583 - WILLIAM

Depois de crescer no Botafogo, William, a convite de um antigo treinador seu, decide aventurar-se no lado de cá do Atlântico. Conhecedor das capacidades do atleta, Paulo Autuori, que acabava de abraçar um outro projecto, decide que o jovem central era o homem certo para liderar a defesa, no seu novo clube.
É deste modo que, para a temporada de 1987/88, William deixa o Brasil para, em Portugal, dar continuidade à sua carreira. No Nacional da Madeira encontra um emblema que, apesar de se encontrar no segundo escalão, tinha outras ambições. Esse sonho, alicerçado numa possível promoção, tornava o desafio bastante aliciante.
A tão almejada subida de divisão, aconteceria logo na temporada seguinte. Esse patamar alcançado, acabaria por trazer uma maior visibilidade aos que vestiam o “alvi-negro” do emblema funchalense. Toda essa promoção faria com que Paulo Autuori fosse convidado pelo Vitória de Guimarães, a assumir os destinos do plantel sénior. Contrato assinado, e um dos atletas que seguiria o treinador seria William.
A calma com que enfrentava os lances e o bom sentido posicional, combinados com uma leitura ímpar de todo o jogo, fariam com que, num espaço de um ano, outros horizontes se abrissem para o defesa.
Ora, quem andava atento a todas as suas habilidades, era o Benfica. As boas exibições ao serviço dos da “Cidade Berço”, clube que acabaria a temporada de 1989/90 num honroso 4º lugar, fariam com que da “Luz” chegasse um convite para uma nova mudança.
Já em Lisboa, William passaria as 5 épocas seguintes. Durante esse período, muito para além das experiências vividas – competições europeias; “clássicos” arrebatadores; o convívio com grandes nomes do futebol – o atleta começaria a acrescentar ao seu currículo mais alguns troféus. 2 Campeonatos (1990/91; 1993/94) e 1 Taça de Portugal (1992/93) são o saldo dessa sua passagem pelos “Encarnados”.
Ainda enquanto jogador do Benfica, a vida de William, para além dos números apresentados, era, igualmente, dada a “letras”. Não se esgotando na prática desportiva, o antigo jogador, que no Brasil já havia frequentado o curso de Fisioterapia, acabaria por abraçar os estudos, desta feita Psicologia – “Há uma sequência na nossa vida que não se interrompe quando deixamos de jogar. Não se trata de uma sequência social ou financeira (…), ao que me refiro é à continuidade intelectual (…)”.*
Por esta altura, o fim da carreira de William ainda era um cenário longínquo. E se isto era uma certeza, o que William não estaria à espera, era que a entrada de Artur Jorge no Benfica, levasse a uma “purga” no balneário da “Luz”.
Resultado desta renovação, o defesa acaba por prosseguir a sua vida profissional no estrangeiro. Primeiro com uma curta passagem pelos franceses do Bastia (1995/96) e, de seguida, em Espanha, ao serviço do Compostela, William daria continuidade à sua carreira futebolística.
Seria depois de regressar da Galiza, que o jogador aceitaria voltar a um dos seus antigos emblemas. No Minho, novamente no Vitória de Guimarães, William acabaria por dar os derradeiros passos no sentido da “reforma”, a qual aconteceria no final de 2001/02.
Ainda que afastado dos relvados, o antigo atleta vai continuado ligado à modalidade. Tanto nas funções de técnico, ou no papel de “olheiro”, William tem viajado um pouco pela Europa. Portugal, Espanha, França e Luxemburgo fazem parte deste seu périplo, onde se destaca a sua passagem pelo Olympique de Marseille, como elemento do departamento de prospecção.



