522 - ALBERTO BASTOS LOPES

Ser o irmão mais novo de uma "estrela" do Benfica e, ainda por cima, disputar um lugar no "onze" na mesma zona de intervenção que o dito familiar, deve ser algo, no mínimo, avassalador. No entanto, para Alberto Bastos Lopes, a presença de António a seu lado foi encarada de maneira bastante diferente - "Partilhar o balneário com o meu irmão foi uma satisfação dupla, um prazer enorme. Jogava no Benfica e tinha um irmão mais velho a servir de exemplo. Ele era um professor, tive sempre muita atenção a ele. Além de colegas, éramos apoio um do outro. Sempre fomos muito chegados, estivemos juntos no Benfica, morámos juntos e havia uma convivência enorme. Quando as coisas não corriam bem, estávamos lá um para o outro"*.
Depois de um empréstimo ao Estoril-Praia e do traquejo ganho, a entrada em definitivo no plantel "Encarnado" era um dado adquirido para o defesa. Deste modo, o início da temporada de 1980/81 afigurava-se para Alberto Bastos Lopes como o primeiro passo de uma carreira promissora. Categoria não lhe faltava. Diziam, até, que haveria de ser melhor que o irmão. Surpreendidos???!!! Talvez!!! Mas a verdade é que tudo apontava para tal, e o "à vontade " que mostrava com a bola nos pés - vulgarmente designada por técnica - apontava para um futuro brilhante. O pior é que num plantel onde, para a posição de defesa central, para além de António Bastos Lopes, estavam nomes como os dos internacionais Carlos Alhinho, Humberto Coelho ou Laranjeira, a esperança de um jovem jogador nunca pode ser muita!!!
Sem nunca chegar a titular absoluto, Alberto Bastos Lopes, ano após ano, ia mantendo-se como um dos elementos do plantel benfiquista. A polivalência que mostrava em campo, aliado ao facto de, quando chamado à equipa, mostrar exibições positivas, faziam dele um elemento apreciado pelos técnicos que o orientavam. Apesar disto, e dos títulos que ia amealhando (3 Campeonatos; 2 Taças de Portugal; 1 Supertaça), a sua ambição, e a de qualquer futebolista, era a de jogar. Ora, seria com esse intuito que as direcções do Benfica e do Belenenses, corria o defeso de 1984, acabariam por chegar a um acordo para a transferência do atleta, da "Luz" para o Estádio do Restelo.
Já ao serviço dos da "Cruz de Cristo", Alberto Bastos Lopes acabaria por dar outro folego à sua vida profissional. Aquilo que procurava, começar a jogar com regularidade, consegui-lo-ia. As exibições, essas, eram de incontestável qualidade. E se juntarmos a tudo isto, a prestação colectiva da sua equipa, com o Belenenses a conseguir ficar à beira dos lugares europeus, então, o caminho que para ele se desenhava era prometedor.
Surpreendentemente, o início da temporada seguinte traria uma surpresa - Alberto Bastos Lopes, ao contrário do que a lógica ditaria, mudava-se para o Penafiel!!! Esta toada, a de alternar de um emblema para outro, acabaria mesmo por marcar os últimos anos da sua carreira. Sp. Braga, Fafe e, já nas divisões secundárias, o Atlético, marcariam os seus derradeiros anos de futebolista.
Depois de se ter retirado, ainda antes de completar 30 anos de idade, Alberto Bastos Lopes dedicou-se às lides de treinador. Nessas funções tem passado por imensas colectividades dos escalões inferiores. Em 2003/04 haveria de ter uma passagem pela "formação" das "Águias", conseguindo, nada mais, nada menos, do que sagrar-se Campeão Nacional de Juniores.


* Retirado do artigo "Irmãos no futebol: um antigo «debate» no Benfica", por Luís Pedro Ferreira (Mais Futebol)

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