Se muitos da chamada "Geração de Ouro" comemoraram o primeiro grande título num dos Mundiais de sub-20 ganhos por Portugal, Fernando Couto, por altura do torneio disputado em 1989 na Arábia Saudita, já contava no currículo com a vitória no Campeonato Nacional de 1987/88. Com o referido troféu interno a assinalar o começo de uma grande carreira, o defesa, à altura, era ainda um praticante com pouca experiência no escalão sénior. Como é norma nesses casos, a solução passou pelo empréstimo a outras equipas, cedências a levá-lo, respectivamente em 1988/89 e 1989/90, às camisolas do Famalicão e da Académica de Coimbra.
Apesar das passagens pelos escalões inferiores do futebol luso, cedo ficou perceptível que o lugar de Fernando Couto era junto aos “grandes” da modalidade. A garra com que entrava em campo, a paixão mostrada em cada disputa de bola, mas, sobretudo, as qualidades posicionais e de entendimento das suas funções dentro do jogo, faziam dele um verdadeiro predestinado. Nesse sentido, os excelentes desempenhos conseguidos durante os empréstimos levaram-no, meritoriamente, de volta ao antigo Estádio das Antas. Com o regresso a acontecer na temporada de 1990/91, o jogador rapidamente conquistou um lugar junto dos titulares e, com a frequência das chamadas ao “onze”, para além das conquistas de títulos, o defesa-central continuou a ganhar experiência competitiva. Porém, apesar do acréscimo de jogos disputados, por norma, significar o contrário, o defesa teimava em manter uma fogosidade bastante particular e, digamos, um pouco excessiva. Essa impetuosidade acabou a pô-lo numa situação bastante constrangedora. Numa jornada a opor o Benfica ao FC Porto, Carlos Mozer, um enorme “rato” da modalidade, ao reconhecer no portista alguma imaturidade, provocou-o até à exaustão. Foi então que o atleta "azul e branco", mais do que saturado, respondeu com uma cotovelada. Para o jovem atleta, o acto irreflectido teve resultados bem piores do que os esperados e muito para além da expulsão e de ter passado, por ordem de Bobby Robson, a treinar à parte do restante plantel dos “Dragões”, Fernando Couto teve ainda de lidar com a sua consciência – "O dia mais difícil foi a segunda-feira a seguir ao jogo. Foi muito mau. Dormi mal, não saí de casa, desliguei os telefones, não vi televisão, não comprei jornais, acho que foi dos piores dias da minha vida. (...) tenho a perfeita consciência do que se passou; sei o que fiz, mas não quero que me associem ao comportamento que tive naquele momento. Foi um incidente, um caso pontual, algo que aconteceu no momento e pronto"*.
No final dessa época de 1993/94, tal como perspectivado, Fernando Couto começou a ser cobiçado por outros emblemas. Com 3 Campeonatos Nacionais e 2 Taças de Portugal a abrilhantar-lhe o currículo, o jogador rumou a Itália. Em dois anos de Parma, também pela conquista da Taça UEFA de 1994/95, o atleta conseguiu efectivar-se como um central do mais alto gabarito europeu. Foi esse mérito, dois anos volvidos sobre a chegada ao “Calcio”, a levá-lo a embarcar numa nova aventura. Com Bobby Robson ao leme do FC Barcelona, da Catalunha chegou o convite para o internacional português. Não se sabe o quanto ponderou na decisão tomada, mas o contrato que veio a assinar na temporada de 1996/97 catapultou-o para mais uma série de vitórias, das quais 1 La Liga, 2 Copas del Rey, a Taça dos Vencedores das Taças de 1996/97 e a Supertaça da UEFA da campanha seguinte.
Por mais incrível que pareça, a chegada de Louis van Gaal ao comando técnico dos "Blaugrana", acabou a empurrar Fernando Couto para a condição de segunda escolha. A decisão do holandês fez com que o jogador decidisse voltar ao "Calcio". Com isso, embarcou naquele que veio a ser o maior período de tempo a envergar a mesma camisola. Mas muito para além desse curioso facto, a escolha da Lazio confirmou-se como muito acertada, com os "Romanos" a regressarem ao topo do futebol italiano e também do "Velho Continente". A prova chegou com a conquista do "Scudetto" de 1999/00 e com a vitória na Taça dos Vencedores das Taças de 1998/99.
A acompanhar todo o sucesso a nível clubístico, esteve também o seu percurso com a selecção nacional e as presenças nas fases finais das principais competições, nomeadamente a chamada a 3 Europeus e a 1 Mundial. Outra marca de Fernando Couto com a "camisola das quinas" foi o número de internacionalizações “A” conseguidas, fazendo do defesa um dos “centenários” do conjunto luso, com um acumular de 110 jogos cumpridos por Portugal.
Todavia, “não há bela sem senão” e a carreira de Fernando Couto ainda conheceu outra polémica quando, em 2001, veio a ser apanhado num caso de doping. Após cumprir um castigo de 9 meses, o jogador continuou a representar a Lazio até ao termo da campanha de 2004/05. Seguiram-se 3 épocas no Parma e o fim da caminhada competitiva, já bem perto de completar 40 anos de idade.
