619 - ALEXANDRE

"O meu clube sempre foi o Varzim... as pessoas acham estranho eu não ter nenhum clube dos chamados grandes, mas é verdade. Para mim o futebol é o Varzim (...) é mais do que um clube... o Varzim é a minha vida (...) não seria feliz se jogasse noutro clube"*. – Poderia não escrever mais nada acerca deste jogador e, por certo, estava feita uma rigorosa biografia daquele que foi um dos últimos grandes símbolos do Varzim Sport Clube.
A dedicação que pôs dentro de campo, não se traduz (apenas) pelo número de anos em que envergou as cores varzinistas. Muito para além do que são as inquestionáveis (mais de) duas décadas e meias a jogar pelos poveiros há toda a uma postura. Encarnando todas os apanágios daqueles que diariamente enfrentam as batalhas do mar, Alexandre foi sempre um lutador. De entre todas as batalhas que travaria pelo seu Varzim, houve uma que ficou famosa! Lembram-se de: “Deixem jogar o Mantorras!”??? Pois é, essa frase proferida por Luís Filipe Vieira, no rescaldo de um Varzim x Benfica de 2001/02, haveria de pôr nas bocas do mundo o central varzinista. Talvez, tenha havido um pouco de exagero na maneira como o Presidente das “Águias” criticou a maneira de actuar do defesa. No entanto, Alexandre era isso mesmo… um batalhador; alguém que, muito para além de construir, estava em campo para impedir os assaltos adversários à sua baliza. Sem dúvida, Alexandre era contundente na hora de o fazer.
A época acima referida e a que daí se seguiria, marcariam a última presença do Varzim no escalão primodivisionário. Como é lógico, a despromoção sofrida pelo clube no final da época de 2002/03, levaria a que Alexandre nunca mais voltasse a pisar um relvado, naquela que é a mais importante competição futebolística nacional. Podê-lo-ia ter voltado a fazer? Claro que sim! Contudo, aquilo que para todos faria sentido, na mente de Alexandre equacionar-se-ia como uma ideia surrealista. Deixar o seu Varzim, para representar outro emblema de maior monta, muito mais do que ambição, na sua ideia, desenhar-se-ia com um disparate.
Eventualmente, e numa altura em que, já há muito, envergava a responsabilidade de uma braçadeira de capitão, acabaria por fazê-lo. A saída, como que adiar o incontornável fim de uma carreira, seria para o Esposende. Nesse mesmo emblema, faria a transição para outras tarefas. Como treinador, na temporada de 2011/12 daria os seus primeiros passos. Contudo, a paixão pelo Varzim fá-lo-ia regressar àquela que sempre foi a sua casa. Perto daqueles que tanto o admiram, Alexandre, excepção feita a uma curta passagem pelo banco de suplentes, tem abraçado as funções de Coordenador Técnico.


*Retirado da entrevista à Reporttv, a 16 de Abril de 2009

618 - HORÁCIO


Tal como o “cromo” que o antecedeu nesta nossa “colecção”, Horácio também haveria de começar nas escolas do Leixões. Nessa fornada que António Farinha, jornalista de grande nome da cena desportiva nacional, haveria de baptizar como os “Bebés do Leixões”, também estava o seu irmão. Tal como Chico Faria, Horácio escolheria o ataque como área para mostrar as suas habilidades com a bola.
Com uma baixa estatura, mas com uma capacidade de impulsão suficiente para ganhar a bola aos mais espadaúdos, Horácio era bom no jogo aéreo. Contudo, não era neste tipo de ofensivas que o atacante mostrava as suas melhores armas. Inteligente, com uma noção de espaço que o fazia encontrar os melhores sítios para se colocar; com uma técnica aprimorada e velocidade capaz de pôr uma defesa em alvoroço, Horácio era um belíssimo atacante.
A constância dos seus números, no que à 1ª divisão diz respeito, faz dele um dos melhores futebolistas que, entre os anos 60 e 70, passou pelos nossos campeonatos. Essa sua tenacidade, traduzida em mais de 3 centenas de partidas disputadas no nosso principal escalão, é reflexo de alguém que, acima de um qualquer truque, haveria de pôr o trabalho em posição de destaque.
Faltou-lhe, talvez, uma chamada à nossa principal selecção. Ainda assim, e apesar da merecida convocatória nunca ter aparecido, Horácio construiu uma carreira que encheu de orgulho todos aqueles que, das bancadas, vibravam com os seus ataques. Dividida a sua carreira entre alguns emblemas, seria no Leixões e, posteriormente, no Varzim que a glória deste avançado seria mais exaltada. Mais de uma década em Matosinhos e 6 temporadas passadas com as cores dos “Lobos do Mar”, fazem dele um dos históricos em qualquer um destes emblemas.
Claro, os golos, para alguém que deles depende crucialmente, são bastante importantes. Nesse campo, Horácio nunca fugiria às responsabilidades. Marcou… e muitos!!! Tantos que, por diversas vezes, seria, no seio das suas equipas, o melhor no cumprir desta tarefa. Ele, que nunca passaria de emblemas mais modestos, acabaria por atingir marcas impressionantes. Os 17 golos conseguidos em 1967/68 ou, igualmente pelo Leixões, os 15 tentos concretizados no campeonato de 1969/70, são testemunhos disso mesmo. Pelo Varzim, as marcas alcançadas, como são exemplo os 13 golos em 1976/77, fazem dele um dos melhores goleadores da história do clube, enquanto participante do nosso escalão máximo.

617 - LÚCIO


Decididos a formar um pequeno clube de rua, um grupo de adolescentes amantes do futebol, organiza-se para jogar um torneio da modalidade. Acabando, no seio de equipas constituídas por adultos, por vencer a dita competição, houve logo quem vaticinasse bom futuro para aqueles amigos. Lúcio, que apenas tinha ido para a baliza por não haver mais ninguém, acaba por merecer um tal destaque que, quase em seguida, é convidado para ir fazer testes a emblemas como o FC Porto e Leixões.
Como da sua Leça da Palmeira até ao Estádio do Mar, era uma distância mais curta, o jovem lá anuiu em mostrar as suas habilidades, num treino. A aptidão que mostraria na altura, levaria a que os responsáveis leixonenses quisessem acompanhá-lo a casa. A razão? Apenas uma! O de convencer a sua mãe a deixá-lo assinar pelo cube de Matosinhos!
Ainda com idade de juvenil, o guarda-redes entra directamente para a equipa de juniores. Essa ideia, a de que mostrava ser sempre melhor que os demais no seu escalão, leva a que, pouco mais de um ano depois de ter entrado para o clube, comece a treinar com a equipa principal. A definitiva transição acabaria, também, por não tardar. Contudo, e ao contrário do que, até então, tinha acontecido, Lúcio acaba por encontrar algumas dificuldades em impor-se. Esses obstáculos, normais a qualquer jovem futebolista, levá-lo-iam a Bragança.
No Desportivo transmontano, conquista a titularidade. Esse estatuto, faz com consiga o traquejo para que, na volta ao clube de origem, comece a jogar regularmente. No entanto, logo no ano seguinte ao seu regresso (1976/77), com o Leixões a encetar um plano para a conquista dos lugares “europeus”, Lúcio acaba por tornar-se na terceira escolha dentro do plantel. A tal ideia das competições europeias acaba por sair defraudada. O que realmente acontece, muito diferente do inicialmente desejado, é a descida do clube. Ainda assim, a dita despromoção acabaria por ter os seus aspectos positivos e Lúcio recupera a constância nas convocatórias.
Este episódio acaba por preceder um período em que o atleta, sempre com as cores do Leixões, passaria a disputar a 2ª divisão portuguesa. Ainda que afastado dos principais palcos nacionais, o nome do guardião continua a despertar o interesse de outros clubes. É nesta senda que, para a temporada de 1982/83, Lúcio volta à 1ª divisão. Quem o acolhe neste regresso, acaba por ser o Varzim. Na Póvoa, volta a mostrar todo o seu valor. A prova disso mesmo, ele que por várias vezes haveria de ser chamado à equipa olímpica, é a convocatória para a selecção principal portuguesa. Essa partida disputada em Milão, a contar para a fase de apuramento do Euro 88, haveria de ser o apogeu daqueles que foram, como o próprio haveria de descrever, “os melhores momentos da minha carreira"*.
Essas circunstâncias, a que o Varzim e as boas classificações que o clube conseguiria durante os anos 80, não são alheias, elevariam Lúcio à condição de um dos melhores de Portugal, a actuar na sua posição. O referido estatuto, mantê-lo-ia mesmo nas últimas épocas da sua carreira. Tanto no Tirsense, pelo qual disputaria a 1ª divisão, ou na derradeira passagem pelo Varzim, Lúcio manteria as suas qualidades intactas.
Mesmo depois de “pendurar as luvas”, o antigo internacional português seria incapaz de manter-se afastado da modalidade. Já há longos, nas funções de adjunto, que acompanha Carlos Brito. Essa experiência tem-no levado a diferentes clubes, como são exemplos o Rio Ave, o Estrela da Amadora, o Boavista, o Nacional, o Leixões e o Penafiel. Curioso é que, apesar de, nas tarefas de treinador, nunca ter defendido o Varzim, Lúcio continua a ser imensamente recordado. Esse carinho haveria de ser mostrado a Fevereiro de 2014, quando os “Lobos do Mar” o agraciariam com o prémio de “Atleta Honorário”. 


