447 - ABEL SILVA

Todo o percurso que levou um grupo de jovens futebolistas a conseguir sagrar-se campeões do mundo, é, por si só, o mote certo para uma conversa interessante. No entanto, nesta simples caminhada (se é que "simples" é palavra que se pode utilizar neste tipo de episódios!!!) houve alguns momentos mais curiosos que outros. Uma das histórias mais engraçadas passou-se com Abel Silva. Como titular que era, nessa selecção que em 1989 venceu o Campeonato do Mundo s-20, o jovem lateral direito foi um dos escolhidos para disputar a final do troféu. Antes do início dessa partida de Riade, todos os que ali se encontravam no relvado do Estádio International King Fahd, acabariam por ter o prazer de ver Pelé a cumprimentar cada um deles. Foi, então, que Abel Silva, no alto da sua jovem irreverência, se lembra de dizer algo - "Na altura em que estamos todos em fila, o Pelé vem cumprimentar um a um e disse-lhe sem pensar: «vou marcar um golo igual aos seus»". Não sei se, alguma vez, o poderemos considerar como tal, mas a verdade é que haveria de ser com um espectacular e portentoso pontapé à entrada da grande área, que Abel Siva se tornaria no primeiro dos marcadores daquele que foi o derradeiro jogo do torneio.
Esse 44º minuto da primeira parte, ficará para sempre na memória do futebol nacional, contudo a carreira de Abel Silva teve um pouco mais do que aquela belíssima finalização. Assim, tendo terminado a sua formação no Benfica, foi com naturalidade que ocorreu, na mesma temporada para que o referido campeonato estava marcado, a sua transição para a categoria sénior. Como é natural nestas alturas da carreira de um profissional, pouco haveria de ser utilizado. Contudo, bastaria uma partida (1-0, em casa, frente ao Sp.Braga) para que, também ele pudesse erguer o troféu atribuído aos campeões nacionais.
As três épocas que se seguiriam, muito em parte devido à forte concorrência que enfrentava dentro do plantel "encarnado", fizeram com que o defesa abandone o clube e, a título de empréstimo, represente, sucessivamente, Académica, Penafiel e Marítimo. No regresso à "casa mãe", apesar de continuar afastado do "onze inicial", trouxe a Abel Silva a oportunidade de conquistar mais um título, o Campeonato de 1993/94.
Com a revolução perpetrada por Artur Jorge, Abel Silva acaba por ser um dos preteridos pelo técnico português. Começa por essa altura um verdadeiro périplo, que, por entre os principais escalões nacionais, o leva a representar uma série considerável de emblemas, dos quais podemos destacar Vitória de Setúbal, Felgueiras, Campomaiorense, Estoril-Praia, Alverca e Atlético.

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