748 - JOÃO de OLIVEIRA

Sem que muita informação esteja disponível sobre o antigo jogador, há, no entanto, um episódio que, estando João de Oliveira envolvido, ficou na história do futebol português.
Para a temporada de 1929/30, numa altura em que o Benfica, por ordem de mais uma grave crise, há muito andava afastado dos títulos, as prestações no Campeonato de Lisboa renovavam as esperanças de jogadores e adeptos do clube. Apesar de terem perdido os embates com o Sporting, as duas vitórias frente ao Belenenses faziam com que as “Águias” ainda estivessem na corrida pelo título “alfacinha”. É então que, a 9 de Março de 1930, o sonho começa a desabar. Para a 12ª jornada, o Benfica visitava o Casa Pia. Com 18 minutos decorridos, já a equipa da casa conseguia adiantar-se no marcador. Os “Encarnados” ainda empatam o jogo. No entanto, alguns lances polémicos precipitam a partida para um desfecho pouco pacífico. Primeiro, há o golo mal anulado aos visitantes; depois, o choque entre dois adversários. É nisto que João de Oliveira acode o seu colega, envolvendo-se numa cena de pancadaria com o futebolista casapiano. A desordem rapidamente toma maiores proporções. Dentro e fora de campo, a polícia é chamada a intervir e, no meio de tamanha confusão, João de Oliveira agride o árbitro.
Pelo meio de uma série de diferentes castigos, a punição do atleta benfiquista é exemplar. Os 8 meses de suspensão fazem com que os protestos subam de tom. As diferentes manifestações e a ameaça de abandono de todas as competições surtem algum efeito. Sem que, no desfecho do “regional” de Lisboa, consigam alguma coisa alterar, os benfiquistas vêem a pena de João de Oliveira beneficiar de uma amnistia. O perdão faria com que o jogador ainda pudesse disputar o Campeonato de Portugal. Ironicamente, o regresso do atleta aconteceria frente ao Casa Pia. O encontro, a 2ª mão dos oitavos-de-final da prova, acabaria empatado. Ainda assim, o Benfica venceria a eliminatória e a presença de João de Oliveira seria um grande trunfo na caminhada do clube até à final da competição.
Após a vitória no referido Campeonato de Portugal, que marcaria o seu primeiro título, a carreira do jogador sofre um pequeno empurrão. A preponderância que João de Oliveira tinha no meio-campo benfiquista haveria de reflectir-se nas convocatórias para a Selecção Nacional. Por Portugal, numa altura em que os jogos internacionais escasseavam, um “amigável” frente à Itália, serviria para o atleta fazer a estreia com as cores do país. No Campo do Ameal, a 12 de Abril de 1931, a “Equipa das Quinas” perderia por 0-2. Mesmo assim, e apesar da derrota, o jogo embelezaria o currículo de João de Oliveira que, a partir daí, passava a envergar o estatuto de internacional.
O final dessa época acabaria por dar novo troféu ao Benfica. Com João de Oliveira em plano de destaque, o clube alcança, mais uma vez, a final do Campeonato de Portugal. Desta feita frente ao FC Porto, o clube lisboeta consegue mais uma vitória. O atleta benfiquista acabaria a temporada em plano de destaque, tendo sido o futebolista que, ao lado do seu colega Pedro Ferreira, mais partidas disputaria no cômputo das diferentes provas de 1930/31.

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