757 - MELO

Com grande parte da sua formação feita no Benfica, o jovem guardião chegaria à equipa principal numa altura em que já andava a ser procurado um substituto para o mítico Costa Pereira. Nessa sucessão, para fazer frente aos concorrentes Pedro Benje e Nascimento, João Melo tinha a seu favor as habituais presenças nas selecções jovens de Portugal. Pela equipa nacional já tinha sido chamado ao Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Nessa edição de 1961, disputada no nosso país, não conseguiria mais do que ser o suplente de Rui. No entanto, já no ano seguinte, Melo seria o titular da baliza lusa. É certo que o conjunto português não conseguiria repetir a vitória na competição. Já o atleta acabaria eleito como o melhor guarda-redes do certame.
Voltando à temporada de 1964/65, a da sua promoção à categoria principal, poucas seriam as oportunidades para Melo poder jogar. Elek Schwartz chamá-lo-ia pela primeira vez para um jogo da Taça de Portugal, frente ao Atlético. Já no Campeonato, a sua estreia ficaria adiada até à última jornada. Tendo entrado ao intervalo, essa partida frente ao Vitória de Guimarães dar-lhe-ia o direito a figurar na lista de atletas campeões nacionais.
Esse mesmo título voltaria a aparecer no seu currículo em 1966/67. Todavia, aquela que, para si, seria a temporada mais frutífera, acabaria por acontecer entre as duas conquistas já referidas. Em 1965/66 Melo perfilava-se como o natural protector das redes “encarnadas”. À 4ª ronda, depois de uma derrota (2-0) no Estádio das Antas, Bela Guttmann aponta-o para substituir Costa Pereira. Melo manter-se-ia no lugar durante as 6 jornadas seguintes. Só que, a meio dessa caminhada, o Benfica sofre novo desaire. Em mais um clássico, desta feita frente ao Sporting, o conjunto da Luz volta a perder (2-4). Os 4 golos sofridos, todos concretizados por Lourenço, levantariam um coro de protestos contra a escolha de Melo para o alinhamento inicial. No rescaldo do desafio, o técnico húngaro, durante mais alguns jogos, ainda consegue segurá-lo no “onze”. Ainda assim, o destino do jovem futebolista parecia traçado e poucas mais chances teria.
Já depois de, no Verão de 1967, ter chegado ao fim a sua ligação com as “Águias”, Melo segue para Norte e ingressa no Salgueiros. Na 2ª divisão dá novo impulso à carreira e desperta a atenção daquele que, durante o seu trajecto profissional, viria a ser o emblema mais representativo. Na Académica, dividas em duas fases, o guardião passaria 7 temporadas. Como um dos principais esteios da equipa, Melo ajudaria a “Briosa” a boas classificações. Já depois de no Benfica ter feito a estreia nas provas europeias, também pelo conjunto de Coimbra ajudaria à qualificação para as competições internacionais.
Após cumprir a primeira passagem pelos “Estudantes”, Melo começa um périplo que o leva a envergar a camisola de diversos clubes. Excepção feita à temporada passada no Famalicão (1978/79), o dito período seria feito nos escalões secundários. Também o final da sua carreira seria caracterizado pela errância. Tendo “pendurado as luvas” somente em meados da década de 80, a sua longa carreira terminaria ao serviço do Viseu e Benfica.

