761 - LIMA PEREIRA


Conta-se que, tendo ido observar outro atleta do Varzim, José Maria Pedroto acabaria por ficar impressionado com o desempenho de Lima Pereira. Curiosamente, o perfil do jogador nem era o do típico reforço de um “grande”. Já com 26 anos, sem ser um dos indiscutíveis da equipa poveira e com 2 temporadas apenas no nosso maior escalão, o interesse no central terá, por certo, surpreendido muita gente.
Ainda assim, a transferência do defesa acabaria por concretizar-se no Verão de 1978. Como esperado, à sua chegada às Antas o jogador teria algumas dificuldades em adaptar-se. Naquelas que foram as suas primeiras temporadas de “Azul e Branco”, Lima Pereira poucas oportunidades teria. Tapado pela dupla Simões e Freitas, dizia-se que Pedroto ainda andava a moldá-lo às responsabilidades de titular.
 A sua chance surgiria na temporada de 1980/81. Com a chegada do austríaco Hermann Stessl, o atleta começa a ganhar maior importância no escalonamento da equipa. Alto e esguio, era a sua assertividade que, no entanto, merecia maior destaque. Essa característica, ao longo do seu percurso profissional, seria muito louvada. Aliás, a objectividade do seu jogo acabaria por ser responsável pela sua importância no seio do plantel e base dos sucessos que estavam para vir.
Em 1983/84, o FC Porto chega à primeira final europeia. Em Basileia, os “Dragões” tinham pela frente uma Juventus com Boniek, Rossi e Platini e orientada por Trapattoni. Lima Pereira, numa dupla com Eurico, seria chamado ao “onze” inicial pelo técnico António Morais. No entanto, e apesar do bom desempenho da sua equipa, o atleta veria a Taça dos Vencedores das Taças fugir para Itália.
Ainda nesse ano, o defesa é convocado para disputar o Euro 84. Ele que, 3 anos antes, tinha feito a estreia pela selecção nacional, via naquele certame mais uma oportunidade para ganhar um troféu internacional. O pior é que a “Equipa das Quinas” cairia frente a congénere gaulesa. Contudo, e no contexto estritamente pessoal, o torneio correria de feição para o jogador. Chamado a disputar todos os encontros, Lima Pereira acabaria por ser um dos esteios da caminhada de Portugal até às meias-finais.
Seria já em 1987 que, finalmente, conseguiria a merecida consagração internacional. Com o FC Porto a disputar a Taça dos Campeões Europeus, o central chegaria a participar nas duas partidas das meias-finais. No entanto, uma lesão afastá-lo-ia da final jogada no Estádio do Prater, em Viena. Ainda assim, e apesar deste revés, os “Dragões” derrotariam o Bayern de Munique e Lima Pereira comemoraria a conquista da importante competição.
No ano seguinte chegariam mais vitórias. Desta feita com a Supertaça Europeia e Taça Intercontinental em questão, Lima Pereira conseguiria ser sempre titular. Mais uma vez, a equipa da “Invicta” não deixa fugir a oportunidade de engrossar o seu palmarés. Respectivamente, frente ao Ajax e ao Peñarol, os dois troféus seriam levantados pelos portistas.
Nisto de troféus, o percurso do central não se esgotou nas vitórias já acima referidas. Em termos de títulos, o jogador haveria de contar com: 4 Campeonatos (1978/79; 1984/85; 1985/86; 1987/88), 2 Taças de Portugal (1983/84; 1987/88) e 4 Supertaças (1981/82; 1983/84; 1984/85; 1985/86). Contudo, e tendo em conta toda a importância destas 13 conquistas, houve duas que tiveram uma particularidade especial. Tanto na Taça de Portugal de 1987/88, tal como na Supertaça de 1983/84, por razão de envergar a braçadeira de capitão, seria Lima Pereira a ter o privilégio de levantar os respectivos troféus.
Foi em 1989 que a sua ligação com o FC Porto chegou ao fim. À altura já com 37 anos, foram muitos os que vaticinaram o fim da sua carreira. Ainda assim, o futebolista achou que ainda não era sua hora e ao aceitar o convite do Maia, perlongaria a sua carreira por mais duas temporadas.

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