320 - EMMANUEL MABOANG

Dos jogos de rua para a equipa do liceu e já ao serviço do clube da sua cidade, o AS Bafia, o futebol de Emmanuel Maboang ia evoluindo a olhos vistos. Sem nunca esperar muito daquilo que, para si, era apenas um prazeroso passatempo, um dia viu surgir a oportunidade para ingressar num dos "gigantes" do seu país - "Nunca pensei que fosse muito avante. Então, um dia, alguém viu-me jogar e tratou de tudo para que eu fosse para Yaounde. Lá cheguei sem nada. Mas, obviamente, eu era um bom jogador e pediram-me para me juntar ao Canon Yaounde, que era uma das equipas topo no país"*.
Desses episódios iniciais à estreia na selecção dos Camarões foi apenas um pequeno passo. Seguiram-se as presenças na CAN de 1990, repetida passados 2 anos, e o Mundial de Futebol disputado em Itália. No entanto, mesmo ao contar com alguma experiência internacional, Emmanuel Maboang, um jovem de 21 anos, tal como alguns dos companheiros de equipa, veria a convocatória para o certame de envergadura global a soerguer algum receio e a estreia frente ao conjunto campeão em título tornar-se-ia numa experiência um tanto arrebatadora – "Lembro-me antes do jogo contra a Argentina. Eu só esperava que o treinador não chamasse pelo meu nome, pois eu estava demasiado nervoso"*.
A prestação dos "Indomitable Lions" haveria de ser excepcional, com a equipa nacional camaronesa, para além de vencer a partida inaugural, a conseguir a proeza de atingir os quartos-de-final, algo nunca antes alcançado por uma selecção vinda de África. Depois dessa gloriosa caminhada, que apenas terminaria aos pés da Inglaterra de Lineker, Gascoine, entre outros, muitos dos nomes que nela participaram, começariam a ser cobiçados no "Velho Continente". Emmanuel Maboang haveria de ser um deles e o médio-ofensivo acabaria a aterrar em Portugal, para ingressar no plantel de 1991/92 do Portimonense.
 Um ano depois da chegada ao Algarve, o atleta rumaria a norte para envergar as cores do Rio Ave. Contudo, apesar do talento, da maneira excepcional como comandava as manobras ofensivas das suas equipas, nada haveria de servir como argumento para que conseguisse chegar ao patamar devido, ou seja, a 1ª divisão. Um pouco desiludido pelo rumo da sua vida desportiva, já depois de participar no Mundial de 1994, realizado nos Estados Unidos da América, Emmanuel Maboang, após uma passagem pelo futebol indonésio e sem ainda completar 30 anos de idade, decidiria pôr um ponto final na sua carreira. “Penduradas as chuteiras” e convencido que a ganância a imperar no futebol tem de ser combatida, o antigo internacional resolveria enveredar pela carreira de empresário e, com tal decisão, passaria a trabalhar pela salvaguarda dos interesses de jovens praticantes em ascensão.

*traduzido do artigo publicado a 11/02/2004, em www.fifa.com

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