756 - OVERATH

Apesar de reconhecido pela sua carreira ao serviço do FC Köln, foi no SSV Siegburg 04 que Wolfgang Overath fez toda a sua formação. Ainda a jogar pelo emblema da sua terra natal, o médio seria chamado às jovens selecções da Alemanha Ocidental e, nesses escalões, começaria a competir nos principais certames futebolísticos. Nessa condição, já em 1961, o atleta marcaria presença em Portugal. Pela equipa germânica disputaria o Torneio Internacional de Juniores da UEFA e ajudaria à conquista do 3º lugar do pódio.
Foi em 1962 que mudou de emblema. Estrela em ascensão, esse seu estatuto era grande demais para o manter em tão modesta colectividade. A transferência para um emblema de outra monta estava iminente e a equipa que conseguiria atrair o jovem jogador, talvez pelo título nacional recentemente conquistado, acabaria por ser o FC Köln.
Apesar de ser tido como uma grande promessa, a sua estreia na principal categoria dos “Die Geißböcke” apenas aconteceria no ano a seguir à sua chegada. Logo no começo dessa época de 1963/64, Overath, dando continuidade a um longo percurso, também receberia a sua primeira internacionalização pela selecção “A”. Aliás, não seria apenas a partida frente à Turquia que marcaria essa sua temporada. No final da mesma, o FC Köln sagrar-se-ia vencedor da recém-criada “Bundesliga”. Para o centrocampista, o troféu representaria mais um momento de glória na sua carreira.
Com as cores do clube, Overath preencheria o seu currículo com mais 2 Taças da Alemanha. No entanto, seria com a camisola da “Mannschaft” que o médio viveria os melhores momentos como profissional. A convocatória para a edição de 1966, seria o primeiro dos 3 Campeonatos do Mundo em que participaria. Em Inglaterra jogaria a final, perdida para a equipa da casa. Já no México, quatro anos passados, marcaria o golo que daria o 3º lugar ao seu país. Finalmente, e a jogar no seu país, Overath seria um dos esteios do meio campo alemão. Mais uma vez, marcaria presença na derradeira partida do torneio. No entanto, e ao invés da primeira final, a Alemanha venceria a famosa “Laranja Mecânica” (Holanda) e sagrar-se-ia campeã do Mundo.
Ainda assim, e apesar deste trajecto aparentemente imaculado, Overath haveria de sofrer um grande desgosto. Estando lesionado, acabaria por ficar de fora da convocatória para a fase final do Euro 72. Este forçado afastamento, faria com que o médio não pudesse inscrever o seu nome na equipa que ergueria o almejado troféu.
Já sua ligação com o FC Köln manter-se-ia ininterrupta até ao fim do seu percurso como futebolista. Em 2004, já depois de em 1977 ter pendurado as chuteiras, Wolfgang Overath regressa à linha da frente do emblema da Renânia do Norte-Vestefália. Desta feita longe dos relvados, o antigo internacional candidata-se à Presidência do clube. Vence as eleições e mantem-se no cargo até Novembro de 2011.

755 - RUI

Com o percurso na formação dividido entre GD Mealhada, Belenenses e FC Porto, foi a chegada às Antas que impulsionaria a sua carreira. Ainda como júnior dos “Dragões”, o guarda-redes começou a ser chamado às camadas jovens da selecção nacional. Nesse contexto, seria convocado a disputar o Torneio Internacional de Juniores da UEFA, em 1960. A “Equipa das Quinas” ficaria em 3º lugar. Contudo, esse primeiro passo serviria de empurrão para o que viria a acontecer no ano seguinte. Com o certame a ser organizado por Portugal, e com Rui como titular absoluto, os jovens “lusos” conseguiriam a proeza de vencer o título europeu.
Tal vitória, levá-lo-ia a conquistar um lugar no plantel principal “Azul e Branco”. Apesar do merecido destaque, a concorrência para a posição de guarda-redes era enorme. Por altura da sua promoção, em 1961/62, o dono da baliza portista era Américo. Logicamente, as oportunidades para o jovem Rui Teixeira não seriam muitas. Ainda assim, já por altura da sua 4ª temporada como sénior, Otto Glória começa a apostar nele. Infelizmente, o risco assumido pelo treinador brasileiro não teria continuidade. Com a saída do técnico para o Sporting, Rui regressa à condição de suplente.
Com o seu estatuto a manter-se inalterado, surgem os rumores da sua partida para o Benfica. Tal transferência acabaria por nunca acontecer e Rui continuaria a ser presença habitual no banco do FC Porto. Nova excepção aconteceria já passados alguns anos. Com o começo da década de 70, o guardião parece, finalmente, conquistar o seu lugar. Entre as épocas de 1970/71 e 1972/73, é o seu nome que mais vezes aparece na ficha de jogo.
Como se um estigma fosse, Rui, desta feita em favor de Tibi, volta a ser preterido. Epítetos como os de “Eterno Suplente”, começam a sublinhar aquilo que seria a sua carreira. A preferência que sempre deu aos “Azuis e Brancos”, faria com que o seu percurso profissional fosse mais discreto do que inicialmente era profetizado. Essa sua devoção pelo clube, que ficaria materializada em 18 temporadas de “Dragão” ao peito, torná-lo-iam num dos históricos do emblema portuense.
Também participaria naquela que foi a mudança de paradigma do FC Porto. Já com José Maria Pedroto como técnico, os troféus começaram a preencher o percurso do atleta. Rui, que já tinha no seu currículo 2 Taças de Portugal (1967/68; 1976/77), ainda faria parte do grupo que, em 1979, comemoraria a conquista do bi-campeonato. Aliás, essa seria a sua derradeira temporada como futebolista. No entanto, a sua proximidade ao clube manter-se-ia. Recentemente, voltou a fazer parte das equipas técnicas do FC Porto, estando, esta temporada (2016/17), a trabalhar com as camadas jovens e com a equipa “b”.