*retirado do jornal “Record”, a 17 de Fevereiro de 2014

616 - NÉLSON

A pergunta que, desde já, apraz fazer-se é: “O que é que, num mês dedicado ao Varzim, faz um futebolista que apenas lá jogou 2 anos?”. Bem, a resposta fica para daqui nada, mas para lá chegarmos teremos que recuar um bocadinho!
Era um jovem praticante das escolas do Marítimo, quando a habilidade que mostrava com a bola levou o Benfica a querer levá-lo para Lisboa. Irrequieto, tecnicista e com um enorme sentido de oportunidade, Nélson em nada parecia evidenciar os seus “tenros” 15 anos. Já na “Luz”, integrado nas camadas jovens do clube, o atacante iria demonstrar que aposta feita nele havia sido a mais acertada.
Como destacado elemento dos juniores “Encarnados”, Nélson via nele depositado grandes esperanças. A verdade é que na primeira metade dos anos 60, entrar para a equipa principal, ela que estava recheada de craques, não era tarefa fácil. Ora, deste modo, a solução encontrada pelos responsáveis das “Águias”, para que o atacante não estagnasse na sua evolução, seria a cedência a outro emblema. Seria por esse motivo que, por empréstimo, o jogador chegaria ao Varzim na temporada de 1964/65.
Na Póvoa, num plantel treinado pelo internacional Artur Quaresma, Nélson conseguiria destacar-se dos demais colegas de balneário. Com apenas 18 anos de idade, a maturidade e virtuosidade que já mostrava, acabariam por fazer com que os seus 11 golos no Campeonato o levassem a ser o melhor marcador da equipa.
As boas exibições feitas nessa sua época de estreia como sénior, conduziriam a que o Benfica, logo no Verão seguinte, o integrasse na categoria principal. O regresso à “casa” onde havia terminado a sua formação, resultaria num acréscimo para o seu currículo. Mas se a dita adição se traduziria pela conquista de 2 Campeonatos Nacionais, o que na realidade haveria de acontecer seria um pouco menos positivo.
Nomes como o de Eusébio ou José Torres ditariam que Nélson Fernandes não passasse de um suplente pouco utilizado. A estagnação a que parecia estar vetado no Benfica, levaria a que o jogador, com um longo caminho de aprendizagem pela frente, decidisse mudar de rumo. A solução para a continuidade da sua carreira, contrariando a máxima “Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz”, passaria por uma nova passagem pelos “Lobos do Mar”. Mais uma vez no Norte do país, desta feita orientado por Monteiro da Costa, Nélson volta à ribalta. Com exibições estonteantes, ele que já tinha passagens pelos diferentes escalões, volta a ser convocado para a Selecção Nacional. Desta feita na equipa principal, a sua chamada para disputar um “amigável” a 5 de Abril de 1969, acabaria por ficar na história. Se por um lado, esse jogo frente ao México representaria a estreia do atleta com a principal “camisola das quinas”, por outro, esse mesmo embate, faria com que, pela primeira vez, um futebolista do Varzim jogasse pelos “AA” de Portugal.
A primeira internacionalização de Nélson Fernandes, como que serviria de incentivo para que o Sporting se decidisse pela sua contratação. Em Alvalade, um pouco ao invés daquilo que tinha acontecido na “Luz”, acaba por conseguir destacar-se. Talvez por força da sua acrescida maturidade, talvez pelo recuo no campo a que seria sujeito, a verdade é que Nélson conseguiria impor-se como um dos titulares na equipa leonina.
A jogar a médio, na ala direita ou como “10”, Nélson passaria a ser um dos esteios do Sporting. O relevo que haveria de alcançar no seio do grupo, mesmo com a passagem de diferentes treinadores, traria ao (agora) médio mais alguns prémios. Novas chamadas à selecção portuguesa, 2 Campeonatos e 3 Taças de Portugal acabariam por ser o saldo de 7 temporadas de “Leão “ao peito.
Seria já depois deste longo período passado em Alvalade, no qual se inclui a habitual (para aqueles tempos) passagem pela liga norte-americana (Boston Minutemen), que a carreira de Nélson entraria na sua derradeira fase. Intercalando a 1ª divisão com os escalões secundários, o jogador vestiria diversas camisolas, nas quais podemos destacar as do Marítimo, Portimonense, Salgueiros, Tirsense ou Leça.

615 - VITORIANO

Tendo feito a sua formação no Varzim, haveria de ser chamado à primeira categoria na temporada de 1974/75. No entanto, muito mais do que o futebol, na vida de Vitoriano também havia a escola. Estudante aplicado, e percebendo que o tempo de que dispunha era limitado, acabaria por deixar o clube para se dedicar, com mais afinco, aos livros.
Apesar do assédio do Varzim, com os sentidos postos no seu regresso, Vitoriano foi conseguindo resistir à tentação de voltar a jogar como profissional. Ainda assim, havia que alimentar a paixão pelo futebol e durante os anos que se seguiriam, conciliando a actividade académica com a desportiva, o defesa foi jogando com as camisolas do Guilhabreu e Ribeirão.
O tão desejado regresso às lides varzinistas, aconteceria para a época de 1979/80. Por essa altura, quem estava aos comandos da equipa era António Teixeira. Imediatamente, o treinador viria em Vitoriano um grande jogador. Contudo, e ao contrário do que até então se passara, Teixeira encostaria o atleta à direita. Daí em diante, trocando o centro da defesa pelo lado destro, Vitoriano afirmar-se-ia como um indiscutível dos “Lobos do Mar”.
O estatuto de titular levá-lo-ia a metas maiores. Alcançaria a Selecção Nacional de “Esperanças” e, sonho de um qualquer futebolista português, despertaria a atenção dos denominados “Grandes”. Nesta senda, a mudança para o FC Porto aconteceria no Verão de 1984/85. Veloz, inteligente e, sobretudo, com uma atitude briosa, Vitoriano era o reforço certo para os “Dragões” de Artur Jorge. A concorrência que tinha na disputa por um lugar, era enorme. Mas ao contrário do que haveria de supor, João Pinto acabaria por nem ser a sua maior dor de cabeça. As lesões, isso sim, acabariam por ser o seu inimigo – “Eu entrei em Agosto, e em Outubro desse ano tive uma lesão grave, em que estive o ano todo parado. Fui operado ao músculo posterior da coxa. Recuperei alguma coisa em 1985/86 (…). No FC Porto nunca consegui estar a mais do que 60-70% do meu valor real. Fiquei menos rápido e com algumas dificuldades a nível psicológico, porque a jogar tinha sempre medo que [o músculo] rebentasse; tinha alguma dificuldade em tomar o jogo de forma aberta”*.
As lesões que o assombrariam durante esses anos de “Azul e Branco”, fariam com que não conseguisse celebrar o primeiro de 2 Campeonatos, que o FC Porto conquistaria entre 1984 e 1986. Só o regresso à Póvoa faria com que Vitoriano voltasse à sua velha forma física. Totalmente recuperado e no “onze” inicial, o lateral direito conquista, mais uma vez, o estatuto de indispensável. Vitoriano, que antes da ida para o Estádio das Antas já havia merecido o posto de “capitão” varzinista, voltaria a envergar a braçadeira.
Em 1990, com o clube na 2ª divisão, chega ao fim a ligação de Vitoriano ao Varzim. Esse defeso acabaria por marcar, também, o começo da última fase da sua carreira como futebolista. Seria, então, já depois de vestir as camisolas de Leça e, novamente, a do Ribeirão que Vitoriano se decide pela actividade de treinador. Nessas funções, ora como adjunto, ora nas camadas jovens, tem estado ligado ao clube do seu coração, ao Varzim Sport Clube.


*Retirado do programa "Preto no Branco", emitido na Varzim TV a 18/03/2014

614 - ALBINO

Fruto da formação do Leixões, seria no Varzim que, alguns anos mais tarde, faria a sua estreia na Primeira Divisão. Contudo, e se sua entrada nos grandes palcos lusos, seria feita à custa da equipa povoeira, o começo do seu caminho como sénior, isto no início dos anos 70, aconteceria no segundo patamar dos “nacionais”.
Seria dessa maneira que o Famalicão apadrinharia os primeiros passos da carreira de Albino. Ora como defesa, ora como médio, o corredor central do campo era a área predilecta deste jogador. Essas temporadas passadas no escalão secundário, dariam ao atleta o traquejo necessário para que nele voltassem a reparar. Boa capacidade aérea e descomplicado na hora de jogar a bola, Albino acabaria por despertar a atenção de alguém que já tinha trabalho perto dele.
Coincidência, ou não, quem o levaria para o Varzim, seria António Teixeira. O treinador que, quando Albino era júnior em Matosinhos, já havia orientado a equipa principal do Leixões, decidiria apostar em alguém que já conhecia. Essa época de 1976/77, marcaria tanto o regresso do Varzim à Primeira, como a estreia de Albino nessa mesma divisão. A maturidade que já apresentava, permitiria ao jogador ser um dos principais trunfos dentro do plantel. Regularmente no onze inicial, Albino acabaria por ser um dos esteios das boas classificações que a sua equipa conseguiria nos anos vindouros. O estatuto de titular mantê-lo-ia daí em diante. Ajudaria o Varzim a alcançar o 5º posto no Campeonato de 1978/79 e, juntando a tudo isso, os 7 anos que passaria na Póvoa, fariam do seu nome um dos mais acarinhados pala massa associativa e adepta.
Se os melhores ano da carreira de Albino seriam conseguidos com o listado alvi-negro, estes acabariam, também, por ser os únicos passados no patamar máximo do nosso futebol. Daí em diante Albino começaria, novamente, a vogar pelas divisões secundárias. O regresso a Famalicão marcaria esta última fase da sua vida profissional. Durante a mesma, vestiria ainda a camisola de uns quantos clubes. Entre estes, destaque para nomes como os do Trofense ou Paços de Ferreira.

613 - TORRES

Depois de, praticamente, percorrer todo o caminho da formação no Vitória de Guimarães, Torres haveria de chegar aos seniores vimaranenses no final dos anos 60. As primeiras temporadas como sénior, muito mais do que jogar na equipa principal, passá-las-ia a representar as “reservas”. No entanto, ao invés de ser um factor de desânimo, esta passagem traria ao defesa o traquejo necessário para o tornar num bom jogador.
Central que de permissivo, como se pede alguém na sua posição, pouco tinha, Torres primava pela inteligência com que encarava o jogo. Estas suas características, aliado a um bom físico, acabariam por conquistar um lugar no seio de um plantel bastante competitivo. Depois de alguns anos como escolha secundária, Torres haveria de conseguir impor-se como um dos principais esteios da equipa. Essa temporada de 1974/75, segundo o próprio refere, haveria de trazer uma mudança de paradigma à equipa, alteração essa que o levaria a disputar a final da Taça de Portugal, logo no ano seguinte – “a experiência de jogadores como Custódio Pinto, Tito e Rui Rodrigues mesclada com a irreverência de nomes como Ernesto, Abreu, Romeu, representavam a grande arma da equipa. [Mário Wilson] encontrou a fórmula ideal para a equipa fazer um campeonato entusiasmante que revolucionou o clube e a cidade, tendo sido foi importante para o futuro do clube"*.
Se os dois primeiros terços da carreira profissional de Torres, haveriam ser passados com as cores do Vitória de Guimarães, a última destas porções seria ao serviço do Varzim. A mudança ocorreria no defeso de 1979, para dar início a uma ligação que duraria 5 temporadas. Durante estas épocas, entre as 4 passadas na 1ª divisão e o deslise de uma descida, Torres acabaria por se tornar num dos nomes importantes na história do emblema poveiro. Também para o atleta, o clube representa um marco relevante na sua ligação com o futebol. Seria pelos “Lobos do Mar” que, sempre ligado à modalidade que o apaixona, faria uma mudança importante na sua vida.
Ora, seria para a temporada de 1984/85 que Torres passaria a assumir as responsabilidades de técnico. Ainda como adjunto, os primeiros passos que daria nestas funções, levá-lo-iam, passados uns campeonatos, ao comando do Vitória de Guimarães. Essa sua estreia como principal timoneiro de uma equipa, não poderia ter corrido melhor, com os minhotos a conseguirem chegar ao Jamor, e à final da Taça de Portugal de 1987/88.
Desde então, o percurso de José Alberto Torres tem passado mais pelas divisões secundárias portuguesas. No entanto, o grande destaque desta sua carreira acabaria, já em pleno século XXI, pela ida para Angola, onde treinaria o Progresso e o Petro do Huambo.

