788 - LÉO

Saído das escolas do Americano, emblema de Campos dos Goytacazes, o início do seu percurso profissional haveria de ser algo agitado. Em constantes mudanças, Léo, nos primeiros anos da sua carreira, passaria por diferentes emblemas. Depois de ter merecido algum destaque na colectividade que o tinha formado, o União de São João decide então contratá-lo. Igual sucesso teria no seu novo clube e, nem a estreia no principal escalão do “Brasileirão”, atrapalharia a sua evolução.
O único revés nessas temporadas iniciais, aconteceria na ida para o Palmeiras. Sem que Luiz Felipe Scolari concedesse grandes oportunidades ao atleta, os poucos meses passados no Palestra Italia tornar-se-iam num pequeno desaire. Contudo, e como diz o povo, “depois da tempestade vem a bonança”. Ora, a sua transferência para o Santos provaria isso mesmo. Sendo um atleta que, apesar da baixa estatura, nunca soube virar as costas à luta, Léo conseguiria conquistar os responsáveis técnicos do clube de São Paulo. Na Vila Belmiro, as boas exibições levá-lo-iam a merecer a chamada ao “Escrete”. Com a principal selecção “canarinha”, o lateral-esquerdo participaria na Taça das Confederações de 2001. Todavia, a melhor participação no dito certame, estaria reservada para a edição de 2005. Numa equipa recheada de estrelas, onde estava incluído o benfiquista Luisão, o defesa daria a sua contribuição para a vitória do Brasil.
Voltando ao clube, também ao serviço Santos conseguiria o seu quinhão de conquistas. É certo que a primeira passagem não seria tão prolífera quanto a segunda. Ainda assim, e sendo um dos atletas mais utilizados no plantel, as temporadas que se seguiriam à sua chegada em 2000, dariam ao atleta 2 vitórias no “Brasileirão” (2002; 2004). Mas, muito mais do que qualquer título conquistado, aquilo que maior destaque merecia era a “raça” que Léo mostrava dentro de campo. Mesmo sendo um defesa seguro, também no auxílio ao ataque o lateral era bastante eficaz. Esses predicados fariam com que o Benfica, para a temporada de 2005/06, decidisse apostar na sua contratação. Apesar dos 30 anos de idade, as qualidades técnicas e a disponibilidade que sempre mostrou, permitiriam que a sua adaptação ao futebol europeu acontecesse com facilidade. Esse facto faria com que, logo à sua chegada, conseguisse conquistar um lugar no “onze” inicial. Nas 4 épocas que se seguiriam, o atleta venceria 1 Taça da Liga e 1 Supertaça. Contudo, a sua maior vitória seria a conquista do coração dos adeptos. Aliás, e como as suas palavras o comprovam, a paixão sempre foi reciproca – "Foram tempos muito bonitos. Identifiquei-me muito com o clube e com os adeptos. Eles sempre me trataram como se estivesse em casa. Estive aí em agosto e foi bonito de ver que fiquei na história do clube, não esperava ver-me nesse museu tão lindo. O Benfica fez sentir-me que fui especial para todos"*.
A sua saída do Benfica aconteceria na época de Quique Flores. O regresso ao Santos em 2009, haveria de dar ao atleta a oportunidade de conquistar alguns dos maiores títulos da sua carreira. Já numa fase descendente do seu percurso como futebolista, conseguiria, ainda assim, ser de extrema importância para os seus colegas. Ao lado de craques como Elano, Ganso ou Neymar, Léo ajudaria o “Peixe” a conquistar 3 “estaduais” paulistas, 1 Copa do Brasil, a Copa dos Libertadores de 2011 e, no ano seguine, a Recopa Sudamericana. Esta última fase da sua carreira acabaria também por contribuir para outros recordes. Léo tornar-se-ia num dos atletas com mais jogos feitos pelo emblema “alvi-negro” e, na era pós-Pelé, no jogador com mais títulos ganhos pelo clube. Ora, esta ligação seria celebrada em conjunto com outra data histórica. Por altura dos 100 anos da Vila Belmiro, Santos e Benfica juntar-se-iam num amigável e, desse modo, fariam uma homenagem ao defesa.

 
*retirado do artigo de Gonçalo Lopes, publicado em http://www.dn.pt, a 08/10/2016

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