754 - FRANCIS LEE

Durante grande parte da adolescência, dividiria a sua paixão pelo desporto entre o futebol e o cricket. Com o avançar dos anos, preferiu a bola maior e dedicou-se a uma carreira que viria a revelar-se de grande sucesso.
Ainda nos tempos do Bolton Wanderers, o seu primeiro clube profissional, Francis Lee vê-se integrado na comitiva inglesa que, em Portugal, jogaria o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Após o certame, disputado na Primavera de 1961, o jovem atacante regressa ao emblema da Grande Manchester. Estando o clube no escalão maior do futebol britânico, Lee encontrava-se no melhor contexto para o evoluir das suas habilidades. No entanto, o Bolton, que por norma lutava pela manutenção, acabaria mesmo por descer de patamar.
 Arrastado na despromoção, o avançado acabaria afastado dos grandes palcos. Ainda assim, o seu futebol continuava a surpreender. Não sendo um típico ponta-de-lança, o seu jogo, mais movimentado, levava-o a conduzir muitas das avançadas. Na verdade, era com a bola nos pés que Francis Lee conseguia destacar-se. Essa sua característica haveria de impressionar os responsáveis de outro histórico das ligas inglesas. O Manchester City acabaria por resgatá-lo do 2º escalão e, a troco daquela que seria a transferência recorde para o clube, o atleta estava de volta às grandes disputas.
Curiosamente, logo no ano de estreia pelos “Cityzens” (1967/68), o clube vence o primeiro campeonato desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Esse facto, como que catapultaria Francis Lee para os títulos. Logo na temporada seguinte, o seu percurso fica mais rico com as conquistas do “Charity Shield” e “FA Cup”. A vitória na Taça de Inglaterra dá ao conjunto a qualificação para a Taça dos Vencedores das Taças. Na edição de 1969/70 o Manchester City, já depois de eliminar a Académica de Coimbra nos quartos-de-final, chega ao derradeiro encontro da competição. Na final, frente aos polacos do Górnik Zabrze, Francis Lee marca um dos golos e ajuda o seu clube a conquistar o troféu.
Esse ano de 1970 haveria de tornar-se especial. Já depois do sucesso nas competições europeias, o seu nome faria parte do conjunto que, orientado pelo mítico Alf Ramsey, estaria presente no Mundial de 1970. Francis Lee, que pela principal selecção inglesa tinha feito a estreia em Dezembro de 1968, era, por essa altura, um dos nomes mais importantes na equipa nacional. No Campeonato do Mundo disputado no México, a Inglaterra, que defendia o título, acabaria por não conseguir passar dos quartos-de-final.  Ainda assim, o estatuto de Francis Lee não sairia beliscado e continuaria a representar o seu país durantes os anos vindouros.
No limiar do seu percurso profissional, e já depois de conseguir sagrar-se o melhor marcador da Liga (1971/72), Francis Lee muda-se para o Derby County. Nos “The Rams”, no ano da sua chegada, volta a vencer a “First Division”. A glória prolongar-se-ia por mais um ano e, no final da temporada de 1975/76, o avançado decide pôr um ponto final na sua carreira.
A despedida dos relvados não o afastaria do desporto. Em 1977 tem nova passagem pelos campos de cricket e, anos mais tarde, entra no mundo das corridas de cavalos. No entanto, o seu regresso ao futebol causaria ainda maior sensação. Em meados da década de 90, com o dinheiro e prática acumulados no negócio do papel higiénico, Francis Lee compra parte do Manchester City. Torna-se Presidente do clube. Contudo, a experiência não correria de feição e, após acumular alguns desaires desportivos, o antigo futebolista decide deixar a sua posição na direcção.

