400 - CARLOS JORGE

Jogou durante alguns anos no Barreirense da sua cidade natal, o Funchal, até que, já bem perto do final daquilo que é o trajecto normal de formação de qualquer um jogador, o Marítimo decide-se pela sua contratação. Foram dois anos a militar nas camadas jovens dos "Verde-Rubros", até que no Verão de 1985, naquela que era a preparação para a época que se avizinhava, Carlos Jorge, agora com 18 anos de idade, é chamado aos trabalhos da equipa principal.
Os primeiros anos foram de difícil adaptação, àquela que era uma realidade competitiva bem diferente da do universo júnior. Carlos Jorge poucas vezes era utilizado e a solução acabaria por ser o empréstimo aos vizinhos do União da Madeira, à altura a disputar o segundo escalão português.
Já o regresso, para o defesa, e para equipa também, trouxe um atleta completamente diferente. Carlos Jorge, tal como era perspectivado pelos seus responsáveis técnicos, afirmar-se-ia no eixo da defesa, acabando por se tornar num verdadeiro esteio daquele que era o sector mais recuado da sua equipa.
O seu crescimento dentro de campo era agora mais do que notório. O central madeirense sabia impor-se aos avançados adversários, utilizando as suas melhores armas: o poderoso físico e um jogo de cabeça muito acima da média. Foram essas suas características que, rapidamente, o puseram num lugar de destaque entre os da sua posição. Era incontornável que poucos haviam, no Campeonato Nacional, melhores do que ele. Assim, não foi de estranhar que o Sporting, à procura de colmatar as saídas dos seus dois habituais titulares, Venâncio e Luisinho, decidisse nele apostar. À frente da turma de Alvalade estava, nessa temporada de 1992/93, o recém-chegado Sir Bobby Robson. O conceituado treinador inglês preparava a equipa para o ataque ao título e Carlos Jorge estava na linha da frente, uma das suas principais armas, para essa desejada mudança. Por essa razão, seria ele uma das escolhas para o onze titular da jornada de abertura do, já referido, Campeonato. Contudo, e apesar deste seu começo auspicioso, o atleta, alguns jogos depois, acabaria, definitivamente, ultrapassado pelos seus colegas de posição e relegado para o banco de suplentes.
Sem nunca conseguir afirmar-se, isto já depois de ter disputado, e perdido, a final da Taça de Portugal 1993/94, Carlos Jorge torna à Madeira. Na volta ao Marítimo, naquela má sina de estar sempre do lado errado da contenda, repete a derrota do ano anterior no Jamor. Desta vez contra a sua antiga equipa, Carlos Jorge, a defender as cores do Marítimo, perde mais uma vez o derradeiro jogo daquela que é a segunda maior prova nacional.
Apesar deste desaire a sua afirmação no Marítimo torna-se cada vez mais sólida. O defesa é por esta altura um dos principais pilares e uma das figuras históricas dentro do plantel. O reconhecimento, já esperado, não demorou a chegar e a braçadeira de capitão haveria de encontrar no seu braço, um poiso ideal.
Carlos Jorge haveria de se retirar das lides futebolísticas com o virar do século. Para trás ficariam 15 épocas como atleta, as suficientes para que o seu amor ao clube nunca fosse esquecido. Amor esse, que hoje, e de há uns anos a esta parte, o leva a encarar com responsabilidade uma nova fase na sua vida profissional, abraçando, entre a equipa principal e a "B", as funções de treinador-adjunto.

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