232 - VELOSO

Uma das características que melhor distinguiu a carreira de Veloso foi a capacidade de abnegação. Essa vontade de ajudar a equipa pô-lo, por diversas vezes e apesar de todos o reconhecermos como um dos melhores laterais da história do futebol português, a jogar nas mais variadas posições do terreno de jogo. Na Sanjoanense, onde fez a estreia como sénior, chegou a alinhar como avançado; no Beira-Mar e já como atleta do Benfica, não era de estranhar a sua utilização no meio-campo ou no centro da defesa.
Como qualquer bom líder, Veloso facilmente soube sacrificar-se ou assumir tarefas de maior responsabilidade em prol do grupo. Não foram poucos os exemplos por si dados. Um desses momentos aconteceu na noite de Estugarda, onde, frente ao PSV Eindhoven, assumiu o risco de marcar o penalti que, para desgosto dos benfiquistas, acabou por desempatar a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987/88, a favor do emblema neerlandês – "Todos discutiam e ninguém queria marcar o penalti. Tive de ser eu"*. Como todos recordamos, o defesa, que até tinha sido um dos melhores em campo, falhou o “castigo máximo”. No entanto, não foi por isso que deixou de ser um dos mais estimados a envergar o emblema da “Águia”. Para tal, muito contribuíram os 15 anos que passou de "encarnado", cerca de metade como capitão, o que faz dele, a seguir a Mário Coluna, o segundo atleta que mais vezes envergou a braçadeira. Nisso de currículo podemos ainda acrescentar os 15 títulos que ajudou o Benfica a ganhar, nos quais estão 7 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal e 2 Supertaças.
Foi o Benfica que glorificou Veloso em termos de carreira clubística. Foi também na "Luz" que as boas prestações levaram o jogador à principal selecção portuguesa. Com a "Camisola das Quinas" esteve presente no 3º lugar do Europeu de 1984 e, dois anos depois do certame disputado em França, só falhou o Mundial do México por razão de um controlo antidoping positivo, cuja contra-análise, que demorou tempo demais a chegar, acabou por provar a sua inocência.
Retirou-se em 1994/95, depois de, na época anterior, comandar as “Águias” para a conquista de um dos mais emblemáticos Campeonatos Nacionais. Ao afastar-se dos relvados com 38 anos, fez da idade mais uma prova da sua tenacidade enquanto grande futebolista. António Veloso, nome que, com toda a justiça, ficará para sempre na memória como um dos notáveis representantes da mística benfiquista.

*retirado do artigo de Pedro Candeias, publicado a 18/03/2011, em https://expresso.pt

1 comentário:

José Ferreira disse...

Se não me engano, hipótese doping

(Publicado no Facebook, a 6 de Abril de 2012)