753 - PERES

Nascido entre adeptos do Belenenses, seria no emblema da “Cruz de Cristo” que Fernando Peres faria toda a formação. Em 1961, já com os 18 anos feitos, é chamado a disputar o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Tendo jogado 3 partidas, inclusive a da final, o jovem atleta ajudaria Portugal a conquistar o seu primeiro troféu de selecções.
Este feito também ajudaria a sua afirmação no Belenenses. Passadas algumas semanas sobre o certame organizado no nosso país, o extremo-esquerdo seria chamado pelo argentino Enrique Vega, à categoria principal. Com os do Restelo, Fernando Peres começaria a ganhar a fama de futebolista habilidoso. Com uma boa visão de jogo e excelente em termos técnicos, a ajuda que dava à sua equipa era muito importante. Já depois da chegada de Fernando Vaz ao comando dos “Azuis”, a sua relevância cresceria. Tanto a nível nacional, como nas provas europeias, Peres tornar-se-ia numa das maiores estrelas do conjunto lisboeta.
Após a sua estreia pela principal selecção portuguesa, o “namoro” com os “grandes” começa a aumentar de tom. É então que chega a altura de deixar o Restelo, em direcção a outro emblema da capital. Já no Sporting, na temporada de 1965/66, a sua chegada coincidiria com mais um título para os “Leões”. Nessa conquista do Campeonato Nacional, Fernando Peres acabaria por ser fulcral. Ainda que contratado nessa época, as suas capacidades levá-lo-iam, de imediato, a conquistar um lugar no “onze”. A titularidade faria com que a sua cotação aumentasse ainda mais e, mesmo sem ter participado na qualificação, o seleccionador Manuel da Luz Afonso chamá-lo-ia a disputar o Mundial de 1966.
Sem nunca ter jogado no torneio disputado em Inglaterra, Fernando Peres teceria duras críticas aos responsáveis da selecção. Aliás, sendo dono de uma personalidade bem vincada, polémicas como esta suceder-se-iam durante o seu percurso desportivo. Passados alguns anos após o referido incidente, o jogador ver-se-ia envolvido noutra controvérsia. Desta feita, com a ligação ao Sporting prestes a terminar, o atleta exige uma melhoria no contrato. Recusadas as suas pretensões, os dirigentes do Sporting valem-se da infame “Lei da Opção”. A tal regra ditava que, independentemente da vontade do atleta em renovar, o clube podia impedi-lo de jogar com outra camisola. Poucos teriam outra escolha, mas Peres, que não tinha abandonado os estudos, acabaria por encontrar uma solução. Servindo-se da Lei Estudantil, que permitia aos jogadores- estudantes irem para a Académica, Peres muda-se para Coimbra.
Um ano com as cores da “Briosa” seriam suficientes para fazer “estalar o verniz”. Acusando os dirigentes do clube de não cumprirem o contrato assinado, Peres força a saída. A separação empurra o atleta, novamente, na direcção de Lisboa e do “verde e branco”. Tendo o Sporting contratado Fernando Vaz, aquele que foi o seu treinador predilecto acabaria por ajudar ao seu regresso. Mais uma vez, a sua chegada a Alvalade traz um Campeonato Nacional. Já na época seguinte, é vez de conquistar a sua primeira Taça de Portugal. Essa edição de 1970/71 ficaria ainda marcada pela goleada recorde na prova, onde, nos 21-0 frente ao Mindelense, Peres marcaria 7 golos.
Após ter jogado a Mini-Copa de 1972, torneio organizado pelo Brasil para comemorar os 150 anos da independência, mais uma polémica emergiria. Copiando o episódio passado uns anos antes, a direcção do Sporting recusa, nos termos que este pedia, renovar o seu contrato. Tendo sido ameaçado que se não assinasse nova ligação, não teria permissão para jogar em mais lado nenhum, Fernando Peres prefere a segunda opção. Impedido de prosseguir a carreira, o internacional “luso” viaja até ao Canadá, onde joga futebol de salão. Depois dessa experiência, volta a Portugal e, no Peniche, dá os primeiros passos como treinador.
Com o 25 de Abril de 1974 a “Lei de Opção” é posta de parte. Esta medida faria com que Fernando Peres decidisse voltar à competição. Desta feita vai até à América do Sul e, ao serviço do Vasco da Gama, torna-se no primeiro e, até aos dias de hoje, no único atleta português a sagar-se campeão nacional naquele país.
No Brasil ainda representaria mais dois clubes. Já depois de uma curta passagem pelo FC Porto, o atleta volta a atravessar o Atlântico. Queria, na verdade, voltar ao emblema da “Cruz de Malta”, mas o presidente do Vasco da Gama, decepcionado pela sua recusa em prolongar aquele que tinha sido o seu primeiro contrato, negar-lhe-ia essa pretensão. Acaba por vestir as cores do Sport Recife e, nos 3 anos que aí passou, ajudaria o emblema a conquistar o “estadual” de Pernambuco.
Após, ainda no Brasil, ter terminado a sua carreira ao serviço do Treze de Campina Grande, Peres decide voltar às tarefas de treinador. Nessas funções teria um percurso discreto, destacando-se as suas passagens pela 1ª divisão, à frente dos destinos de União de Leiria e Vitória de Guimarães.

