390 - FERNANDO AGUIAR

Depois de, com dois anos apenas, ter, juntamente com a sua família, emigrado para o Canadá, este natural de Chaves, haveria de ter a sua primeira grande paixão no desporto, influenciado, por certo, pela cultura da nação que o adoptou, através do hóquei no gelo. Chegou praticar a dita modalidade com sucesso, mas um dia o seu primo, de partida para uma férias em Portugal, perguntou-lhe se o queria substituir na sua equipa de "soccer". Fernando Aguiar concordou. Foi então fazer os respectivos testes e tendo agradado ao treinador, por lá ficou... a jogar a ponta-de-lança!!!
Depois de passar por alguns clubes canadianos - Oshawa, onde se sagraria campeão, ou os Toronto Blizzard -, Fernando Aguiar, por essa altura já feito "trinco", haveria de ter a oportunidade de se treinar à experiência no Marítimo. Mais uma vez conseguiria convencer os responsáveis técnicos da sua utilidade dentro do plantel, e, mesmo sem ser muitas vezes chamado ao "onze", por lá ficou durante a temporada de 1994/95. A meio surge a convocatória da equipa nacional canadiana, e Fernando Aguiar, que até já tinha representado, noutras categorias, o seu o país de acolhimento, faz a sua estreia pela selecção principal. A partida, curiosamente, seria frente a Portugal no mítico torneio "SkyDome", de onde, se ainda bem se lembram, a "Equipa das Quinas" sairia com o troféu.
De seguida, depois do pouco sucesso com a camisola "Verde-Rubra", a sua carreira haveria de sofrer um pequeno deslise, e os anos que se seguiriam passá-los-ia militando nas divisões secundárias portuguesas. Contudo, a sua atitude na vida sempre foi idêntica à vivida dentro dos relvados e o médio-defensivo, lutador como ninguém, acabaria por ver recompensada a sua perseverança quando, na época de 1999/00, o Beira-Mar consegue a promoção ao escalão máximo do nosso futebol. A partir daí conseguiria, ao mais alto nível, mostrar as suas qualidades, as quais faziam dele um praticante pouco, ou mesmo nada, elegante no trato da bola, mas essencial na recuperação defensiva da mesma.
Terão sido essas suas características - agressividade dentro de campo; abnegação; poder físico; capacidade de desarme - que fizeram com que o Benfica quisesse, mesmo já tendo o jogador à altura 29 anos, apostar no seu contributo.
Não só para ele, adepto das "Encarnados" desde pequeno, mas para toda a sua família (a mãe chegou a ser Presidente da Casa do Benfica de Toronto), esse momento haveria de ser um concretizar de um grande sonho. À "Luz" chegaria num momento de transição. O clube tinha recentemente acabado de sair de uma das piores fases da sua história e a chegada de um novo Presidente anunciava mudanças. Mas se a primeira temporada (2001/02) acabaria com um empréstimo à União de Leiria, já a sua segunda passagem, sob o comando de José Camacho, teria outro sabor, com Fernando Aguiar a ser um dos mais utilizados e, principalmente, pela vitória na Taça de Portugal dessa época, a de 2003/04.
Curiosamente, talvez não tanto se atendermos à sua idade (32 anos), essa partida do Jamor marcaria o fim da vida de "Águia" ao peito. Tenta então a Suécia, mas uma lesão no menisco, faz com a sua passagem pelo Landskrona pouco mais de insignificante tenha sido.
Regressa a Portugal e depois de representar Penafiel e Gondomar, decide-se pelo fim da carreira.
Hoje em dia abandonou o futebol, do qual diz ser "como a política" e no qual "é preciso ter cunhas e puxar o saco o máximo". Afastou-se e preferiu uma actividade completamente diferente - é, juntamente com a sua esposa, proprietário de um cabeleireiro.

Sem comentários: