712 - PANCEV

Nascido em Skopje, capital da Macedónia, seria no FK Vardar, emblema da já referida cidade, que Darko Pancev começaria a carreira como futebolista. A sua estreia pela equipa principal, quando apenas contava 17 anos, haveria de tornar-se muito badalada. Chamado a jogo no final da temporada de 1982/83, eis que, nessas últimas 4 partidas, o avançado consegue marcar 3 golos.
Já tido como um fenómeno, o atacante, nos anos seguintes, continuaria a cimentar-se como um dos melhores atletas nos campeonatos da antiga Jugoslávia. Veloz e com um bom entendimento do jogo, Pancev era especialmente talentoso na hora de se antecipar aos defesas contrários. Esses seus dotes, que tantos golos valeriam, rapidamente chamariam a atenção de Veselinovic e o seleccionador, em Março de 1984, acabaria por incluir Pancev nos trabalhos da equipa nacional.
Quem, em termos colectivos, também beneficiaria da sua capacidade goleadora, seria o FK Vardar. O emblema macedónio que, apesar da sua tradição na categoria principal, era apenas um modesto participante, veria a sua reputação subir em flecha. Pancev, que logo na sua segunda temporada, conseguiria sagrar-se no Melhor Marcador do Campeonato jugoslavo, ajudaria o clube a subir na tabela, conseguindo, inclusive, o apuramento para as provas europeias.
Por essa altura, já Pancev era um dos atletas mais cobiçados no seu país. Com os melhores clubes na corrida pelos seus préstimos, quem haveria de convencer o atleta, em detrimento do Partizan, seriam os adversários do Estrela Vermelha (Crvena Zvezda). Contudo, o primeiro ano de ligação ao clube de Belgrado, acabaria por ficar marcado por alguma polémica. Sendo o Partizan o clube do exército, eis que, logo após assinar contrato pelos rivais, Darko Pancev é chamado a cumprir o Serviço Militar Obrigatório. O alistamento no exército acabaria por afastar o avançado das disputas desportivas. Só passado um ano é que o atleta voltaria a entrar campo e, como se nada tivesse acontecido, regressaria em grande forma.
As 3 temporadas que se seguiram mostrariam o Estrela Vermelha no seu melhor. O clube acabaria por vencer esses 3 Campeonatos e a Taça de 1989/90. Todavia, os grandes brilharetes estariam reservados para as competições internacionais. A vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1990/91, acabaria por ser adornada com mais uma conquista e, logo na época seguinte, o emblema jugoslavo venceria a Taça Intercontinental.
Também em termos individuais, Darko Pancev estaria irrepreensível. Nesses 3 anos, consegue sagrar-se 3 vezes o Melhor Marcador do Campeonato. Ainda nesse plano, a temporada de 1990/91 acabaria por ser a mais importante. Os 34 golos conseguidos durante essa época, acabariam por levá-lo ao topo da tabela dos goleadores europeus. A Bota d’Ouro, no entanto, não chegaria às suas mãos. Devido a um protesto da Federação cipriota, o prémio (oficialmente) ficaria suspenso por alguns anos e o troféu apenas seria entregue em 2006.
Já depois de ter disputado o Mundial de 1990, eis que a Jugoslávia é proibida de participar no Euro 92. Por razão da guerra que entretanto havia começado, as sanções impostas ao seu país impedem Pancev de estar presente na Suécia. Curiosamente, também nesse pedaço de história, o jogador haveria de ter a sua pequena participação. Aquando de uma eliminatória frente ao Panathinaikos, e no momento de completar a papelada necessária à sua entrada na Grécia, eis que o atleta decide preencher o campo “nacionalidade” com “macedónia”. A veleidade haveria de valer a Pancev um longo interrogatório. O jogo, esse, haveria de correr de feição, e os 2 golos marcados por si como que “apagariam” a afronta cometida.
Tendo atingido a melhor fase na carreira, foi com naturalidade que de Itália surgiu o interesse do Inter. A mudança, contudo, acabaria por fica muito aquém do esperado. Acusado de não participar nas acções defensivas da equipa milanesa, Darko Pancev acabaria por ser afastado do “onze” inicial. Com pouco tempo de jogo, a forma do avançado rapidamente decresceria e, ao invés de mostrar tudo o que sabia, a sua passagem pelo “calcio” tornar-se-ia numa enorme desilusão.
Coincidência, ou não, a sua saída do Estrela Vermelha como que alteraria todos os seus predicados. Os números começariam a castigar aquele que tinha sido um prolífero avançado e, nem os anos em Milão, nem as suas passagens pela “Bundesliga” (VfB Leipzig; Fortuna Düsseldorf) conseguiriam empurrar o jogador de volta aos golos.
O fim da sua carreira, aos 31 anos, aconteceria depois de uma temporada (1996/97) ao serviço dos suíços do FC Sion. Depois de afastado dos relvados, Darko Pancev continuaria ligado à modalidade, com passagens pela Federação de Futebol da Macedónia e como dirigente do FK Vardar.

