirim. Depois de, ainda com as cores da equipa do distrito de Aveiro, disputar uma última temporada na 1ª divisão (1983/84), Nogueira passaria a militar nos escalões inferiores do nosso futebol. O fim do seu percurso profissional aconteceria no final da campanha de 1987/88 e ao serviço da referida equipa ribatejana. Após “pendurar as chuteiras”, o antigo internacional ainda chegaria a orientar algumas equipas de menor monta. Depois chegaria a trabalhar para o jornal “O Jogo”, onde cumpria as funções de chefe de expedição. Anos mais tarde enveredaria por um caminho completamente diferente, dedicando-se ao comércio de peixe.

 
*retirado de http://atascadocherba.com/, citando artigo publicado no Jornal Sporting a 22/05/2013

806 - SILVINO

Com um grande percurso nas “escolas” do FC Porto, que o levaria a passar por quase todos os escalões de formação, a subida aos seniores ocorreria na temporada de 1984/85. Mesmo sendo um atleta com passagem pela selecção portuguesa de s-18, nem esse estatuto haveria de o favorecer na altura de competir por um lugar à baliza. Com atletas como Zé Beto, Barradas, Borota e Matos à sua frente, a impossibilidade de Silvino conquistar uma oportunidade transformar-se em mais do que uma certeza.
Essa evidência levá-lo-ia, logo na campanha seguinte, a transitar para o Sporting de Espinho. Já nos “Tigres”, o guardião teria a oportunidade de crescer. A sua evolução seria de tal forma clara que, por altura da subida do clube à 1ª divisão (1987/88), Silvino transformar-se-ia num dos mais promissores guarda-redes a actuar no Campeonato Nacional. Prova disso, seria a importância dada pela Federação Portuguesa de Futebol à sua progressão. Nesse sentido, mereceria novas chamadas à equipa de Portugal e, desta feita, para representar os s-21.
Afirmando-se no Sporting de Espinho à frente de nomes bem conceituados do nosso panorama desportivo, como seria o exemplo do experiente Delgado, o atleta conseguiria que o FC Porto voltasse a apostar nele. Todavia, e tal como da sua primeira inclusão no plantel principal “Azul e Branco”, o sucesso desse regresso acabaria por ficar bastante aquém do esperado. Pouco utilizado, Silvino, mais uma vez, terminaria a época na lista de jogadores a serem dispensados. Ainda assim, a sua utilização no empate frente ao Beira-Mar, desafio referente à 34ª jornada do Campeonato, faria com que o guardião conseguisse juntar o seu nome ao rol de campeões nacionais da temporada de 1989/90.
Após mais esta experiência no Estádio das Antas, a entrada nos anos 90 levaria Silvino a dar início a um périplo que, nem sempre, foi o mais proveitoso para o atleta. Vários clubes, constantes mudanças, levariam a que uma das grandes esperanças do nosso futebol começasse, de alguma forma, a esfumar-se. Com passagens, entre os dois principais escalões, por emblemas como Gil Vicente, Belenenses, Famalicão, Desportivo de Chaves ou Vitória de Setúbal, o guarda-redes quase sempre ficaria sujeito a ser uma segunda escolha. As excepções, quase como que a apontar um caminho predestinado, seriam as temporadas que, entre 1991 e 1993, passaria ao serviço do Sporting de Espinho.
O fim da sua carreira como futebolista, numa altura em que já andava afastado dos grandes palcos do futebol português, aconteceria com a viragem do milénio. Após defender as cores do Lusitânia de Lourosa, Silvino decide ser hora certa para “pendurar as luvas”. No entanto, pouco tempo teria para repousar, pois, quase de imediato, receberia um convite do FC Porto para integrar os quadros técnicos do clube. Como treinador de guarda-redes, o antigo internacional luso tem trilhado um caminho respeitado por todos. Para além do seu trabalho com a equipa “B” dos “Dragões, onde permaneceu diversos anos, também já conta com passagens por emblemas como a Académica de Coimbra, Sporting de Braga ou Moreirense.