752 - JOHN JACKSON

Mesmo pertencendo às escolas dos Crystal Palace, clube que, no começo dos anos 60, militava nos patamares inferiores do futebol profissional inglês, John Jackson chamaria a si muita atenção. Com qualidades inegáveis, onde o jogo aéreo era uma das suas melhores características, o atleta começaria a ser chamado para as selecções jovens do seu país.
É nessa condição que, em 1961, disputaria o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Depois de participar no certame organizado em Portugal, o guardião volta às tarefas no seu clube. Com o emblema londrino, já depois de ter atingido a idade sénior, a sua afirmação ainda demoraria alguns anos. Só a partir da temporada de 1964/65, com a partida de Bill Glazier, é que começaram a surgir as primeiras oportunidades.
Não tardou muito que, daí em diante, John Jackson passasse a ser o dono das balizas do Crystal Palace. A consistência das suas exibições era tal que, durante 222 partidas consecutivas, o seu nome estaria sempre presente na ficha de jogo. Como titular indiscutível, o guardião haveria de estar na base da chegada do clube ao patamar máximo do futebol inglês.
Sendo a promoção ao segundo escalão referente à época de 1963/64, seria no Verão de 1968 que, pela primeira vez, o clube do Sul de Londres começaria uma temporada a disputar a “First Division”. Nos palcos maiores do desporto britânico, os “Eagles” manter-se-iam até ao final de 1972/73. Orientado pelo nosso conhecido Malcolm Allison, o Crystal Palace seria despromovido. Com a descida de divisão, muitos dos atletas deixariam o clube e John Jackson seria um dos que procuraria nova morada.
Curiosamente, a sua mudança para o Leyton Orient também o afastaria da “First Division”. A esse escalão só voltaria muitos anos depois e ao serviço do Ipswich Town. Com tudo isso, e já na segunda metade dos anos 70, a sua carreira levá-lo-ia a atravessar o oceano. Do outro lado do Atlântico, numa altura em que muitos jogadores europeus iam atrás dos dólares da “North American Soccer League”, John Jackson também apostaria nessa aventura.
St. Louis Stars e California Surf foram os emblemas que, nos Estados Unidos da América, fariam o percurso do guarda-redes. Já o seu regresso a Inglaterra levá-lo-ia ao Millwall. No entanto, seria o seu, já aqui referido, ingresso no Ipswich Town que o levaria, mais uma vez, a merecer grandes elogios. Em 1981/82, com o clube de Suffolk a disputar os lugares cimeiros da tabela classificativa, John Jackson seria chamado para defender as redes frente ao Manchester United. Essa única presença em campo, transformar-se-ia numa exibição memorável. Com um incrível rol de defesas, o jogador conseguiria manter o placard em 2-1. Jackson seria o principal obreiro da difícil vitória e, para além de uma ovação de pé, mereceria rasgados elogios do treinador Bobby Robson.
Já depois de, ao serviço do Hereford United, ter deixado os relvados, John Jackson ainda voltaria ao “jogo da bola”. Como técnico de guarda-redes, treinaria os atletas do Brighton & Hove Albion e da Sussex FA School of Excellence. Extra desporto, o antigo atleta também assumiria funções na área do golf. Apaixonado por este desporto, trabalharia para a imprensa afecta à modalidade e na venda de material e equipamentos.