711 - WIM KIEFT

Num grupo em que as grandes estrelas eram Johan Cruyff e Soren Lerby, uma nova geração de craques parecia querer emergir na principal equipa do Ajax. Por entre Marco van Basten, Frank Rijkaard, Gerald Vanenburg e outros, Wim Kieft, como o próprio o viria a afirmar, nem era dos futebolistas mais dotados. Todavia, aquilo que o diminuía em talento era compensado por uma entrega exemplar – “Eu era o fim da linha num bom ataque e, normalmente, tinha a tarefa mais fácil. Eu não podia correr pelo campo e saltar como uma superestrela. Isso não era eu (…). Eu não era prendado. Tinha o talento para marcar e precisava de trabalhar mesmo muito”*.
A modéstia que sempre demonstrou e, talvez, até um certo embaraço, acabariam por ser a sua grande característica. A maneira intrépida como acorria aos lances ou o esforço que fazia para estar no lugar certo, eram o reflexo desse seu anti vedetismo. A responder aos passes dos colegas ou, apenas, reagindo às “sobras” de outros remates, Wim Kieft, desde os seu primeiros tempos como sénior, mostraria que, como poucos, até sabia das “artes” de ponta-de-lança. Esse seu talento, que ainda hoje continua a negar, levá-lo-ia ao topo do futebol europeu e, logo na sua 3ª temporada na equipa de Amesterdão, fá-lo-ia marcar golos suficientes para vencer a Bota d’Ouro de 1981/82.
Mas nem só de metas individuais se fez a carreira do avançado. Como é lógico num desporto colectivo, muito daquilo que conseguiria alcançar seria resultado das boas equipas onde estava inserido. Com as cores do Ajax, que vestiria até 1982/83, Wim Kieft acabaria por vencer 3 campeonatos e 1 Taça da Holanda. Já no PSV, onde ingressaria depois de uma passagem menos conseguida por Itália, repetiria os êxitos e conquistaria outros 3 campeonatos, 3 Taças e 1 Taça dos Campeões Europeus.
Na equipa nacional, o seu trajecto também seria premiado pelo sucesso. Com a estreia a acontecer em Setembro de 1981, o seu caminho com a camisola da Holanda acabaria por levá-lo à disputa dos mais importantes certames para selecções. Tendo estado presente no Mundial de 1990 e no Europeu de 1992, seria, no entanto, no primeiro grande torneio por si disputado que conseguiria a maior conquista. No Europeu de 1988, apesar da sua condição de suplente, Wim Kieft acabaria por ser essencial na caminhada vitoriosa. Na derradeira partida da fase de grupos, e quando tudo apontava para um empate, é então que o avançado salta do banco. Com uma cabeçada certeira, haveria de desfazer o zero a zero e, com esse triunfo frente à Republica da Irlanda, conseguiria garantir a passagem do seu país às meias-finais do torneio.
1988 acabaria por ser um dos melhores anos da sua carreira. No mês anterior à vitória no Euro 88, também a Alemanha (ainda RFA) testemunharia mais uma das suas conquistas. Em Estugarda, frente a um Benfica comandado por Toni, o nome do atacante faria parte do alinhamento inicial do PSV. Tendo o tempo regulamentar, tal como o prolongamento, terminado com um nulo no marcador, o que se seguiria seria a “lotaria” dos penalties. Ao contrário do azarado Veloso, Kieft não falharia na concretização do castigo máximo e ajudaria a equipa de Eindhoven a vencer essa final da Taça dos Campeões Europeus.
Tendo as passagens pelo estrangeiro – Pisa (83-86), Torino (86-87) e Bordeaux (90-91) – como os piores momentos do seu percurso profissional, seria já depois de “penduradas as chuteiras” que a sua vida tomaria um rumo indesejado. Numa altura em que já era comentador de televisão, o vício das drogas levá-lo-ia a uma situação financeiramente desesperante. Num contexto em que a sua saúde não era muito abonatória e que a pobreza já acenava de perto, eis que o antigo futebolista decide que era tempo de procurar uma cura. Recuperado da adição, voltaria aos programas desportivos e, paralelamente, lançaria um livro biográfico onde contaria todas as peripécias da sua passagem pelos relvados, como os momentos menos bons na sua existência pessoal.

 
*retirado do artigo em “Bleed Orange” – http://dutchsoccersite.org/ – , a 2 Fevereiro de 2016

710 - HUGO SÁNCHEZ

Com um jeito inegável para o jogo da bola, desde muito cedo que as habilidades de Hugo Sánchez impressionariam tudo e todos. Nesta senda, seria já depois da sua participação nos Jogos Olímpicos de 1976, onde a sua irmã, ginasta, também estaria presente, que o atacante chega à principal categoria do Pumas UNAM. Pertencendo à equipa da Universidad Nacional Autónoma de México, o jovem jogador, para além da prática do futebol, apostaria na sua formação académica. Enquanto crescia como futebolista, Hugo Sánchez haveria também de terminar o curso em Medicina Dentária.
Sem tirar qualquer mérito ao seu sucesso universitário, onde Hugo Sánchez alcançaria o maior destaque seria, sem qualquer dúvida, dentro das “quatro linhas”. No futebol, a carreira do atacante, logo na época de estreia pelo Pumas, começaria com o título de campeão mexicano. Mesmo sem ainda conseguir grandes marcas pessoais, a qualidade que apresentava em jogo era reveladora de um futuro risonho. A confirmar essa previsão, os golos começariam a surgir naturalmente e ao terceiro ano como profissional, Hugo Sánchez sagra-se o melhor marcador do campeonato.
Ao contrário de muitos que, durante os anos 70, iam acabar as suas carreiras na liga dos Estados Unidos, Hugo Sánchez, ainda a dar os primeiros passos, intercalaria as temporadas mexicanas, com o “defeso” passado ao serviço do San Diego Sockers. Tendo sido essa a sua primeira experiência no estrangeiro, o grande salto na sua carreira ocorreria aquando da sua transferência para Espanha. No Atlético de Madrid, já depois de com o Pumas ter conquistado mais um campeonato e a Taça dos Campeões da CONCACAF, Hugo Sánchez faria a sua estreia no futebol europeu.

