386 - NEGRETE

Dono de um considerável rol de golos extraordinários, haveria de ser o tento marcado nos oitavos-de-final do Mundial de 1986, frente à Bulgária, que, definitivamente, o revelaria aos olhos do mundo do futebol.
Conta-se que antes do começo da dita partida, Negrete confessaria a um colega de equipa que aquele haveria de ser o dia em concretizaria o golo que lhe abriria as portas da Europa. Javier Aguirre, muito para além de seu confidente nos momentos que antecederam a partida, haveria, também ele, de ser uma preciosa ajuda na concretização desse sonho, quando, à entrada da grande área, e ao receber a bola passada por Negrete, instantaneamente a devolve a este. Depois, veio um esplendoroso e espontâneo "pontapé de moinho", que ao bater o antigo guardião do Belenenses, Borislav Mihaylov, acabaria por abrir o marcador no Estádio Azteca (assista aqui ao vídeo).
Se foi este ou não o verdadeiro móbil para que Presidente João Rocha, logo nesse imediato defeso, usou para o ir contratar ao UNAM ("Pumas"), nunca haveremos de saber! O que é verdade, é que o antigo médio-ofensivo assinou pelo Sporting no Verão de 1986.
Com um passado desportivo, onde, por exemplo, se incluía a conquista de um Campeonato Mexicano e uma série de internacionalizações pelo seu país, Manuel Negrete era, à altura da sua chegada a Alvalade, um atleta bem rodado. Contudo, ao contrário do esperado para alguém com a sua experiência dentro do campo, o centrocampista encontraria enormes dificuldades em se adaptar ao futebol europeu.
Se, por um lado, a sua capacidade técnica elevada era, de longe, a sua melhor arma, por outro, a sua fisionomia franzina fragilizava-o. Demasiado exposto ao, tão típico deste lado de cá do Oceano Atlântico, forte contacto físico, Negrete ver-se-ia impedido de mostrar toda a sua habilidade. Assim, passado pouco tempo após a sua chegada, Negrete voltaria a partir. Ainda teve, por sinal bem mais efémera, uma passagem pelo Sporting Gijon. No entanto, pouco mais fez para justificar o estatuto de estrela com que havia chegado, à excepção, talvez, do golo conseguido, ainda em Portugal, frente ao Barcelona, a contar para segunda ronda da Taça UEFA de 1986/87 (assista aqui ao vídeo).
Depois de regressado ao México e de aí, durante mais uns bons anos, ter representado uns quantos emblemas do seu país natal, Negrete, já com 37 anos de idade, decide por um ponto final na sua vida nos relvados. Apesar deste fim, o agora ex-jogador, manter-se-ia ligado ao desporto e, maioria de razão, à modalidade que sempre praticara. Deste modo ocupou cargos como o de Director Desportivo da UNAM, dirigiu a "Asociación de Futbolistas Profesionales" (neste caso, ainda enquanto jogava), foi treinador do Atlante e, bem mais importante, seria nomeado "Subsecretario del Deporte".

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