751 - CARRIÇO

Manuel Luís dos Santos, conhecido no mundo do futebol como Carriço, é um dos históricos jogadores do Vitória Futebol Clube. Tendo, no início dos anos 60, aparecido na categoria principal do emblema setubalense, seria também por essa altura que o jovem atleta participaria no primeiro grande êxito das selecções portuguesas. Escolhido por David Sequerra e orientado por José Maria Pedroto, Carriço marcaria presença em todos os jogos de Portugal no Torneio Internacional de Juniores de 1961. Como um dos indiscutíveis do “onze” luso, o jogador tornar-se-ia num dos pêndulos do grupo e extremamente importante na conquista do referido troféu.
Não foi só com as cores de Portugal que Carriço fez parte de uma excelsa geração. Ao lado de nomes como os de José Maria, Conceição, Jaime Graça ou Jacinto João o jogador ajudaria a construir uma das épocas áureas do Vitória de Setúbal. Podendo jogar a meio-campo, como em tarefas mais defensivas, era nas laterais que melhor desenvolvia o seu futebol. Tendo conseguido manter-se, ao longo da década de 60 e início da de 70, como um dos atletas mais utilizados no plantel sadino, o seu contributo para o sucesso do grupo seria decisivo.
Durante esse período, e sob a batuta de Fernando Vaz, o Vitória de Setúbal conseguiria a faceta de, por 4 vezes consecutivas, atingir o derradeiro jogo da Taça de Portugal. Desse rol de finais, do qual o clube sairia vitorioso por 2 vezes (1964/65; 1966/67), Carriço participaria em 3. Também no contexto das provas europeias, o seu currículo está bem preenchido. Resultado das boas campanhas conseguidas no Campeonato Nacional, as presenças na Taça das Cidades com Feira e, mais tarde, na Taça UEFA tornar-se-iam habituais. Durante essas campanhas, algumas das grandes potências do futebol cairiam a seus pés. Fiorentina, Inter de Milão, Leeds United, Olympique Lyonnais, Anderlecht ou Liverpool são alguns do clubes que claudicariam frente ao emblema da Foz do Sado.
Já a sua relação com a Selecção “A”, tendo em conta o valor que sempre mostrou em campo, acabaria por não ser tão estreita quanto o merecido. A estreia a 4 de Junho de 1969, num particular frente ao México, seria apenas o primeiro de 3 jogos feitos por Portugal. Essas internacionalizações acabariam por não reflectir o real valor da sua carreira. É certo que, durante o seu percurso como profissional, também Benfica e Sporting eram compostos por grupos de grandes jogadores. Ainda assim, e tendo sido essa a principal razão pela dificuldade em afirmar-se, fica-me a sensação que Carriço mereceria mais da “camisola das quinas”.