Os primeiros tempos na “La Liga”, com o avançado muitas vezes no banco de suplente, não seriam muito fáceis. Todavia, e com o passar do tempo, o atacante começaria a revelar todas as suas qualidades. Com um “timing” perfeito, a leitura que Hugo Sánchez fazia do jogo, permitia-lhe estar sempre no sítio certo. Melhor que a sua inteligência, só mesmo a maneira excêntrica como abordava muitos dos lances de ataque. Famoso pela quantidade de golos que marcaria durante o seu percurso profissional, só a mestria das suas “bicicletas”, e outras acrobacias, conseguiriam superar o sucesso dos seus números. 
Nisto de algarismos, o seu primeiro “Pichichi” chegaria na 4ª temporada com as cores dos “Colchoneros”. Mas numa altura em que o Atlético de Madrid andava afastado dos títulos, eis que o “namoro” vindo de outro clube da capital, acabaria por estragar uma relação quase perfeita. Seria então, no Verão de 1985, que Hugo Sánchez trocaria o Atlético pelo Real Madrid. A polémica que a transferência causaria, acabaria por ser esquecida com as exibições do craque. Dando continuidade ao bom trabalho que vinha fazendo, o atacante mexicano, nas 3 temporadas seguintes à mudança de clube, conseguiria sempre renovar o título de melhor marcador da liga espanhola. A este feito, não é alheia a qualidade da equipa “merengue”. Acompanhando o surgimento da famosa “Quinta del Buitre”, o avançado era o complemento ofensivo para o talento de jogadores como Míchel, Martin Vázquez ou Butragueño. O conjunto acabaria por dominar o futebol espanhol e Hugo Sánchez juntaria ao seu rol de títulos 5 Ligas (consecutivas), 1 Copa del Rey”, 3 Supertaças e a vitória na Taça UEFA de 1985/86.
Talvez a única coisa que tenha faltado ao currículo do avançado, e tendo em conta o contexto vitorioso que o Real Madrid atravessaria, seria a Taça dos Campeões Europeus. Ainda assim, e em jeito de compensação, Hugo Sánchez acabaria por conseguir uma das maiores distinções que um goleador pode almejar. Em 1989/90, coincidindo com a conquista do seu último “Pichchi”, os 38 golos por si concretizados levá-lo-iam a vencer a Bota d’Ouro.
Após ter terminado a sua ligação ao Real Madrid em 1992, Hugo Sánchez entra numa fase errática da sua carreira. Mesmo sem o brilho de outrora, a mística que o seu nome carregava levá-lo-ia a ser chamado ao Campeonato do Mundo de 1994. Depois de em 1978 ter feito a sua estreia em Mundiais, e de em 1986, no seu México natal, ter alcançado os quartos-de-final, eis que os Estado Unidos testemunhariam a última presença do goleador num grande certame desportivo.
América, Rayo Vallecano, Atlante, Linz, Dallas Burn e, finalmente, Atlético Celaya seriam os emblemas que ocupariam os seus últimos anos de futebolista. Retirando-se já bem perto dos 40 anos de idade, a sua ligação ao futebol manter-se-ia. Como treinador, e com realce para a passagem pela selecção do seu país, o maior destaque consegui-lo-ia ao comando do Pumas UNAM. Na equipa que o lançou no mundo do desporto, Hugo Sánchez, ambos em 2004, venceria os Torneios de “Apertura” e “Clausura”.

709 - MACHLAS

Produto das escolas do OFI Creta, Machlas faria a sua estreia pela equipa principal na temporada de 1990/91. Paciente e eficaz na hora de rematar à baliza, o atacante, aos poucos, começaria a ganhar espaço no seio da equipa. As boas exibições que ia rubricando, levá-lo-iam, na 3ª temporada como sénior, a ser chamado à estreia na selecção helénica. Esse primeiro encontro, um particular frente à Áustria, serviria para mostrar que, também no plano internacional, o jovem atleta poderia ser decisivo. Nessa partida a 10 de Março de 1993, Machlas estrear-se-ia a marcar pela equipa nacional. O dito golo faria com que o seu nome continuasse a aparecer nas convocatórias, e a sua importância cresceria de jogo para jogo. Como a confirmar esse seu peso, e no derradeiro jogo da fase de qualificação, seria do ponta-de-lança o golo que selaria a primeira presença da Grécia num Campeonato do Mundo (1994).
Mesmo com a Grécia a ter uma prestação paupérrima nos Estados Unidos da América, a passagem de Machlas pelo Mundial serviria para aumentar a sua cotação. Dois anos após o referido certame, o avançado deixa o seu país e ingressa no Vitesse. Na Holanda, aquele que seria o seu ano de estreia, ficaria muito aquém do esperado. Com poucos golos marcados durante a temporada de 1996/97, poucos esperariam que, logo na época seguinte, tudo mudasse. Certeiro como nunca ninguém o tinha visto até então, o atacante conseguiria a proeza de marcar 34 golos no campeonato. A marca, muito mais do que ter feito de Machlas o melhor marcador na Holanda, acabaria também por consagrá-lo com a conquista da Bota d’Ouro.
Tendo um papel decisivo nas boas prestações do emblema de Arnhem, onde, em 1998/99, seria treinado pelo português Artur Jorge, Machlas despertaria a cobiça de outros emblemas. Nisto, quem acabaria por despender a maquia que o Vitesse exigia, seria o Ajax. No novo emblema, depois de pago aquele que seria o montante recorde para o clube de Amesterdão, o atacante apresenta-se para a temporada de 1999/00. Como uma das estrelas do conjunto, o avançado acabaria por ter prioridade no escalonamento da equipa. Curiosamente, já uns anos mais tarde, uma das jovens promessas do clube, um tal de Zlatan Ibrahimovic, acabaria por mostrar alguma frustração pela preferência dada ao grego – “(…) durante maior parte do tempo eu sentava-me no banco e tinha, mais e mais, apupos dos nossos próprios adeptos. Enquanto aquecia e me preparava para entrar, eles rugiam «Nikos, Nikos! Machlas, Machlas!». Não interessa quão mau ele era, eles não me queriam ali. Eles queriam-no a ele, e eu pensei, «Merda, eu ainda não comecei a jogar e eles já estão contra mim»”*. A verdade é que, com a saída de Co Adriaanse e a chegada de Ronald Koeman (2001/02), esta tendência começaria a inverter-se. Machlas acabaria mesmo por ser preterido pelo novo técnico e, já depois de um empréstimo ao Sevilla, seria dispensado no final da temporada de 2002/03.
Com a rescisão do contrato acertada, ainda se ouviu falar que o atleta estaria de volta ao Vitesse. No entanto, Machlas não resistiria ao convite de um dos seus primeiros treinadores, o holandês Eugène Gerards, e retornaria ao seu país, desta feita, para representar o Iraklis. Nesse seu regresso à Grécia, com a barreira dos 30 anos já ultrapassada, o jogador acabaria por dar início à última fase da sua carreira. Já depois de uma nova passagem pelo OFI Creta, Machlas ainda viaja até ao Chipre. No APOEL, a juntar à “dobradinha” conseguida pelo Ajax (2001/02), o avançado enriqueceria o seu currículo, com as vitórias no campeonato de 2006/07 e na Taça da época seguinte.
Já depois de se retirar dos relvados, Nikos Machlas voltaria à senda do futebol, mas numa função completamente diferente. Ao serviço do clube que o tinha lançado no desporto profissional, o OFI Creta, o antigo internacional haveria de assumir o cargo de dirigente.

