308 - CARLOS ALVES

Carlos Alves foi uma das maiores estrelas da história do Carcavelinhos. Conquistou tal estatuto após começar a jogar na segunda metade dos anos de 1920 e numa altura em que, na colectividade “alfacinha”, já era visto como o “patrão” do último reduto. Como um dos pilares do conjunto de Alcântara, teve uma enorme influência na conquista do único título nacional do clube, o Campeonato de Portugal de 1927/28. Na derradeira partida da competição, disputada a 30 de Junho frente ao Sporting, ajudou a esbater o favoritismo atribuído aos “Leões” e, no Campo da Palhavã, esteve no “onze” que, com o 3-1 inscrito no “placard” final, deu à sua equipa a vitória na competição.
O ano de 1928 tornou-se memorável para o atleta. Para além da conquista do referido troféu, o jogador acabou chamado ao grupo que, pela primeira vez na história da selecção portuguesa, participou num grande certame futebolístico. Nos Jogos Olímpicos de 1928, organizados na cidade neerlandesa de Amesterdão, Carlos Alves, orientado pelo mítico Cândido de Oliveira, participou em todas as partidas e ajudou o conjunto luso a chegar aos quartos-de-final.
Mesmo com um trajecto brilhante, a história mais conhecida do defesa extravasou, um pouco, o desporto. Diz-se que nas vésperas de mais um “derby” frente ao Benfica, na pensão onde o Carcavelinhos estagiava – termo talvez abusivo para a época –, uma rapariga que ali trabalhava, vendo o nervosismo do jogador, abeirou-se dele, deu-lhe um par de luvas pretas e prometeu-lhe que, se as usasse durante a partida, o seu lado sairia vitorioso. Carlos Alves guardou-as, mas disse à moça que o futebol era sério de mais para brincadeiras daquelas. A verdade é que, com a sua equipa a perder ao intervalo e tendo descoberto as luvas no bolso dos calções, o jogador decidiu usá-las. Na segunda parte, o emblema alcantarense virou o marcador e acabou por vencer. Desse dia em diante, nunca mais largou o talismã, que, anos mais tarde e em sua memória, continuou a ser usado pelo neto, o médio internacional João Alves.
Na fase final da carreira, depois de representar o Carcavelinhos e ao mudar-se para a “Cidade Invicta”, Carlos Alves ainda vestiu as camisolas do Académico e do FC Porto.

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