750 - SEPP MAIER

Amigo de infância de Franz Beckenbauer, diz-se que, certo dia, foi desafiado pelo antigo defesa para ir jogar à bola. Queria participar na partida como avançado, mas a falta de habilidade levaria os seus companheiros a fazer uma nova sugestão. Aceitou o convite e, daí em diante, passaria a ocupar um lugar à baliza!
Em que medida esta história é verdadeira, provavelmente nunca o saberemos. O que é certo é que Sepp Maier, que residia na área suburbana de Munique, terá entrado para o Bayern ainda em idade juvenil. Sendo um fervoroso adepto do clube bávaro, o guardião completaria aí a sua formação. Todavia, o emblema alemão, que hoje reconhecemos como um dos melhores do mundo, era, por essa altura, um clube sem grande palmarés. Ainda assim, Maier mostrava grande valor. A qualidade que patenteava, levá-lo-ia a ser chamado às selecções jovens da República Federal Alemã. Seria pela equipa do seu país que o guarda-redes, em 1961, participaria no Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Em Portugal, a jovem “Mannschaft”, ao bater a Espanha por 2-1, ficaria no 3º lugar. Melhor que o “bronze” alcançado, as prestações de Meier seriam muito elogiadas e testemunho inicial de uma carreira extraordinária.
Foi também no início dos anos 60 que Sepp Maier chegou à categoria principal do Bayern Munique. Curiosamente, seria com a presença do guarda-redes e, alguns anos mais tarde, com a promoção Beckenbauer que o espírito do clube começou a mudar. A partir da segunda metade dessa década, o pragmatismo em que o grupo até aí vivia altera-se. A conquista da Taça da Alemanha e as boas prestações nas competições europeias, serviriam de preâmbulo às vitórias na Liga germânica. Por fim, e a forma de coroar essa época dourada, chegaria o triunfo na Taça dos Campeões Europeus.
A todos esses brilharetes, nos quais estão incluídos 4 “DFB-Pokal”, 4 “Bundesliga”, 1 Taça dos Vencedores das Taças, 1 Taça Intercontinental e 3 Taça dos Campeões Europeus, é impossível subtrair a importância de Sepp Maier. O jogador que, entre 1967 e 1979, não falharia um único jogo para a Liga, tornar-se-ia num dos pilares dessa hegemonia. Também pela selecção, o seu percurso coincidiria com importantes conquistas. Tendo sido convocado para diferentes Mundiais e Europeus, seriam as edições do Euro 72 e do Campeonato do Mundo de 1974 que mais peso teriam no seu percurso profissional. As vitórias nos referidos certames serviriam para aclamar toda uma geração de futebolistas e, de igual modo, para certificar Maier como um dos melhores de sempre na sua posição.
Apesar de ser conhecido pela sua competência e profissionalismo inabalável, o atleta também tinha outras facetas. Tido como um dos mais corajosos dentro de campo, fora dele o carácter de Maier era igualmente estimado. Diz-se ser um homem muito alegre e que raramente perdia uma oportunidade para fazer umas partidas aos colegas. Um bom exemplo, terá acontecido na preparação para o Mundial de 1978. Antes da partida para a Argentina, durante uma conferência de imprensa realizada no Brasil, alguém terá perguntado ao avançado Klaus Fischer qualquer coisa parecida com: “Como é que um futebolista tão mau pode jogar pela Alemanha?!”. O atleta, visivelmente irritado, procura saber quem é o autor de tal desfaçatez. É então que, por entre grandes gargalhadas, Maier revela o disfarce que tinha permitido infiltrar-se como jornalista.
Outro episódio passado com o guarda-redes, também afere muito da sua personalidade. Na 1ª mão da Taça Intercontinental de 1976, estava a nevar muito. Apercebendo-se que o colega do Cruzeiro de Belo Horizonte não vinha preparado para aquelas condições, Maier tem um gesto de enorme bem-querer. A Raul Plassmann oferece um par das suas luvas, pois as que ele trazia seriam menos apropriadas para um bom desempenho naquele clima.
A sua carreira acabaria por ter um fim abrupto. Resultado de um acidente de viação, as mazelas sofridas pelo jogador levá-lo-iam, prematuramente, a deixar a defesa das balizas. Afastando-se do futebol, ao cobro de alguns anos o antigo internacional regressaria à modalidade. Começando pelo Bayern de Munique e, mais tarde, em simultâneo na selecção alemã, Maier aceitaria o cargo de treinador de guarda-redes. No desempenho dessas funções, passariam pelas suas mãos muitos dos futuros craques germânicos. Jogadores como Oliver Khan, Jens Lehmann ou Andreas Köpke muito têm a agradecer os ensinamentos daquele que ficaria conhecido como “Die Katze”.