805 - SILVINO

Nascido na cidade de Setúbal, foi no Vitória local que Silvino deu os primeiros passos. Todavia, e ao contrário de que possam pensar, foi o andebol que apaixonou o jovem desportista! O futebol, a modalidade em que construiria a sua carreira, viria apenas mais tarde.
Apesar desta história curiosa, foi mesmo no “jogo da bola” que Silvino viria a merecer grande destaque. Igualmente produto das “escolas” sadinas, desde muito cedo que conseguiria destacar-se na defesa das balizas do clube. Seria também ao serviço do Vitória de Setúbal que faria a transição para o patamar sénior. A esse nível e apesar de já trabalhar com o plantel há alguns anos, a sua estreia em alta competição, acabaria por acontecer apenas na temporada de 1978/79. Os resultados seriam excelentes e, logo nessa mesma época, o guardião acabaria por ser convocado para os trabalhos da equipa portuguesa s-21.
Mesmo com um começo auspicioso, a verdade é que a experiência de Jorge Amaral, seu colega de balneário, acabaria por destroná-lo da titularidade. Esse facto haveria de pesar na sua decisão de mudar de clube e, para a temporada de 1982/83, o atleta passa a apresentar-se com as cores do Vitória de Guimarães. Já no Minho, onde trabalharia sob a alçada de Manuel José e Hermann Stessl, Silvino voltaria a afirmar-se como uma das grandes esperanças do futebol português. O seu potencial, logo na época da chegada, ficaria sublinhado com a convocatória para a principal selecção nacional e a estreia num particular frente à Hungria.
É já com o estatuto de internacional que Silvino é transferido para o Benfica. Passadas 2 épocas após a sua chegada a Guimarães, o emblema da “Luz”, com o intuito de ir preparando a sucessão de Manuel Bento, decide apostar na sua contratação. Com tal lenda na baliza das “Águias”, a conquista de um lugar no “onze” foi sendo adiada. Sem grandes oportunidades, o jogador acabaria por ser cedido. Contudo, e no fim desse empréstimo ao Desportivo das Aves, o lugar finalmente seria seu.
No rescaldo do Mundial de 1986, onde Bento sofreria uma grave lesão, Silvino consegue afirmar-se nos “Encarnados”. Daí em diante, torna-se num dos incontestáveis no alinhamento benfiquista e, mais uma vez, passa a ser um dos nomes presentes nas chamadas à selecção. No clube, os títulos começam a suceder-se e a disputa das competições europeias permitem a sua presença em 2 finais da Taça dos Campeões Europeus (1988; 1990). No cômputo dessas 9 campanhas pelas “Águias”, o resultado para o seu palmarés seriam a conquista de 4 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal e 1 Supertaça.
Mesmo sendo um dos elementos mais importantes no plantel, o regresso de Neno em 1990, leva a que a sua hegemonia comece a ser disputada. Alternando a titularidade com o seu colega de equipa, só a chegada do treinador Artur Jorge e a contratação de Michel Preud’Homme põe um ponto final na ligação entre o Benfica e Silvino. Ainda assim, a sua carreira estava longe de terminar e, com 35 anos de idade, volta a assinar contrato pelo Vitória de Setúbal. Todavia, esse regresso à cidade do Sado, serviria apenas de ponte para o seu ingresso noutro dos “3 grandes”. O FC Porto, a partir da época de 1995/96, transformar-se-ia na sua nova casa. O melhor, no entanto, estava ainda para vir. Após vencer mais 2 Campeonatos e 1 Supertaça pelos “Azuis e Brancos”, a sua transferência para o Salgueiros permitir-lhe-ia novas chamadas à “Equipa das Quinas”. Resultado de uma série de lesões, Silvino, ironicamente, é chamado pelo treinador que o havia dispensado do Benfica. Ora, é sob a orientação de Artur Jorge que o guardião participa em 2 partidas da fase de qualificação para o Mundial de 1998, tornando-se no segundo atleta do emblema de Paranhos a envergar as "quinas".
Já depois de em Vidal Pinheiro ter “pendurado as luvas”, a sua ligação ao futebol manter-se-ia. Como treinador de guarda-redes começaria a trabalhar, em simultâneo, com a Federação Portuguesa de Futebol e no FC Porto. Com a chegada de José Mourinho aos “Dragões”, Silvino tornar-se-ia num dos seus fiéis escudeiros. Acompanhando o técnico português, o antigo internacional luso tem representado os melhores emblemas mundiais e ajudado a evoluir muitos daqueles que são tidos como os melhores a defender as balizas. Os casos de Petr Cech, Júlio César e Iker Casillas são bem o exemplo do seu excelente trabalho. Hoje em dia (2016/17), e desde o regresso a Inglaterra, Silvino é “Assistent Manager” do “Special One”, no Manchester United.

HOMÓNIMOS, parte II

Com ou sem apelidos para acrescentar, com ou sem "I" ou "II" sucedendo-se à designação própria, no "Cromo sem caderneta" saberemos sempre distinguir todos os futebolistas que por aqui forem colados. Por isso, durante Setembro, e dando continuidade ao tema já abordado, daremos atenção aos craques que partilham o mesmo nome, num mês dedicado aos "Homónimos".