 
*retirado do livro “I am Zlatan Ibrahimovic”

708 - IAN RUSH


Sendo natural de uma pequena aldeia no Norte do País de Gales, Ian Rush tomaria a decisão de rumar até Inglaterra para, no futebol profissional, tentar a sua sorte. Não tendo viajado mais de 20 Km, seria no Chester City que o jovem aspirante a futebolista prestaria as necessárias provas.
Pouco tempo depois de ter dado os primeiros passos no seu novo clube, já Rush era um dos principais craques da equipa. Mesmo jogando a médio, a quantidade de golos que conseguia marcar punha-o em plano de destaque. Contudo, seria um jogo para a Taça de Inglaterra que iria mudar tudo na vida do jovem praticante. Nesse embate, ao modesto Chester City calharia em sorte o Newcastle. Contra todas as probabilidades, seria o grupo de Ian Rush a seguir em frente na prova e, com o golo apontado nessa eliminatória, o galês acabaria por chamar a atenção dos emblemas mais poderosos.
Com Manchester City e Everton – de quem Rush era fã – também no seu encalço, a escolha do jogador acabaria por incidir no Liverpool. Com o colosso inglês a querer apressar a sua contratação, a transferência, ainda assim, acabaria por atrasar-se. Com o mercado a fechar no final de Março, algumas complicações burocráticas levariam a que a mudança não fosse possível até à data limite. Ainda assim, e com a saída a ser adiada até o fim da temporada, Ian Rush, que já tinha chamado a si todos os focos, acabaria, em jeito de compensação, por ser chamado à estreia na selecção do seu país.
Seria então, para a época de 1980/81, que o novo reforço chegaria a Anfield Road. No Liverpool, a sua “veia goleadora” levaria a que os responsáveis técnicos do clube o adiantassem um pouco mais no terreno. Começando a jogar a avançado, a adaptação, de início, não correria de feição. Desabituado àquela zona do campo, Rush sentiria algumas dificuldades. Sem que os golos começassem a aparecer, é então que o seu técnico, o inglês Bob Paisley, decide ter uma conversa com o jogador. Apontando-lhe as falhas e as maneiras de corrigir tais erros, o treinador conseguiria mudar o rumo de Ian Rush, levando-o a tornar-se numa das maiores lendas do Liverpool.
Já depois de, nos primeiros tempos, ter alternado a sua presença no plantel principal com jogos pelas “reservas”, Ian Rush conseguiria, em definitivo, afirmar-se na primeira equipa. Na temporada de 1981/82, já o atacante galês era um dos nomes habituais nas convocatórias do Liverpool. A importância dos seus golos cresciam com o passar dos jogos e, nesse mesmo ano, com um tento na final frente ao Tottenham, Rush ajudaria o seu clube a conquistar a Taça da Liga.
Títulos foi coisa que não faltou ao internacional galês. Com o Liverpool, na década de 80, a dominar tanto o futebol inglês, como o cenário europeu, o currículo do jogador acabaria por ficar bem rico. 5 Ligas, 3 Taças de Inglaterra, 5 Taças da Liga, 3 “Charity Shields” e, sobretudo, 2 Taças dos Campeões Europeus, fazem de Ian Rush um dos jogadores mais laureados na história da modalidade. Também em termos pessoais, a hegemonia do seu clube, ajudaria a que o atleta conseguisse alcançar brilhantes distinções. Jogador do Ano, Melhor Marcador da Liga Inglesa e Bota d’Ouro Europeu, tudo conquistado em 1983/84, engrossam uma lista de prémios já por si bem recheada.
Os 15 anos em que vestiria as cores do Liverpool, seriam interrompidos por uma curta passagem pelo “Calcio”. Já depois da tragédia do Heysel Park, onde vários adeptos perderiam a vida, Liverpool e Juventus tentariam estreitar as suas relações com a transferência do ponta-de-lança. No entanto, a ida de Ian Rush para “Vecchia Signora” não correria de feição. As exibições poucos convincentes e, principalmente, a escassez de golos, acabariam por fazer com que o jogador deixasse Itália e regressasse ao futebol britânico.
De volta ao Liverpool em 1988/89, o avançado teria a concorrência de outros dois grandes jogadores. Com John Aldridge e Peter Beardsley a atrapalhar o seu caminho para a titularidade, Ian Rush, durante algum tempo, ainda passaria pelo banco de suplentes. Todavia, os bons registos que, sempre que a oportunidade aparecia, ia conseguindo, levá-lo-iam de volta ao “onze” inicial.
É certo que Ian Rush, nessa segunda passagem por Anfield, não conseguria ser tão prolífero quanto da primeira. Também não deixa de ser verdade que os números por ele apresentados, deixariam orgulhoso qualquer avançado de topo. Esses mesmos registos, acabariam por fazer dele uma das grandes lendas do emblema inglês. No Liverpool, os seus 346 remates certeiros em 660 partidas, transformá-lo-iam num dos atletas mais utilizados e no recordista de golos na longa existência do clube. Curiosamente, também ele detém o recorde de golos pela selecção do País de Gales. Pelos “Dragões”, os 28 golos conseguidos mantem-se como a marca máxima da equipa nacional.
É no defeso de 1996 que Ian Rush termina a sua longa relação com o Liverpool. Já distante dos seus melhores anos, é aí que o avançado começa um périplo que o levaria a jogar por uma série de outras equipas. O Leeds United seria o primeiro emblema de uma lista que o levaria também até ao Sheffield United e ao Wrexham. Finalmente, e marcando aí os seus derradeiros golos, uma passagem pela Austrália e pelo Sydney Olimpic.

