497 - HODGSON

Como jogador, a sua carreira seria, usando o melhor eufemismo de que me lembro, discreta. Até começou num dos emblemas com tradição em Inglaterra. Mas assim que acabou a formação no Crystal Palace, imediatamente se viu no caminho dos escalões inferiores.
Tonbridge Angels, Gravesend & Northfleet, Maidstone United, Ashford Town, Carshalton Athletic e, até, os sul-africanos do Berea Park serviram como sua "morada"! Nomes desconhecidos, é certo! Contudo, tão anónimos quanto o era, à altura, o de Roy Hodgson!
Como é óbvio, dinheiro não é coisa que esteja a associado a clubes amadores! Ora, como a "vontade" não é suficiente para pagar as contas, o jovem defesa teve que fazer pela vida. Assim, ao mesmo tempo que ia “espalhando magia” pelos relvados, Hodgson aplicava-se nos estudos. Chegou a professor de Educação Física e, paralelamente, acabaria por tirar o curso de treinador.
Foi esta última apetência que o levou à Suécia, corria o ano de 1976. Por sugestão do seu antigo colega de escola, Bob Houghton, treinador que levou o Malmö FF à final da Taça dos Campeões Europeus de 1979, o Halmstad oferecer-lhe-ia um contrato de trabalho. Sem qualquer currículo, Hodgson revelava-se como uma aposta arriscada. Contudo, cinco anos depois da sua chegada, tudo estava mudado. Para isso bastou-lhe uma coisa: inverter o destino que a sua equipa tomava. Dois Campeonatos, 1976 e 1979, foram mais que suficiente para tornar uma equipa que lutava pela permanência, numa das melhores daquele país. Claro, para Hodgson também a sua fama mudou… e de "grande risco" passou a "certeza".
Já depois de uma passagem pelo Bristol City, onde, numa primeira fase adjuvou o seu amigo Bob Houghton e, de seguida, comandou a equipa, Roy Hodgson regressou à Suécia. Começou no Oddevold, passou para o Örebro e, finalmente, assinaria pelo Malmö FF. Aqui, a sua chegada serviria para relembrar o seu estatuto de estrela. Afastado há uns anos da ribalta, e com isso, beliscada a sua imagem, 5 Campeonatos consecutivos e a vitória em 2 Taças, devolver-lhe-iam o brilho.
Apesar de tudo, Roy Hodgson continuava a ser um ilustre desconhecido. No mundo do futebol o seu nome raramente era falado e só os mais atentos sabiam da sua existência. Foi uma dessas pessoas que o chamou para o comando da Suíça. A partir desse momento a vida profissional de Roy Hodgson começou a mudar. Apurou a sua selecção, algo que não acontecia há cerca de 30 anos, para um Mundial; entre os adeptos daquele país, o feito transformou-o numa divindade; e, depois, com a passagem aos 1/8 final do EUA 94, começou a ser tido com outro respeito.
Hoje em dia, talvez falte ao técnico britânico uma constância de títulos para que possa ser, em definitivo, um nome consensual no futebol. É certo que momentos de louvável valor, não lhe faltam na sua carreira. Já nem digo os que viveu na Suécia. Falo, por exemplo, das duas finais da Taça UEFA (Inter e Fulham) em que já esteve presente, ou ainda o título de "Manager" do ano para a Liga Inglesa (Fulham, 2010).
Talvez tenha sido isso, um reconhecimento unanime, que Hodgson procurou quando assinou pela selecção inglesa. Contudo, as coisas não têm corrido de feição para o técnico. Se, por um lado, todos louvam o trabalho que tem feito ao nível da renovação e lançamento de novos atletas, por outro, faltam os resultados no campo desportivo. Isso mesmo ficou provado neste último mundial. A Inglaterra, que no último Europeu ainda chegou aos 1/4 final, no certame realizado no Brasil, quedou-se pelo último lugar do seu grupo. Pior ainda são os números, onde 1 empate e 2 duas derrotas ilustram, e de que maneira, a paupérrima prestação dos "Three Lions".

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