412 - FIDALGO

Quando, ainda júnior, Fidalgo se transferiu do Sp. Espinho para o Benfica, sabia à partida que a sua vida não iria estar facilitada. Mais consciência deve ter tido disso, quando subiu à primeira categoria e deparou, como seus concorrentes, com José Henrique e, uns anos mais, com Manuel Bento. Tal competição pelo lugar de guarda-redes, fez com que o promissor atleta, na hora de ser escalonada a equipa, ficasse remetido para segundo e terceiro plano. Começaram então os empréstimos a outros emblemas. Assim, entre Leixões e Sp. Braga, intercalados com uma temporada de regresso, Fidalgo mostrou, principalmente na "Cidade dos Arcebispos", que continuava a ter os predicados de um guardião ágil, arrojado e muito elegante entre os postes. Aliás, seria nessa época de 1976/77 que o emblema minhoto atingiria a final da Taça de Portugal. Nessa derradeira e muito almejada partida, daquela que é a segunda competição mais importante em Portugal, o seu nome seria a escolha para o "onze" titular bracarense. No entanto, e apesar da vontade de cumprir o desígnio de manter invioláveis as suas redes, Fidalgo não conseguiria evitar que Fernando Gomes, aos 9 minutos da segunda metade do jogo, fizesse o tento que ditaria o fim do sonho para o Sp. Braga.
Depois dessa temporada em altíssimo plano, o regresso de Fidalgo ao Estádio da "Luz", ter-se-á feito envolto noutras esperanças. A verdade é que o cenário continuava igual, ou seja, os nomes que com ele disputavam o lugar à baliza eram os mesmos. Esse contexto, mais uma vez, fez com que o jogador fosse esquecido. É então que no Verão de 1979, no meio de muita polémica, que envolveria a ida de Botelho e Laranjeira do Sporting para as "Águias", e, em Sentido contrário, a partida de Eurico, que Fidalgo passa também para o outro lado da 2ª Circular.
Na sua época de estreia de "Leão" ao peito, Fidalgo dividiria a protecção do último reduto leonino, com o seu companheiro de posição, António Vaz, contribuindo, e de que maneira, para o sucesso do grupo rumo à conquista do Campeonato Nacional de 1979/80. Já na temporada que se seguiu, e quando tudo apontava para que continuasse nesta senda, uma grave ruptura muscular atirá-lo-ia para uma longa recuperação, fazendo com que perdesse a oportunidade de lutar pela camisola número 1. A partir desse momento, Fidalgo, tal como anteriormente, deixou de estar na linha da frente para ocupar o lugar. Por isso, e já depois de conseguir a "dobradinha" de 1981/82, decidiu que o melhor para a sua carreira era rumar a Norte e ao Salgueiros. Mas aquela que começaria como uma outra qualquer temporada, revelar-se-ia de uma particularidade e importância extraordinária para si - "Octávio Machado abandonou o clube numa altura em que eu não podia jogar por me encontrar lesionado. Por isso pediram-me para ficar como treinador. Foi o que aconteceu até final da temporada e conseguimos a manutenção nesse ano, o que foi algo de extraordinário dado que estávamos praticamente condenados". No entanto, essa experiência, que até podia ter sido vista como um acrescer de valências para o atleta, apenas fez com novas portas se fechassem. Ele que, aos 32 anos, legitimamente, queria continuar pelos relvados, por razão dessa "passagem pelo banco", via agora serem-lhe negadas novas oportunidades. A solução passaria pelo segundo escalão, onde, ao serviço do Estoril-Praia, encontrou novo poiso. Contudo, como o próprio o viria a confessar, "a motivação já não era a mesma", e ao fim de dois anos, acabaria por pôr um ponto final na carreira, transitando, mais uma vez, para o comando da equipa.
Depois de uma carreira de treinador sem grande brilho, Fidalgo tem-se destacado como comentador desportivo. De relevo, ficam as suas passagens pelos programas televisivos da RTP, e também, à moda antiga, pelas rádios, como é o exemplo da Rádio Renascença.

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