707 - CAMATARU

Se há jogador com histórias para contar, um deles, por certo, é Rodion Camataru. Contudo, e ao invés daqueles que, como ele, também tiveram uma longa carreira, os episódios vividos por este antigo ponta-de-lança vestem-se de algumas particularidades bem curiosas.
Tendo começado a jogar nas camadas jovens do Progresul Strehaia, as boas exibições que conseguiria ao serviço do emblema da sua terra natal, serviriam para o fazer transitar para os juniores da Universitatea Craiova. Já a passagem para a equipa sénior, decorreria apenas umas temporadas depois e, desde logo, as suas qualidades de goleador começariam a fazer-se notar.
Alto e possante, Camataru era uma dor de cabeça para qualquer defesa contrário. O seu impressionante físico, aliado a uma capacidade finalizadora de excelsas qualidades, fariam dele um dos bons avançados a jogar na Europa. Impressionados com os seus atributos, não tardou muito para que os responsáveis pela principal selecção romena o chamassem à estreia. Tanto com a camisola do seu país, a qual vestiria entre 1978 e 1990, como com as cores do seu clube, Camataru era um dos nomes que despertava cobiça no lado ocidental do “Velho Continente”. Quem também não ficaria indiferente aos seus desempenhos, seria Sven-Göran Eriksson. O técnico, por altura da sua primeira passagem por Portugal, haveria de insistir muito na sua contratação. Todavia, só quando o sueco já se encontrava em Itália, é que o Benfica conseguiria que o avançado vestisse de “encarnado”.
É aqui que começa uma das suas histórias caricatas. Tendo chegado pouco tempo após o “fecho do 3º anel”, e por altura da inauguração da “obra”, a estrela romena, com toda a pompa e circunstância, é apresentada aos sócios. Na senda dos eventos que ocasião haveria de proporcionar, Camataru ainda disputa pelas “Águias” um “particular”. No entanto, depois desse “amigável” frente ao FC Porto, o atacante desaparece. Como constaria, a “surpresa” feita aos sócios benfiquista, acabaria, também ela, por ter a sua surpresa. Ao que parece, o regime ditatorial de Ceausescu não terá dado o aval à sua mudança e, cancelada a transferência, o futebolista regressaria de imediato à Universitatea Craiova.
Outro momento curioso, aconteceria cerca de 2 anos após a sua passagem pelo Benfica. Já no Dínamo de Bucareste, para onde se transferiria no começo dessa mesma época, Camataru liderava a lista de goleadores do Campeonato Romeno. A 6 jornadas do fim, os seus 26 golos jamais fariam pensar que o atacante conseguisse chegar à conquista da Bota d’Ouro. É então que o incrível acontece e, com 18 golos nessas últimas rondas, Camataru consegue ultrapassar os 39 golos do austríaco Toni Polster (Rapid Viena)! A verdadeira proeza levaria a muita especulação. Dir-se-ia que tudo tinha sido “fabricado” por uma manobra de propaganda do regime de Ceausescu. A Camataru, a quem nunca seria apontada nenhuma falha ou feita qualquer acusação, acabaria por ser atribuído o prémio de melhor marcador dos campeonatos europeus de 1986/87.
Finalmente, e já nos derradeiros anos da sua carreira, Camataru consegue a almejada mudança para o estrangeiro. Muito tempo depois de, ainda ao serviço do Universitatea Craiova, ter vencido 2 Campeonatos e 4 Taças da Roménia, o avançado continuava a despertar o interesse de alguns emblemas europeus. A transferência, para a temporada de 1989/90, ocorreria para o Charleroi. Enquanto na Bélgica, ele que já tinha marcado presença no Euro 84, é chamado a disputar a última grande competição da sua carreira. Já depois da participação no Mundial de 1990, Camataru ainda faz mais algumas épocas. É já na Holanda, e ao serviço do Heerenveen, que o antigo internacional decide pôr um ponto final na sua vida de futebolista.