612 - ANTÓNIO TEIXEIRA

Natural de Lisboa, é descoberto após representar alguns emblemas da capital portuguesa. Depois dos modestos Águias do Alto Pina ou do Chelas, chega a vez de António Teixeira vestir as cores do Benfica. Entra para as camadas de formação do clube, onde se sagra campeão nacional de juniores, e, pela mão do inglês Ted Smith, acaba por ser promovido à categoria principal.
Avançado, que havia começado a trilhar caminho como extremo esquerdo, é no centro do ataque que começa a ganhar algum destaque. Contudo, a temporada em que sobe aos seniores “Encarnados” (1949/50) é, também, aquela em que o Benfica vence a Taça Latina. Ora, este contexto, o de uma equipa recheada de craques, acaba por não ser muito favorável à conquista de um lugar no seio do plantel. Nomes como os de Rogério de Carvalho, Arsénio, Julinho ou Espírito Santo, acabariam por não dar a António Teixeira muito espaço para progredir.
A falta de oportunidades, faz com que o atacante deixe o clube. Já com um Campeonato Nacional (1949/50) na bagagem, segue, então, para o Norte de Portugal. No Minho, acaba por vestir as cores do Vitória de Guimarães. A mudança, devolve ao atacante uma presença regular dentro de campo. Teixeira regressa aos golos e, no espaço de um ano, volta a ser cobiçado por outros “grandes” do futebol nacional.
É para a época de 1952/53 que António Teixeira ingressa no FC Porto. Afastado dos títulos há mais de uma década, os “Dragões” passariam a contar no sector ofensivo, com um atleta que, muito mais do que ser combativo e de possuir um belo remate, era um ás na finalização. O evoluir desta união acabaria por trazer os seus frutos. Em 1955/56, o FC Porto volta aos troféus, e logo com uma “dobradinha”. Os golos de Teixeira, somando-os aos do brasileiro Jaburú, haveriam de ser os principais impulsionadores deste sucesso.
Daí em diante, tudo mudaria para o avançado. A consolidação das suas exibições, que ajudariam à conquista da Taça de Portugal de 1957/58 e do Campeonato do ano seguinte, levá-lo-iam à elite do futebol nacional. Reflexo disso mesmo, seria a sua chamada à selecção portuguesa. Um golo frente à Itália, numa partida de qualificação para o Mundial de 1958, marca a sua estreia. Com a “camisola das quinas” jogaria mais 6 vezes. Talvez, não com a regularidade que merecia. Ainda assim, Teixeira será recordado como um dos melhores pontas-de-lança do futebol nacional, nos anos 50.
Depois de uma década com as cores do FC Porto, António Teixeira decide afastar-se dos rectângulos de jogo. Após um pequeno interregno, o antigo internacional decide-se pela vida de treinador. Passa pelo Sp. Braga. Orienta Leixões, FC Porto e Boavista, até que chega ao Varzim. Na Póvoa, os resultados do seu trabalho haveriam de o pôr na história do clube. Vence, na época de 1975/76, o Campeonato da 2ª divisão; devolve o clube, na temporada seguinte, aos grandes palcos nacionais; e, em 1978/79, com um 5º lugar na tabela classificativa, consegue levar os “Lobos do Mar” à melhor classificação de sempre na sua história.

611 - VARZIM S.C.

Quando, no começo do século passado, o futebol chegou a Portugal, rapidamente a sua fama alastrou-se aos quatro cantos do país. Não conseguindo mostrar indiferença a tão popular modalidade, alguns estudantes poveiros iniciariam a sua prática.
É de um grupo de entusiastas, que nasce um dos primeiros emblemas da Póvoa do Varzim. O União Foot-Ball Club começa por ser um dos pontos de congregação destes jovens. Contudo, a paixão que os levaria a fundar tal agremiação, acabaria por, também ela, originar algumas cisões no seio do conjunto. Ora, por acharem que eram sempre preteridos na altura da escolha dos “onzes”, alguns elementos do clube, haveriam de, noutro caminho, procurar o entusiasmo que os tinha levado a tal desporto. É deste modo que, aproximadamente, um ano após a criação do União Foot-Ball Club, surge o Varzim Foot-Ball Club.
 A 25 de Dezembro de 1915, davam-se os primeiros passos daquele que é, actualmente, o maior emblema da cidade nortenha. Depois de constituído, nada melhor do que uma partida de futebol para dar início às hostilidades. O adversário escolhido só poderia ser um e, desse modo, o primeiro jogo do Varzim haveria de terminar com uma vitória por 9-5, sobre o União Foot-Ball Club!!!
No entanto, não há zanga que separe os verdadeiros amigos. Como acordado em assembleia geral, aqueles que de costas viradas andavam, voltariam a dar as mãos. A 25 de Março de 1916, os elementos do União Foot-Ball Club e do Varzim Foot-Ball Club decidem acabar com a contenda que os havia separado. Fundem-se os clubes e o nome alterar-se-ia para Varzim Sport Club.
Após um caminho difícil, onde, durante a década de 40, até o futebol deixou de existir, o Varzim lá foi cimentando a sua existência. Um dos grandes pilares dessa história haveria de ser o actual estádio. Aprovada a compra dos terrenos em 1929, só passados muitos anos, precisamente em 1944, é que se dá início à construção da bancada central. Com o clube a subir os degraus das divisões, seria já com a chegada à 1ª Divisão que decisivos empreendimentos (construção de novas bancadas; relva; campo de treinos) haveriam de ser tomados para o imóvel.
A temporada de 1963/64, já depois de na época anterior marcar estreia na Taça de Portugal, traça um dos capítulos mais importantes na vida do Varzim. A primeira presença no patamar maior do nosso futebol e as 8 temporadas que, consecutivamente, aí passariam, fariam dos “Lobos do Mar” um dos clubes importantes no panorama nacional. Em termos de resultados, a melhor classificação de sempre, aconteceria já no final dos anos 70. Depois de um período de 5 anos sem marcar presença entre os “grandes”, o Varzim, pela mão de António Teixeira, sublinha o seu regresso. Esse trabalho, sempre pelo comando do antigo internacional luso, haveria de atingir o seu ponto máximo na época de 1978/79. O 5º lugar na tabela classificativa, seria demonstrativo da força de um grupo cheio de figuras primodivisionárias.
Após este período áureo e de, na segunda metade dos anos 80, voltar a marcar presença regular na 1ª divisão, as prestações do Varzim deixariam de ser condizentes com o seu estatuto e história. Nos últimos 28 anos, excepção feita a 3 temporadas (1997/98; 2001/02; 2002/03), o emblema poveiro viveria afastado das maiores decisões do futebol nacional. De salutar foi o regresso do clube, para esta época de 2015/16, aos campeonatos profissionais e à 2ª Liga. A esperança é que o “Alvi-Negro” das suas camisolas volte, o mais rápido possível, a abrilhantar os grandes palcos do futebol português.

CENTENÁRIOS - VARZIM S.C.

A entrada neste novo mês, marca mais uma efeméride para o futebol nacional. Sem conseguirmos ficar indiferentes àquilo que são 100 anos, o “Cromo sem caderneta” volta a juntar-se a mais uma bela celebração. Desta feita, a vez é do Varzim. Assim, Dezembro, mais uma vez, será dedicado aos “Centenários”.