Hoje, depois da experiência como director-desportivo do Sporting de Braga e de uma curta passagem, como treinador, pela Índia, Fernando Couto é um dos adjuntos de Jesualdo Ferreira, na equipa técnica dos "Guerreiros do Minho".
*retirado da entrevista de Rui Dias e Sérgio Alves, publicada em "A Bola Magazine nº82", em Março de 1994
Apesar das passagens pelos escalões inferiores do futebol luso, cedo ficou perceptível que o lugar de Fernando Couto era junto aos “grandes” da modalidade. A garra com que entrava em campo, a paixão mostrada em cada disputa de bola, mas, sobretudo, as qualidades posicionais e de entendimento das suas funções dentro do jogo, faziam dele um verdadeiro predestinado. Nesse sentido, os excelentes desempenhos conseguidos durante os empréstimos levaram-no, meritoriamente, de volta ao antigo Estádio das Antas. Com o regresso a acontecer na temporada de 1990/91, o jogador rapidamente conquistou um lugar junto dos titulares e, com a frequência das chamadas ao “onze”, para além das conquistas de títulos, o defesa-central continuou a ganhar experiência competitiva. Porém, apesar do acréscimo de jogos disputados, por norma, significar o contrário, o defesa teimava em manter uma fogosidade bastante particular e, digamos, um pouco excessiva. Essa impetuosidade acabou a pô-lo numa situação bastante constrangedora. Numa jornada a opor o Benfica ao FC Porto, Carlos Mozer, um enorme “rato” da modalidade, ao reconhecer no portista alguma imaturidade, provocou-o até à exaustão. Foi então que o atleta "azul e branco", mais do que saturado, respondeu com uma cotovelada. Para o jovem atleta, o acto irreflectido teve resultados bem piores do que os esperados e muito para além da expulsão e de ter passado, por ordem de Bobby Robson, a treinar à parte do restante plantel dos “Dragões”, Fernando Couto teve ainda de lidar com a sua consciência – "O dia mais difícil foi a segunda-feira a seguir ao jogo. Foi muito mau. Dormi mal, não saí de casa, desliguei os telefones, não vi televisão, não comprei jornais, acho que foi dos piores dias da minha vida. (...) tenho a perfeita consciência do que se passou; sei o que fiz, mas não quero que me associem ao comportamento que tive naquele momento. Foi um incidente, um caso pontual, algo que aconteceu no momento e pronto"*.
No final dessa época de 1993/94, tal como perspectivado, Fernando Couto começou a ser cobiçado por outros emblemas. Com 3 Campeonatos Nacionais e 2 Taças de Portugal a abrilhantar-lhe o currículo, o jogador rumou a Itália. Em dois anos de Parma, também pela conquista da Taça UEFA de 1994/95, o atleta conseguiu efectivar-se como um central do mais alto gabarito europeu. Foi esse mérito, dois anos volvidos sobre a chegada ao “Calcio”, a levá-lo a embarcar numa nova aventura. Com Bobby Robson ao leme do FC Barcelona, da Catalunha chegou o convite para o internacional português. Não se sabe o quanto ponderou na decisão tomada, mas o contrato que veio a assinar na temporada de 1996/97 catapultou-o para mais uma série de vitórias, das quais 1 La Liga, 2 Copas del Rey, a Taça dos Vencedores das Taças de 1996/97 e a Supertaça da UEFA da campanha seguinte.
Por mais incrível que pareça, a chegada de Louis van Gaal ao comando técnico dos "Blaugrana", acabou a empurrar Fernando Couto para a condição de segunda escolha. A decisão do holandês fez com que o jogador decidisse voltar ao "Calcio". Com isso, embarcou naquele que veio a ser o maior período de tempo a envergar a mesma camisola. Mas muito para além desse curioso facto, a escolha da Lazio confirmou-se como muito acertada, com os "Romanos" a regressarem ao topo do futebol italiano e também do "Velho Continente". A prova chegou com a conquista do "Scudetto" de 1999/00 e com a vitória na Taça dos Vencedores das Taças de 1998/99.
A acompanhar todo o sucesso a nível clubístico, esteve também o seu percurso com a selecção nacional e as presenças nas fases finais das principais competições, nomeadamente a chamada a 3 Europeus e a 1 Mundial. Outra marca de Fernando Couto com a "camisola das quinas" foi o número de internacionalizações “A” conseguidas, fazendo do defesa um dos “centenários” do conjunto luso, com um acumular de 110 jogos cumpridos por Portugal.
Todavia, “não há bela sem senão” e a carreira de Fernando Couto ainda conheceu outra polémica quando, em 2001, veio a ser apanhado num caso de doping. Após cumprir um castigo de 9 meses, o jogador continuou a representar a Lazio até ao termo da campanha de 2004/05. Seguiram-se 3 épocas no Parma e o fim da caminhada competitiva, já bem perto de completar 40 anos de idade.
Hoje, depois da experiência como director-desportivo do Sporting de Braga e de uma curta passagem, como treinador, pela Índia, Fernando Couto é um dos adjuntos de Jesualdo Ferreira, na equipa técnica dos "Guerreiros do Minho".
*retirado da entrevista de Rui Dias e Sérgio Alves, publicada em "A Bola Magazine nº82", em Março de 1994
1 comentário:
Uma das figuras marcantes do futebol português nos anos 90.
Cumprimentos
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