749 - SERAFIM

A maneira como, aos diferentes patamares, chegava mais cedo do que a maioria dos praticantes da modalidade, torná-lo-ia numa das grandes apostas do FC Porto. Nesse seu evoluir, também as convocatórias para as jovens selecções portuguesas seriam importantes. Com a “camisola das quinas”, Serafim seria chamado a disputar o Torneio Internacional de Juniores de 1960. A boa prestação de Portugal no certame organizado pela Áustria, levaria à conquista do último lugar do pódio. Essa 3ª posição reflectia bem o crescimento do futebol “luso” e seria o prenúncio para o que estava prestes a acontecer.
No ano seguinte, a UEFA entrega a organização do Torneio Internacional de Juniores a Portugal. Serafim, que já jogava pela equipa principal do FC Porto, veria o seu nome surgir na lista dos atletas convocados. Já com a disputa do troféu a decorrer, o jovem futebolista confirma tudo o que dele se dizia. Nos 3 primeiros jogos, consegue 5 tentos. Todavia, é na final que merece o maior destaque. Frente à Polónia, o avançado marca todos os golos da partida. Com o “placard” a assinalar 4-0, Serafim torna-se num dos grandes obreiros da primeira vitória de Portugal no contexto internacional.
Também pelo FC Porto, Serafim fazia por merecer os maiores louvores. Tendo, a 11 de Dezembro de 1960, conseguido estrear-se na equipa principal, esse jogo no Estádio da Luz faria dele o mais jovem de sempre a envergar a camisola dos “Dragões”. A partir desse momento, o avançado torna-se num dos elementos mais importantes da manobra “Azul e Branca”. Mantem a titularidade e na disputa da Taça de Portugal torna-se preponderante. Com dois golos marcados nas meias-finais da prova, ajuda a eliminar o Sporting e empurra o seu clube para a final de 1960/61.
Mesmo com o FC Porto afastado dos títulos, as exibições de Serafim não passavam despercebidas. Veloz, possante e dono de um grande remate, cada desafio que disputava tornava-se mais evidente a sua aptidão atacante. A primeira recompensa viria com a chamada à Selecção “A”. A 6 de Maio de 1962, num particular frente ao Brasil, o jogador faria a sua estreia com as cores de Portugal. Depois, viriam mais 3 internacionalizações e, no final da temporada de 1962/63, o interesse do Benfica.
Numa altura em que as “Águias” eram uma das maiores sensações europeias, a mudança para o Estádio da “Luz” era algo de irrecusável. Tal era o poderio do emblema lisboeta, e tal era a qualidade de Serafim, que a transferência do jogador tornar-se-ia na mais cara de sempre do futebol português. Contudo, no plantel do Benfica moravam jogadores de gabarito mundial. Nomes como o de Eusébio, Santana, José Torres ou Iaúca tornariam a sua passagem pelo clube num caminho muito sinuoso. Ainda assim, seria no novo emblema que ganharia os seus primeiros troféus. Logo no ano da sua chegada, o Benfica faz a “dobradinha”. No cômputo das provas disputadas, incluindo as competições europeias, o jogador conseguira um saldo de 24 partidas e 13 golos. Na final da Taça de Portugal marcaria aos 71 minutos, ajudando o Benfica a derrotar o FC Porto por 6-2.
Mesmo tendo conseguido conquistar mais um Campeonato Nacional (1964/65), a falta de oportunidades levariam Serafim a mudar de emblema. Ao fim de 3 temporadas em Lisboa, o atleta decide mudar-se para Coimbra. Na “Cidade dos Estudantes” Serafim recuperaria o protagonismo de anos anteriores. A Académica tornar-se-ia no clube mais representativo da sua carreira e, durante essas 7 campanhas, o avançado faria parte daqueles que foram os melhores anos da história do clube. Logo na época da sua chegada (1966/67), a “Briosa” ficaria no 2º lugar do Campeonato e atingiria o derradeiro jogo daquela que é a nossa “Prova Rainha”. Para o jogador, o prémio viria com a sua 5ª e derradeira partida pela Selecção Nacional. Já no decorrer dos anos seguintes, Serafim disputaria mais uma final da Taça de Portugal (1968/69), famosa pelo protesto estudantil. No que diz respeito às competições europeias, durante a época de 1969/70, ajudaria o clube atingiria os quartos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças.

TORNEIO INTERNACIONAL DE JUNIORES DA UEFA 1961

Consequência da vitória no Euro 2016, os recursos da selecção começam a estar apontados à estreia da equipa nacional na Taça das Confederações. Mas qual foi o primeiro grande triunfo de Portugal? Ora, é para relembrar esse grande feito que, durante o mês de Março, falaremos do “Torneio Internacional de Juniores da UEFA 1961”.