311 - FERNANDO CABRITA

Após chegar à primeira categoria do Esperança de Lagos ainda em idade de juvenil, as suas qualidades futebolísticas rapidamente fizeram com que o Olhanense, à altura a maior potência algarvia da modalidade, levasse o atleta de 17 anos para as suas fileiras.
Com um enorme potencial, o crescimento do atleta não ficou pela referida transferência. Com o calendário a assinalar 11 de Março de 1945, contava 20 anos de idade, o avançado-centro foi chamado à estreia na selecção nacional. Contam os anais da modalidade que nesse encontro contra a Espanha, uma “partida” foi pregada ao jovem debutante! Como prenda pela internacionalização, ofereceram-lhe umas chuteiras novas que, ao fim de 90 minutos e muitas correrias com o calçado de cabedal ainda rijo, resultaram nuns pés completamente dilacerados. O mais curioso do episódio prendeu-se com o facto do seu treinador no emblema algarvio, ao prever a situação, ter viajado até Lisboa, carregando consigo o par que Fernando Cabrita normalmente utilizava. Porém, já à porta do balneário, o técnico foi impedido de entregar as botas ao jogador e não conseguiu evitar a maldade feita ao seu discípulo.
O ano de 1945 acabou por ser inesquecível para o jogador. Para além da primeira chamada à selecção portuguesa, Fernando Cabrita, ao serviço do Olhanense, chegou ao derradeiro desafio da Taça de Portugal. É certo que os algarvios saíram derrotados de contenda. Ainda assim, a fama do avançado manteve-se inabalável, com o assédio dos “grandes” da capital a acicatar-se. Recusou sair do Algarve. Todavia, em 1951, na sequência da despromoção do seu clube, decidiu arriscar-se por outras paragens e o destino levou-o às provas gaulesas e ao Angers. Em França viveu mais um episódio caricato. Frente ao Nantes, o defesa-central da sua equipa chegou ao intervalo com a “cabeça em água”. Ao confessar-se incompetente para segurar o avançado van Green, viu o treinador pedir a Fernando Cabrita para recuar no terreno de jogo e ocupar a posição no sector mais recuado. O resultado da alteração foi o melhor e o “pesadelo” holandês não voltou a tocar na bola!
O regresso do avançado a Portugal deu-se duas épocas depois da partida para França e o clube escolhido para continuar a carreira foi o Sporting da Covilhã. Influenciados ou não pela contratação, a verdade é que os "Leões da Serra" encetaram um trajecto em ascensão nas provas nacionais, com o ponto mais alto dessa caminhada a ser atingido em 1957, na final da Taça de Portugal.
Depois de “pendurar as botas”, Fernando Cabrita arriscou a carreira de treinador. Tão ou mais meritório do que a sua vida nos relvados, o percurso que fez à frente de vários clubes construiu-se de sucessos. Destacaram-se o Campeonato Nacional de 1967/68 em que, como "interino" na maior parte das jornadas da referida época, venceu a prova ao serviço do Benfica. Claro. É impossível esquecer a participação no Euro 84, onde, ao lado de Toni, José Augusto e António Morais, fez parte da famosa Comissão Técnica e onde levou a selecção portuguesa a atingir as meias-finais do torneio disputado em França.

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