747 - BOULAHROUZ

Após, durante os anos de formação, deambular por uma série de diferentes clubes, foi no RKC Waalwijk que Kahlid Boulahrouz fez a sua estreia no nível sénior. Com a entrada no novo clube, a estabilidade que aí haveria de encontrar, permitir-lhe-ia desenvolver o seu futebol. Mesmo sem conseguir, de imediato, agarrar a titularidade, o atleta era visto como um jovem promissor. Destacando-se principalmente no centro, a sua habilidade fazia com que também fosse útil nas laterais da defesa. Essa polivalência ajudá-lo-ia na sua afirmação e, poucos anos após esse seu começo, o jogador começaria a tirar alguns dividendos da sua postura.
É em 2004/05 que acontece a sua mudança para o Hamburger SV. Quase em simultâneo, dá-se também a sua estreia com as cores da principal selecção holandesa. Esses dois momentos fariam com que Boulahrouz, em definitivo, saltasse para a dianteira do futebol europeu. Nesse seu evoluir, e ainda que tido como um jogador completo, havia outra característica que, em si, também merecia destaque. Sendo duríssimo nas disputas de bola, os adeptos do emblema alemão rapidamente haveriam de rebaptizar o jogador! O holandês passa a ser conhecido por "Khalid der Kannibale" (Khalid o canibal) e, nisto, estava traçado o seu perfil.
A sua imagem agressiva acabaria por sair reforçada aquando da sua participação no Mundial de 2006. No torneio disputado na Alemanha, por altura dos oitavos-de-final, o encontro entre Portugal e a Holanda haveria de ficar, pelas piores razões, nos anais do futebol. Tendo o jogo sido apelidado como a “Batalha de Nuremberga”, os 14 cartões mostrados tornariam o dito encontro no mais violento da história dos Campeonatos do Mundo. No meio de tanta “pancada”, houve um lance que ficaria como o exemplo de tudo o que tinha acontecido em campo. Nele, Boulahrouz atinge de forma arrepiante Cristiano Ronaldo. O atacante português, passados alguns minutos, acabaria por ser forçado a sair de campo. Já em relação ao defesa holandês, que apenas seria admoestado com um cartão amarelo, o que mais espantou foi as declarações que, anos volvidos, haveria de proferir – “Não voltei a falar com o Ronaldo acerca disso, mas o Edwin van der Sar disse-me que ele ainda tinha a cicatriz, passados ano e meio (…). Em 2012 vi-o no Euro. O Wesley Sneijder estava a falar com ele no corredor, enquanto tínhamos que esperar para ir para o aquecimento. O Sneijder chamou-me: «Hey Boula!». E depois «Hey Cris, olha o teu melhor amigo». A cara do Ronaldo disse tudo. Eu não pedi desculpas, eram «águas passadas» ”*.
Apesar do polémico lance, a sua imagem não ficaria assim tão denegrida. Logo após o fim da competição, o Chelsea lança-se na sua contratação. José Mourinho, partidário da sua polivalência, leva-o para Londres. Todavia, e mesmo assumindo o gosto pelas suas características, o “manager” português não daria muitas oportunidades ao defesa. Ao fim de um ano, em que as lesões também o perseguiriam, Boulahrouz é emprestado ao Sevilha. Volvida essa passagem por Espanha, o internacional holandês volta à “Bundesliga” e, nesse regresso, tenta dar um novo impulso à sua carreira.
Após 4 anos a vestir as cores do Stuttgart, sem nunca ter conseguido tornar-se num indiscutível, o clube anuncia que o seu contrato não iria ser renovado. A decisão daria ao Sporting, numa altura em que os seus responsáveis procuravam renovar o sector mais recuado, a oportunidade de juntar ao seu plantel um jogador com qualidade e experiência. Contudo, as constantes convulsões vividas em Alvalade levá-lo-iam a ser considerado um atleta que, na relação rendimento/preço, era excessivamente dispendioso para os cofres de “Verde e Brancos”. A sua saída de Alvalade acabaria mesmo por concretizar-se. Esse passo, apesar do atleta contar apenas com 31 anos de idade, como que precipitaria a entrada nos últimos anos da sua carreira. A decisão de abandonar os relvados, já após representar os dinamarqueses do Brondby e o Feyenoord, chegaria no final de 2014/15.

 

*adaptado do artigo de Liam Corless, publicado a 12 /02/2016, em “http://www.mirror.co.uk”

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