149 - BENFICA 2010/11

Quando no início da temporada ouvimos, tanto por parte do Presidente Luís Filipe Vieira como do treinador Jorge Jesus, a certeza de tantas conquistas, o mínimo esperado seria um Benfica que conseguisse alcançar, pelo menos, os mesmos troféus que, na temporada transacta, tinha trazido para o museu da "Luz". O pior é que nada foi como o prometido!
Começou logo pela Supertaça, onde as "Águias", num ritmo desadequado a quem almeja vitórias, viram-se batidas por um "Dragão" que ainda só andava a meio gás. De seguida vieram as quatro primeiras jornadas que, com três derrotas e 9 pontos perdidos, praticamente entregaram a vitória na Liga a outros emblemas! No entanto, depois de um começo desconcertante e mesmo sem conseguir exibições tão arrebatadoras quanto as do ano anterior, o Benfica até entrou no bom caminho.
É certo que a Liga dos Campeões acabou por não correr de feição e mesmo a continuidade nas provas europeias, com a repescagem para a Liga Europa, só aconteceu nos últimos instantes e com a ajuda de terceiros. Porém, internamente começaram a surgir bons resultados e uma longa série de triunfos começou a devolver alguma esperança aos adeptos. Pensava-se, por essa altura, que alguns deslizes do FC Porto ainda levassem as “Águias” à revalidação da vitória no Campeonato. Contudo, o avançar da prova habituou os benfiquistas à ideia de que tal não iria acontecer. Resignados, começaram a depositar a sua crença nas outras provas nacionais. O 0-2 da 1ª mão das meias-finais, alcançado no Estádio do Dragão, chegou a pôr o Benfica com um pé na final da Taça de Portugal. O pior é que, aquilo que parecia uma prova da mudança de rumo, acabou por ser o canto do cisne dos “Encarnados”!
A partir desse 2 de Fevereiro, a forma dos jogadores começou progressivamente a aproximar-se daquilo que tinham mostrado no princípio da época. As vitórias internas, que ainda continuaram por algum tempo, e a progressão na Liga Europa, ajudaram a disfarçar uma evidente deterioração do nível exibicional da equipa. Tal como um castelo de cartas, tudo começou a desmoronar-se. Ainda não refeitos de terem cedido o título de campeões nacionais em pleno Estádio "da Luz", o Benfica, novamente em casa, viria o seu intuito de chegar ao Jamor desfeito, depois de consentir, com uma derrota por 1-3, a reviravolta na eliminatória da Taça de Portugal.
A juntar a tudo isso, só faltava falharem o derradeiro objectivo de atingir a final da Liga Europa, em Dublin. Claro que não foi preciso esperar muito e o afastamento deu-se frente ao Sporting de Braga, na “Cidade dos Arcebispos”, mais uma vez nas meias-finais e depois de levarem vantagem na primeira mão! O Benfica acabaria a temporada com apenas a conquista da Taça da Liga que, numa tentativa disparatada em abafar toda a desilusão, exaltaram como a conquista do "tri", naquela competição.
No entanto, a verdade é que para muitos, contando 106 dos nossos leitores, este até deve ter sido um ano bem proveitoso para a equipa lisboeta! Contrariando aquilo que os 4 títulos do FC Porto poderiam fazer prever, o Benfica, na sequência da eleição dos nossos Cromos d'Ouro, acabou considerado como a melhor equipa de toda a temporada em Portugal!
Que mais, em jeito de conclusão, podemos dizer?! O Benfica ganhou... assim ditou o povo!

148 - FALCAO

Ao vermos jogar Falcao, bastará um pouco de atenção para que consigamos concluir que o seu exímio tempo de salto e um sentido posicional quase perfeito, são nele mais do que ferramentas preciosas, são verdadeiras armas. É com elas que o jogador colombiano, que nem prima por uma grande estatura, consegue, sem esboçar grande esforço, ganhar nas áreas adversárias, tantos e tantos lances aéreos. Claro que a sua qualidade é bem mais substantiva do que isso. É também na ampla percepção que tem do jogo, no desenrolar do mesmo, que sustenta a maneira esquiva e extremamente veloz como ataca os lances. Tem ainda na valentia com que consegue imiscuir-se entre os centrais adversários, outro dos seus grandes predicados. Tudo isso faz de si um dos melhores atacantes a actuar, não só por terras lusas, como em toda a Europa!
Ainda assim, os mais cépticos poderão dizer que, finda a sua segunda temporada em Portugal, há algo que falta ao jogador para ser visto como um grande ponta-de-lança. A verdade é que a Falcao falta atingir, no nosso Campeonato, o lugar cimeiro na lista dos Melhores Marcadores. Porém, nem essa possível análise, a roçar o ridículo, consegue beliscar a imagem que já temos do avançado sul-americano. E se dúvidas houvesse sobre o seu valor, então bastaria olharmos para o seu desempenho na Liga Europa, onde, com os seus 18 remates certeiros, conseguiu conquistar o título de goleador máximo em 2010/11 e, ao mesmo tempo, quebrar o recorde de golos concretizados numa só edição da prova.