706 - ALLY McCOIST

Diz-se que, ainda adolescente, terá ido treinar ao St. Mirren. Todavia, o seu físico não terá agradado ao treinador, um tal de Alex Ferguson, que acabaria por rejeitá-lo. Nisto, quem haveria de abrir as portas ao jovem avançado seria o St. Johnstone. Rápido, com uma leitura de jogo acima da média e um pontapé certeiro, as características do atacante não demorariam muito a pô-lo no caminho do “onze” inicial. No clube escocês, a facilidade com que conseguia marcar golos, rapidamente fariam dele um dos jogadores mais cobiçados na liga. Em 1980/81, depois de 3 temporadas como profissional, e quando um largo número de emblemas já andava atrás dele, eis que o Rangers também entra na corrida pela sua contratação. No entanto, a preferência de Ally McCoist acabaria por ser a Liga inglesa e o seu destino o Sunderland.
Com o montante pago pelo Sunderland a quebrar o recorde do clube, a esperança depositada no atleta seria enorme. Contudo, Ally McCoist decepcionaria responsáveis e adeptos. Nos 2 anos que permaneceria em Inglaterra, poucas seriam as vezes que, de forma certeira, conseguiria introduzir o esférico nas redes alheias. Este seu insucesso, acabaria por levá-lo de volta ao seu país e, finalmente, ao Rangers.
No emblema de Glasgow, a época de 1983/84 daria início a uma relação, a muitos níveis, perfeita. O começo, com McCoist a impor-se logo de início, até indicava isso mesmo, mas a chegada de Graeme Souness (como treinador-jogador) ao comando do Rangers haveria de alterar o seu estatuto de titular. Mesmo tendo conseguido sagrar-se o melhor marcador do campeonato em 1985/86, o avançado, na época que se seguiria, não haveria de convencer o novo responsável técnico dos “Gers”. Curiosamente, nesse mesmo defeso, o jogador, mais uma vez, veria Alex Ferguson a preterir os seus serviços, quando, na convocatória para o México 86, deixa o nome do atacante de fora do grupo de eleitos.
Mesmo com esses contratempos, a simpatia que Ally McCoist tinha por parte da massa adepta manter-se-ia inalterada. Já no escalonamento da equipa, o banco de suplentes continuaria a ser o seu lugar. Claro que esta opção, apesar de contestada por alguns, haveria de ser desculpada pelo sucesso que o Rangers haveria de alcançar nos anos vindouros. Sem conseguir sagrar-se- campeão há 8 anos, os de Ibrox, logo nessa temporada de 1986/87, quebrariam o longo jejum. Para McCoist seria a primeira de 10 de ligas conquistadas.
Só com a saída de Souness para o Liverpool, e com a chegada de Walter Smith ao clube, é que a história de Ally McCoist volta à normalidade. Ora, o treinador que, mesmo com seu estatuto de suplente, não haveria de ter dúvidas em convoca-lo para o Mundial de Itália (1990), devolveria o avançado ao “onze” inicial. Em boa hora o faria, pois McCoist, logo nas temporadas seguintes voltaria ao topo dos goleadores e, desta feita, vencendo também a corrida para o melhor marcador dos campeonatos europeus de 1991/92 e 1992/93*.
Os anos que se seguiriam a esta dupla “conquista”, serviriam para cimentar Ally McCoist como um dos grandes atletas da história do Rangers. Os números confirmariam tal estatuto e às, atrás referidas, 10 Ligas, no final da sua ligação com o clube, o avançado contaria também com vitórias em 9 Taças da Liga e 3 Taças da Escócia. Já no plano individual, os golos que conseguiria concretizar transformá-lo-iam, tanto na liga escocesa, como a nível das competições europeias, no melhor marcador do emblema.
Em 1998/99, Ally McCoist decide dar continuidade à sua carreira no Kilmarnock. Longe dos seus melhores anos, mas ainda com a capacidade de afrontar muitos dos defesas contrários, o atacante prosseguiria o seu percurso profissional durante mais umas quantas temporadas. Seria já no final de 2000/01, e bem perto de completar 39 anos de idade, que o internacional tomaria a decisão de pôr um ponto final à sua longa caminhada.
Já depois de experimentar uma passagem pelos “media”, o seu regresso ao futebol dar-se-ia através da selecção. Como adjunto da equipa nacional escocesa, Ally McCoist daria os primeiros passos como treinador. A oportunidade seguinte, ainda na mesma posição, surgiria pela mão de Walter Smith. Como “braço-direito” do treinador que o firmou no estrelato do futebol, a antiga estrela do Rangers voltaria ao seu clube. Já depois da saída do técnico, McCoist assumiria o papel de “Manager”. Infelizmente, como o próprio haveria de afirmar, o período que passaria ao “leme” do clube, coincidiria com a falência do histórico emblema e com a descida do mesmo ao 4º escalão. Ainda assim, McCoist não abandonaria o cargo e teria um papel crucial na promoção do clube até ao “Championship” (2ª divisão).

 
*entre 1991/92 e 1995/96, a Bota d’Ouro não seria, oficialmente, entregue.

705 - HENRIK LARSSON


Filho de pai cabo-verdiano e mãe sueca, o jovem Henrik haveria de encontrar no futebol uma grande paixão. A jogar pelo Högaborgs desde tenra idade, o que haveria de chamar a atenção dos responsáveis pelo clube, seria habilidade com ele tratava a bola. Ainda assim, e num país onde o físico é uma característica bem presente no desporto, o seu aspecto franzino haveria de travar a sua evolução. Preterido nesses primeiros tempos, só alguns anos mais tarde é que Henrik Larsson haveria de fazer com que a sua técnica conseguisse compensar algumas das suas lacunas físicas. Todavia, a maneira como o haveria de conseguir seria de tal maneira evidente que, com apenas 17 anos, o jovem avançado é chamado à equipa principal.
Mas se foi no Högaborgs que Henrik Larsson deu os primeiros passos no futebol, seria (espante-se!) o Benfica que mudaria a sua carreira. Numa altura em que na “Luz” moravam alguns nomes do futebol sueco, o jovem jogador seria convidado para treinar à experiência. Mesmo não tendo convencido Sven-Göran Eriksson a contratá-lo, o facto de ter conhecido Mats Magnusson haveria de alterar o seu rumo. Ora, quando o avançado deixou as “Águias” para ir jogar no Helsingborgs, este aconselharia o atleta aos responsáveis do seu novo clube. Larsson, que até aí era apenas semiprofissional, aceitaria o desafio. Já Magnusson acabaria por acertar na aposta, e o jovem atleta, que assim passaria a dedicar-se a tempo inteiro ao futebol, rapidamente conseguiria tornar-se numa das estrelas da equipa.
Dois anos no Helsingborgs, e a estreia pela selecção sueca, seriam mais do que suficientes para que outros clubes fossem no seu encalço. Nesse sentido, a época de 1993/94 veria Larsson transferir-se para o Feyenoord. Contudo, os anos que passaria na Holanda não seriam, de todo, os melhores para o jogador. Já depois de ultrapassar as dificuldades de uma normal adaptação, a instabilidade em que o clube andava mergulhado também não ajudaria na evolução do jogador. Por outro lado, a sua presença no Mundial de 1994, servira para confirmar que o atleta não tinha perdido as qualidades que o haviam projectado no futebol. Uma técnica superior, a maneira como se movimentava na frente do ataque e a facilidade com que conseguia marcar golos, faziam dele um dos bons avançados nos anos 90. Ainda assim, as suas prestações no campeonato holandês não serviam para sublinhar esses predicados. As constantes mudanças a que haveria de ser sujeito, tendo sido afastado do centro do ataque para jogar nas alas, ou, até, a maneira algo irregular com que seria chamado à equipa, acabariam por contribuir para o seu (relativo) insucesso.
É desta maneira que, no defeso de 1997, Henrik Larsson deixa o Feyenoord. Com apenas 2 Taças da Holanda no currículo, a sua ida para o Celtic proporcionaria ao jogador aumentar a sua lista de troféus. Contudo, muito mais do que as 4 Ligas, as 2 Taças e as 2 Taças da Liga, o maior feito do sueco seria a conquista da massa adepta. Nesse sentido, as coisas até nem começariam de feição. Logo no jogo de estreia, o atleta cometeria um terrível erro. Dessa sua falha, sairia o golo que haveria de permitir ao Hibernian terminar a dita contenta com uma vitória. Todavia, daí em diante tudo mudaria. Tendo tido um papel importante na quebra da hegemonia do Rangers, que chegou a vencer 9 ligas consecutivas, seria a sua entrega o principal tónico para a paixão dos adeptos. Também nas competições europeias, Larsson haveria de brilhar. O Celtic, em boa parte impulsionado pelos seus golos, conseguiria fazer algumas campanhas de destaque. Realce maior para a caminhada na Taça UEFA de 2002/03. Nessa edição, e já depois de ter eliminado o Boavista nas meias-finais, os de Glasgow encontram no derradeiro jogo o FC Porto. Nessa final de Sevilha, Henrik Larsson marcaria 2 golos. Contudo, a excelente exibição por parte do avançado seria insuficiente para conseguir uma vitória – “Eu preferia não ter marcado os dois golos e termos ganho o jogo. Não é uma memória feliz, mas eu já aprendi a viver com ela (…). Necessitei de muito tempo para ultrapassa-la. Estamos a falar de anos, porque nunca deveríamos ter perdido aquele jogo”*.
Seria já no final da temporada de 2003/04, que a ligação de Henrik Larsson com o Celtic conheceria um fim. 7 anos após a sua chegada e depois de uma interminável série de distinções e conquistas individuais, onde se inclui a Bota D’Ouro de 2000/01, o atacante sueco deixava o carismático emblema escocês. Envergando a braçadeira de capitão e com a face cheia de lágrimas, Larsson, recordista de golos da “Scotish Premier League”, poria um fim à longa relação com o clube. Ele que, durante anos a fio, havia recusado diferentes propostas, acabaria por reconhecer que tinha chegado o tempo de seguir outro caminho.
Surpreendentemente, e tendo em conta os seus 33 anos, o clube que se seguiria na sua carreira haveria de ser o Barcelona. Na Catalunha, mesmo sem ser titular, e com uma grave lesão a assombrar a sua época de estreia, Henrik Larsson acabaria por desempenhar um papel importante. Com um temperamento mais calmo, a sua presença no banco, para, nos momentos finais, entrar em jogo, valeria alguns sucessos ao clube “blau-grana”. Nesse sentido, e com 2 “La Ligas” à mistura, há sempre que destacar a vitória na Liga dos Campeões. Nessa edição de 2005/06, e mais uma vez no papel de suplente utilizado, Larsson acabaria por ser determinante na conquista do troféu. Na final, e já com o Arsenal a vencer, o atacante é chamado a entrar em campo. A rapidez que traria ao jogo seria decisiva e, estando nas duas jogadas dos golos, acabaria por transformar o desfavorável 1-0, num vitorioso 1-2.
Os últimos anos da sua carreira, muito mais do que o regresso à Suécia, trariam uma curiosidade preciosa. Já depois de em 2006 ter assinado pelo Helsingborgs, eis que um antigo “namoro” consegue ganhar corpo. Sem grandes soluções para o sector mais avançado, Alex Ferguson decide ir atrás daquele que tantas vezes tinha tentado contratar. Desta feita, Henrik Larsson não recusaria o convite e, vestindo a camisola do Manchester United apenas por alguns meses, ajudaria na conquista da “Premier League” de 2006/07.
Após os derradeiros capítulos de uma carreira que terminaria bem perto dos 40 anos de idade, Larsson, em 2009, dá início à sua actividade como técnico. Já com passagens pelo Landskrona e Falkenbergs, o antigo internacional, por achar que ainda não está preparado para tamanho desafio, acabaria por recusar a ideia de treinar o Celtic. Enquanto o momento certo não chega, eis que no Helsingborgs (2016), onde orienta o seu filho Jordan Larsson, Henrik dá continuidade à sua vida de treinador.


