244 - JOÃO PINTO


Jogar 16 anos pela equipa sénior do FC Porto serão suficientes para personificar a mística de um futebolista? Para João Pinto, é claro que não!
Para o antigo defesa, todo esse tempo passado de “azul e branco”, nada significaria se o mesmo não fosse, sem excepção de um único segundo, o melhor exemplo de abnegação por um clube. Contudo, não pensem que o sacrifício ficou resumido às correrias de um normal jogo da bola! Nisso, como é fácil recordar, o lateral também era incansável. Porém, o que muitos desconhecem, é que para o jogador poucas foram as lesões que o deixaram fora de combate –  "(...) parti o dedo pequeno do pé direito e tanto o treinador como os médicos me disseram para esquecer, que não dava para jogar. Eu disse que jogava e joguei: cortei a bota para o dedo ficar de fora e pintei a meia, que era branca, de preto, para que os adversários não dessem por ela." De outra vez, como o próprio também conta - (...) estava com gripe e cheio de dores nas costas, até me custava a respirar. (...) só me diziam que devia ser uma costela partida, mas queria jogar. Ligaram-me o peito e fiz o jogo todo (...). O problema é que as dores aumentaram e no dia seguinte estava no Hospital (...). Fui operado a uma infecção na pleura"*.
Todo o seu carácter contribuiu para que, incontestavelmente, João Pinto, durante vários anos, fosse o capitão de equipa. Como resultado dessa postura inabalável, teve o prazer de erguer muitos dos troféus que venceu pelo emblema do “Dragão”. Foi nesse papel que em Viena, na noite do Praterstadion e contra todas as expectativas, levantou bem alto a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1986/87. Gomes, lesionado, ficou impedido de participar na referida partida e foi o defesa-direito a substituí-lo. Como curiosidade, ficou também a imagem da sua emoção, que levou o jogador a praticamente não largar o precioso prémio! Correu e correu com o “caneco” nos braços e, literalmente, só soltou a taça por dois brevíssimos instantes e para que Madjer e o Presidente Pinto da Costa pudessem comprovar o peso da conquista.
Na selecção, à imagem de todos os outros desafios, soube sempre levar para dentro de campo toda a sua garra. Fê-lo nas partidas referentes ao Europeu de 1984 e, apesar de convocado, só não repetiu a faceta no Mundial de 1986, pois ainda estava em recobro da referida pleurisia. No resto da caminhada com as cores lusas, foram tantas as vezes que vestiu a “camisola das quinas” que, em 1994, por altura da sua 67ª chamada à equipa nacional, ultrapassou o número máximo de internacionalizações seniores na história da Federação Portuguesa de Futebol. Ao referido recorde, juntou também o do atleta que em mais encontros envergou a braçadeira de capitão de Portugal, isto é, 42 vezes.
 
*adaptado do artigo publicado em https://fcportonoticias.wordpress.com, a 02/02/2012, citando www.ojogo.pt

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