411 - DANI

Ainda antes de se mostrar nas categorias principais, já Dani era visto como um dos talentos emergentes do futebol português, tanto no Sporting como na Selecção Nacional. Aliás, um dos momentos inesquecíveis da sua carreira, isto já no seu ano de estreia como sénior, vivê-lo-ia, ao serviço de Portugal, no Mundial de S-20 de 1995, disputado no Catar. Esse lance memorável, cópia de um idealizado por Alex Fergusson quando este, nos anos 80, orientava o Aberdeen, passou-se na marcação de um livre, numa zona lateral do campo, próxima da grande área adversária. Dani e Bruno Caires, fingindo os dois ter intenção de marcar o castigo, acabam por correr em simultâneo para a bola, esbarrando um no outro e empurrando-se. No meio deste pequeno engodo, os defesas holandeses distraem-se. Aí, Dani marca o livre rapidamente, e centrando a bola para a área, encontra ao segundo poste, a cabeça de Agostinho, que, desta maneira, acaba por fazer o golo.
Também no Sporting, as suas qualidades futebolísticas eram apreciadas. Com uma técnica e compreensão do jogo excepcionais, uma capacidade de passe primorosa e um instinto suficiente para, também ele, conseguir uma boa dose de golos, o médio ofensivo destacava-se, igualmente, por outras razões. Como rapidamente foi entendido pelos responsáveis leoninos, o jovem craque formado na casa, começara a ganhar gosto pela vida boémia, aparecendo muitas vezes nos treinos, segundo consta, vindo directamente das noitadas. No intuito de o desviar do círculo de amigos e tentações noctívagas, o Sporting decide enviá-lo para Londres para, por empréstimo, rodar no West Ham. No entanto, se o objectivo era a sua reabilitação, rapidamente o jovem atleta descobriu onde se divertir fora de horas, e Harry Redknapp, o seu treinador, depois de Dani ter chegado atrasado a um treino, acabaria por dispensá-lo. Há, no entanto, uma outra versão contada pelo antigo futebolista. Dani chegou a dizer que a sua súbita desmotivação, deveu-se à surpreendente decisão do técnico inglês de não o pôr a jogar mais até ao final dessa temporada de 1995/96. Segundo o lhe dissera o treinador, essa sua decisão não se prendia com as prestações do médio, muito pelo contrário, mas pelo facto do "manager" não o querer valorizar muito, para assim, no final da época, o poder negociar com o Sporting por uma quantia mais acessível.
No Verão de 1996, os holandeses do Ajax decidem apostar no internacional português. Apesar de nunca se conseguir afastar da fama de "playboy", Dani passaria em Amesterdão, os melhores anos como profissional de futebol. Conseguiria conquistar 1 Campeonato e duas Taças e, muito para além disso, começaria a jogar, sem nunca chegar a ser indiscutível, com alguma regularidade.
O regresso a Portugal deu-se pelas mãos do Benfica. Apesar das promessas do atleta, que dizia chegar à "Luz" para ajudar o emblema, a sua carreia de "Águia" ao peito, quedou-se por muito curta. Mais uma vez, os seus entreténs, bem à margem daquela que deveria ser a sua actividade principal, estorvariam o seu desempenho profissional. Assim, ao fim apenas de 5 partidas, e na sequência de um processo disciplinar, Dani haveria de ser despedido.
A sua última etapa, temos que ser sinceros, deve-a à admiração que Paulo Futre nutre por ele. Com esperança de o recuperar, a antiga estrela do futebol nacional, à altura dirigente do Atlético de Madrid, estende a mão ao médio e leva-o para capital espanhola. Apesar dos "Colchoneros" estarem na segunda divisão, mais uma vez, Dani parecia estar a enveredar pelo caminho certo. Contudo, pouco mudara, e tal como contado no livro de Paulo Futre, "El Portugués", nem o susto que este lhe pregou, o fez preferir os relvados às discotecas e clubes nocturnos - “Filho de uma grande p..., cab... de m.... Vai ser a primeira e última vez que jogas. Vou buscar uma pistola durante o jogo, seu filho da p... E quando terminares não te vou dar um tiro no joelho. Vou dar-te um tiro nos dois joelhos e nos dois pés. Cab... de m... Passaste todos os limites (...) Levantei-me, dei a volta à secretária com a pistola na mão e desatei aos gritos: Qual é o joelho que queres, cab...? O direito ou o esquerdo. Diz-me filho da p...”.
Para aqueles que ainda tinham esperanças de o ver emergir como uma grande estrela, a desilusão deve ter sido enorme quando, com apenas 27 anos, Dani resigna-se ao facto daquela não ser a sua paixão, e decide pôr um ponto final na sua carreira como profissional.
Hoje em dia, Dani voltou a estar mais próximo do futebol, não dentro de campo, nem sequer a orientar uma equipa, mas como comentador de programas desportivos no canal de televisão TVI.

5 comentários:

Ruben Cunha disse...

Só mesmo num país como a Holanda é que o podiam aceitar. Desconhecia o convite do Futre, há mais pormenores? Que fez ele exactamente para merecer tal reprimenda?

Bruno Cunha Vitória disse...

Fez, basicamente, o mesmo que foi fazendo ao longo da carreira... borga!!!!

Ruben Cunha disse...

Já agora, não podes partilhar aqui o vídeo do famoso livre??

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

~http://www.youtube.com/watch?v=k23YeT_hXqA

Podes ver o golo aqui nesta pequena entrevista... é logo como começa.

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Também podes ver o "original", o tal idealizado por Alex Fergusson, um pouco antes do minuto 7 ...

http://www.youtube.com/watch?v=XA-N9Opv9k0