*retirado da entrevista de Tom English, a 14/08/2015, para a BBC Scotland

704 - SLAVKOV

Sendo que, por norma, são os atletas dos maiores clubes que merecem maior projecção, existem outros, como o caso de Slavkov, que conseguiram destruir esta ideia. Ora, o avançado haveria de começar a dar os primeiros passos no Trakia Stamboliyski. Ainda em idade de formação, os bons préstimos conseguidos ao serviço do seu emblema, despertariam a atenção de outra colectividade. O Trakia Plovdiv, com tradição no nível máximo do futebol búlgaro, avançaria para a sua contratação. Aí, Slavkov faria a sua transição para o futebol sénior e na temporada de 1976/77 conseguiria a estreia na equipa principal.
Com qualidades técnicas acima da média, mormente aquelas que o destacavam na grande-área dos adversários, o jovem atacante pouco demoraria a confirmar o seu estatuto de bom jogador. Logo na época seguinte à da sua estreia, Slavkov consegue merecer a confiança dos responsáveis pela selecção e, pela primeira vez, é chamado a vestir a principal camisola do seu país. Esse amigável frente à Escócia, a 22 de Fevereiro de 1978, dá início a um percurso que o levaria a representa a Bulgária por 37 vezes. Contudo, e apesar de ter estado presente nos trabalhos da equipa nacional entre 1978 e 1983, a Slavkov faltaria uma presença num dos grandes certames internacionais. Com a Bulgária a falhar a maior parte das qualificações (Mundiais de 1978 e 1982; Euros 80 e 84), a grande oportunidade do atleta viria com o Campeonato do Mundo de 1986. Todavia, e contra muitas vozes, Slavkov acabaria por ficar de fora da lista dos convocados.
Seria com a camisola dos clubes por onde passou, que Slavkov conseguiria os maiores feitos na sua vida de futebolista. Depois de, ainda em tenra idade, ter feito a sua estreia pela selecção principal, eis que, quase de seguida, chega o interesse dos maiores emblemas da Bulgária. Nesse sentido, a primeira passagem pelo CSKA de Sofia acabaria por não trazer os resultados esperados. Após essa experiência menos conseguida, Slavkov voltaria ao Plovdiv. Esse regresso acabaria por mostrar que o avançado em nada tinha perdido as suas qualidades goleadoras. Na época de 1980/81, na qual haveria de conquistar a Taça da Bulgária, Slavkov consegue algo em que poucos apostariam. Com 31 golos marcados no decorrer da referida temporada, o atacante sagra-se o melhor marcador do campeonato. Mais surpreendente ainda, é que na corrida para a Bota de Ouro, ultrapassaria nomes como o do alemão Karl-Heinz Rummenigge, acabando por vencer a almejada distinção.
A segunda passagem pelo CSKA de Sofia, que se prolongaria desde 1982 a 1986, acabaria por trazer diversos títulos à carreira de Slavkov. A liga de 1982/83 e a Taça de 1984/85, a juntar ao título de campeão conseguido aquando da sua primeira experiência com o clube, fariam dele um dos atletas com melhor currículo no seu país. Esse facto acabaria por fazer com que, de campeonatos estrangeiros, começassem a surgir alguns convites. Ora, seria já depois de uma passagem por França e pelo Saint-Étienne, que o avançado chegaria a Portugal. No Desportivo de Chaves, Slavkov seria parte integrante daqueles que foram os melhores anos dos flavienses. Tendo chegado na mesma temporada que o seu compatriota Radi Zdravkov, o atacante faria parte das equipas que conseguiriam qualificar-se para as competições europeias. Tendo, inclusive, marcado um dos golos que, em 1987/88, permitiriam ultrapassar os romenos da Universidade de Craiova, o internacional búlgaro inscreveria o seu nome no rol dos históricos do emblema transmontano.
O regresso ao seu país e ao Botev Plovdiv (o clube, entretanto, havia recuperado a sua denominação original) acabaria por pôr um ponto final à sua carreira de futebolista. Slavkov, no entanto, ficaria ligado ao futebol e, por altura do seu falecimento em 2014, ocupava o cargo de Director do Complexo Desportivo Botev 1912.

GOLDEN SHOE

Tendo inscritos diversos nomes com ligação ao futebol português, este é um dos prémios mais desejados pelos atacantes do futebol europeu. Sendo que Eusébio, Yazalde, Fernando Gomes, Mário Jardel e Cristiano Ronaldo fazem parte desta lista, queremos também recordar outros nomes que também foram consagrados com tamanha distinção. Por essa razão, o mês de Outubro será dedicado ao "Golden Shoe".

ver também:  Eusébio; Yazalde; Jardel; Gomes