803 - NELO


Produto das escolas “axadrezadas”, Nelo, durante os primeiros anos como profissional, cumpriria o tão habitual périplo de empréstimos. Tendo, durante esse período, sido cedido a Felgueiras e, em por duas ocasiões diferentes, também ao Farense, a experiência ganha durante essas épocas iniciais permitiriam ao atleta conquistar o seu lugar no plantel do Boavista.
O seu regresso em definitivo aconteceria na temporada de 1990/91. À altura com 23 anos, o traquejo que já tinha, acrescido à chamada à selecção s-21, dar-lhe-ia a oportunidade de conseguir afirmar-se como um dos titulares. Preferencialmente pela esquerda, podendo actuar no meio-campo ou mais recuado, Nelo tornar-se-ia num dos homens mais importantes da manobra boavisteira. O seu sucesso seria de tal ordem que, poucos meses cumpridos após a sua reintegração no clube, da principal “equipa das quinas” receberia a primeira internacionalização. Nas Antas, numa partida frente à Holanda, o jogador passaria a fazer parte das contas do apuramento para o Euro 92. Todavia, e tendo participado noutras qualificações, ao atleta faltaria uma presença numa fase final de uma grande competição. Como que a compensar essa “falha”, destaque para a sua presença no Torneio Skydome de 1995, onde, na condição de “capitão”, ergueria o troféu organizado no Canadá.
Regressando ao Boavista, e numa altura em que o emblema sediado na cidade do Porto já estava a ser orientado por Manuel José, Nelo faria parte de um dos períodos áureos da história do clube. Batendo-se em todas as provas pelos lugares cimeiros, as “Panteras”, muito para além de afrontaram a hegemonia dos “3 grandes”, acabariam por vencer algumas competições. Tendo Nelo como um dos pilares dessas conquistas, o Boavista, sob a alçada do referido treinador, haveria de sair vitorioso numa Taça de Portugal (1991/92) e numa Supertaça (1992/93).
Claro está, também as competições europeias, resultado das boas classificações obtidas no Campeonato Nacional, fizeram parte do percurso de Nelo. Temporadas como a de 1993/94, na qual o Boavista conseguiria atingir os quartos-de-final da Taça UEFA, contribuiriam muito para exponenciar o seu valor. Neste sentido, nada teve de estranho o aparecimento de interessados na sua contratação. Quem acabaria por ganhar essa corrida, seria o Benfica. No entanto, a sua ida para a “Luz” acabaria por ser pouco positiva. Tendo a transferência ocorrido no início de uma fase conturbada para o clube lisboeta, a sua passagem pelas “Águias” não mostraria um jogador em posse de todas as suas capacidades. Provavelmente, e como o próprio viria a afirmar, alguns problemas familiares acabariam por prejudicar essa “aventura” – "Artur Jorge queria que continuássemos, mas a minha mulher não se adaptou a Lisboa, as minhas filhas choravam e a minha cabeça já não estava lá"*. No final, sobraria a experiência vivida na “Champions” de 1994/95, onde os “Encarnados” cairiam apenas aos pés do poderoso Milan.
O regresso ao Boavista acabaria por ficar marcado por dois acontecimentos de distinta importância. Primeiro, a vitória na Taça de Portugal de 1996/97. Já o segundo momento, logo a seguir à conquista da “Prova Rainha”, seria o fim da ligação com o clube. Com 30 anos de idade, ainda prosseguiria a sua actividade profissional na 1ª divisão. Contudo, e após esses 2 anos com o Rio Ave, o seu percurso conheceria uma realidade bem diferente da vivida até então e Nelo passaria a disputar os escalões inferiores do nosso futebol.
Tendo, durante essa derradeira fase do seu trajecto como futebolista, representado diversos emblemas, o jogador estenderia a sua carreira ainda durante vários anos. Com os 40 bem à vista, e ao serviço do Tirsense, Nelo decidiria ser a altura certa para “pendurar as chuteiras”. Desde a sua retirada dos relvados, o antigo internacional luso tem tido diversas experiências como treinador. Nessa nova caminhada, destaque para o seu trabalho no Boavista, onde é um dos responsáveis pelo trabalho com os craques das camadas jovens.

*retirado do artigo de Rui Frias, publicado em http://www.dn.pt, a 20/03/2016

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