373 - SIMÕES

Depois de treinar no Belenenses e no Sporting e de fracassadas as investidas desses dois emblemas de Lisboa para contratar o jogador, em cena entrariam as "Águias". Certo dia, Fernando Caiado, antiga estrela benfiquista e, à altura, um dos seus "olheiros", propor-se-ia a assistir a um desafio entre o Almada e o Montijo. O objectivo da prospecção seria o de observar dois atletas da colectividade aldegalense. Porém, no clube da terra do "Cristo Rei" daria de caras com um jovem que, para além de muito rápido e de possuir uma capacidade de finta fantástica, tinha, igualmente, a faculdade de entender e executar o jogo de uma forma superior.
Do episódio acima mencionado até António Simões assinar pelo Benfica, demoraria pouco tempo e seria ainda como júnior que o extremo entraria pela primeira vez na Luz. No entanto, a idade parecia contar pouco para o jovem craque e Béla Guttmann, com o atacante a contar apenas 17 anos, haveria de chamá-lo à primeira equipa. A estreia, um jogo frente ao Peñarol, serviria, depois de um triunfo para cada lado, para decidir o vencedor da Taça Intercontinental de 1961. Após a pesada derrota por 5-0 na 2ª mão, o treinador húngaro resolveria injectar sangue novo na equipa e mandaria chamar, numa viagem da capital portuguesa até à finalíssima em Montevideu, duas das maiores promessas dos “Encarnados”: Eusébio e Simões. As “Águias” perderiam o troféu. Ainda assim, para essa temporada de 1961/62 estava guardada outra glória e no termo da dita campanha, os “Encarnados” levantariam a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Nos anos seguintes, naquela que é a maior prova de clubes a nível global, o atleta ainda marcaria presença em mais 3 finais. Porém, como sabemos, a sorte seria bem diferente da do encontro, disputado em Amesterdão, frente ao Real Madrid, com o conjunto luso a sair derrotado de todas essas contendas.
Pelo meio das sendas europeias, emergiria a famosa polémica a envolver o clube e o jogador. Depois de questionar um dos dirigentes do Benfica sobre os salários em atraso e de, inclusive, ter denunciado o caso à comunicação social, as suas relações com a direcção azedariam. Depois da suspensão por um mês, do assédio do Sporting e do pedido, por parte do atleta, de rescisão do contrato, Simões decidiria pedir ajuda a um jovem advogado de seu nome Jorge Sampaio ou, para os mais distraídos, o futuro Presidente da Republica. O litígio ficaria resolvido passados uns tempos, com o jogador a ver as condições contratuais melhoradas. O emblema “encarnado” também sairia beneficiado com o acordo e as “Águias” voltariam a contar com o atleta que, uns anos antes, tinha brilhado com as cores da selecção de Portugal no Mundial de 1966.
No que diz respeito à sua ligação com o Benfica, o jogador manter-se-ia a jogar pelo “Glorioso” até 1975, altura em que entraria numa nova fase da carreira. Entre o "El Dorado" do futebol nos anos de 1970, a Liga dos Estados Unidos da América, e alguns clubes de menor monta em Portugal, casos do Estoril Praia e do União de Tomar, Simões escreveria os últimos capítulos da sua brilhante história como atleta. De resto, falta ainda sublinhar a sua faceta de Homem capaz de dar a cara pelas lutas que, no futebol ou fora dele, achou serem válidas e que o levariam, no pós 25 de Abril de 1974, a ser eleito como deputado à Assembleia da República, pelo CDS.

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