*Retirado de “A Bola Magazine nº 79”, Dezembro 1993

582 - PEREIRINHA

Com a polivalência como principal arma, Pereirinha foi trilhando o seu caminho entre as selecções jovens portuguesas e os escalões de formação do Benfica. Tanto no meio-campo, como nas laterais da defesa, o jovem jogador lá ia mostrando que as suas habilidades eram feitas de verdadeiro talento. Essa mesma mestria seria reconhecida por John Mortimore, que, para o começo da temporada de 1977/78, o chamaria para os trabalhos do plantel principal.
Depois da estreia oficial frente aos dinamarqueses do B1903 Kobenhavn, partida a contar para a Taça dos Campeões Europeus, e apesar de, a espaços, ir dando o seu cunho aos jogos dos "Encarnados", Pereirinha, tapado por uma série de enormes talentos, acabaria por nunca conseguir afirmar-se como um dos principais trunfos benfiquistas.
Nesta senda, e já após inscrever o seu nome como um dos que, para época de 1979/80, ajudariam a conquistar a Taça de Portugal, Pereirinha deixa o Estádio da Luz. Com o objectivo de, regularmente, poder jogar, o atleta atravessa o Rio Tejo, em direcção à Margem Sul e ao Amora Futebol Clube. Tendo por companhia, e estrela maior do grupo, Vítor Baptista, o defesa/médio consegue ganhar um lugar no "onze inicial".
O bom trabalho realizado na Medideira, acabaria por devolvê-lo a um dos "grandes" do futebol nacional, neste caso o Belenenses. Contudo, os do Restelo, por essa altura (1982/83), atravessavam uma fase conturbada da sua vida. O clube, pela primeira vez na sua história, estava relegado à 2ª divisão. Ainda assim, as prestações de Pereirinha acabariam por ser bastante positivas, e obreiras do regresso do Belenenses ao escalão maior do nosso futebol.
Após uma temporada de bom nível ao serviço do Belenenses, e sem se entender bem o porquê, Pereirinha larga a Primeira Divisão para, com as cores do Farense, voltar aos escalões secundários. Mas aquilo que, nesse Verão de 1985, poderia parecer um retrocesso, acabaria por se tornar na maior etapa da sua carreira profissional.
Ora, 7 anos a representar os "Leões de Faro", fariam do jogador  um dos históricos dos algarvios. Já depois desse longo périplo, e de mais um derradeiro ano ao serviço do União de Montemor, Pereirinha deixa os relvados. Continuou ligado ao futebol, transmitindo as suas experiências aos aprendizes do Belenenses. No entanto, e apesar desse bonito legado, há uma outro que o deve deixar ainda mais orgulhoso. Esse dá pelo nome de Bruno Pereirinha, é o seu filho e passou a época de 2014/15, como jogador da Lazio de Roma.

581 - MENDES

Após fechar o ciclo da formação nas escolas do Benfica, e tal como para qualquer outro jovem na sua situação, o objectivo de Mendes seria o de vingar no plantel principal dos "Encarnados". Muito por culpa da presença dos internacionais Manuel Bento e António Botelho, esse sonho, com sua a utilização a ser praticamente nula, esfumar-se-ia bem depressa.
No entanto, num jovem tão promissor, soluções para o evoluir da sua carreira não faltariam. Rapidamente, no seu encalço apareceria a Académica. Nos "Estudantes", em jeito de interlúdio, o guarda-redes passaria a temporada de 1980/81. E se o escalão principal era, sem sombra de dúvidas, o seu lugar, seria já no Sporting de Espinho que, na época seguinte, daria jus a esse estatuto de primodivisionário.
No clube do Distrito de Aveiro, Mendes mostraria o porquê de lhe agoirarem um bom futuro. Elástico, de reflexos felinos e de uma bravura ímpar, o guardião lá ia conquistando o seu lugar. Titular nos "Tigres da Costa Verde", Mendes acabaria por ver o seu grupo, corria a temporada de 1983/84, falhar o objectivo da manutenção. Contudo, as suas boas exibições levariam a que outro nome com história no Sporting de Espinho, nele decidisse apostar.
A mudança para o Portimonense, liderado pelo técnico Manuel José, ocorreria no Verão de 1984. Em boa hora viria a transferência, pois os Algarvios estavam, por essa altura, prestes a encetar a melhor fase da sua história. Com o 5º posto garantido, nesse que seria o ano de estreia de Mendes, o que também ficaria assegurado para o clube, seria a participação na Taça UEFA. Na época seguinte, em favor de Vital, Mendes acabaria por não conseguir um lugar na lista dos que, em campo, disputariam a eliminatória com o Partizan de Belgrado. Apesar desta desilusão, o seu nome ficará, para sempre, ligado a este memorável episódio dos do Barlavento algarvio.
Alguns anos após ajudar a escrever essa brilhante página, a carreira de Mendes começaria a perder algum fulgor. Deixa o Portimonense e, sem ter completado os 30 anos de idade, começa a vogar pelos patamares secundários. Excepção feita à passagem pelo Marítimo (1990/91), Varzim, Sporting da Covilhã, Olhanense, e, ainda, um regresso a Portimão, seriam as paragens que preencheriam esse seu périplo pelo segundo escalão português.
Depois de terminar a sua carreira como futebolista, Joaquim Mendes decide-se pela vida de treinador. Como técnico, tem trilhado o seu caminho nos escalões "não profissionais". A grande curiosidade para este seu percurso vai para a Taça de Portugal, onde, por duas vezes, já levou os seus clubes (Lagoa e Sertanense) a cruzarem-se com os "gigantes" do futebol luso.

CROMOS PEDIDOS 2015

Depois de um (para aumentar a carga dramática desta ausência) forçado interregno, O "Cromo sem caderneta" está de volta! Regressamos no mês do nosso 5º aniversário para, como é apanágio por esta altura, darmos lugar aos nossos leitores. Mais uma vez, a voz de quem nos acompanha, será a que mais ordena. Assim sendo, este mês Junho será dedicado aos "Cromos Pedidos".