147 - HULK

Apesar da alusão à cor verde que o seu nome pode sugerir, Hulk é um super-herói de azul e branco.
Esta temporada, mais do que nunca, deu ao extremo brasileiro a oportunidade de provar o quão preponderante é para a manobra ofensiva da equipa do FC Porto. Não estamos apenas a falar dos 23 golos que concretizou durante o Campeonato e com os quais atingiu o primeiro lugar na lista dos Melhores Marcadores da Liga portuguesa. Claro que essa sua veia goleadora foi muito importante nas conquistas da época que ainda há pouco terminou. Todavia, aquilo que realmente tornou o atacante numa peça fulcral de toda a máquina portista, foi a sua capacidade de construir situações de afronta para as balizas adversárias.
Hulk, com todo o seu poder físico e contrariando aquilo que o seu aspecto corpulento poderia fazer adivinhar, é um jogador extremamente ligeiro. O seu drible em velocidade é um quebra-cabeças para qualquer oponente. Rápido, corre ao longo dos flancos, por onde facilmente consegue ultrapassar até os defesas mais velozes. Depois, com uma noção de posicionamento e uma qualidade de passe excepcionais, sabe assistir primorosamente os seus colegas de ataque, que não têm mais do que encostar a bola às redes. Foi assim em praticamente todas as partidas do Campeonato. Mas se não existissem mais provas disso, bem poderíamos pôr a depor David Luiz que, no clássico do Estádio do Dragão, acabou ridicularizado e ao nível de um qualquer e ordinário jogador.
Com todo o seu peso no colectivo, não foi estranho ouvir Pinto da Costa, ainda há uns dias, a afirmar publicamente que o único jogador insubstituível em todo o plantel era Hulk. Por isso também, não fiquem admirados que, ao tentarem levar o avançado para longe da cidade do Porto, aos clubes seja exigido todo dinheiro da cláusula de rescisão, isto é, uns míseros 100 milhões de euros!

146 - JOÃO MOUTINHO

Afinal, parece que a "Maçã Podre", a tal que ameaçava espalhar a todo o “pomar do Leão” a sua maleita, continua a ser um fruto bem sumarento!
Quem pôde acompanhar as partidas do FC Porto, por certo reparou num tal rapaz de aspecto franzino que, durante toda esta temporada, acabou por ocupar um dos lugares no meio-campo da equipa nortenha. Foi tal a naturalidade com que apresentou o seu jogo, que dificilmente alguém apostaria, nesse mesmo jogador, como um dos estreantes de "azul e branco". É verdade! João Moutinho em nada mostrou ter sido afectado pela mudança de clube, nem mesmo sabendo que essa troca tinha sido aferida como uma das mais polémicas do Verão passado.
Como é fácil de entender, uma transferência de Alvalade para o Dragão nunca passará despercebida. Já esta, tratando-se do antigo “capitão” leonino, poderia fazer adivinhar no jogador alguma instabilidade. De todo! João Moutinho soube manter os seus níveis exibicionais bem elevados; soube transpor para uma nova realidade os índices que foram a sua imagem no Sporting. Foi esta época, pela sua vontade enorme, pelo humilde sacrifício, pela excepcional capacidade de comandar o jogo ofensivo da sua equipa, uma das pedras basilares da estratégia de André Villas-Boas. Foi ele o principal responsável, o "motor" de todas as vitórias portistas do ano. Tão importante passou a ser que, com a saída do treinador para o Chelsea, os adeptos começaram a temer a sua partida para Londres.

145 - LUISÃO

Tão grande é a diferença entre o defesa-central que, em 2003, chegou do Cruzeiro de Belo Horizonte e aquele que a época passada povoou o meio da área do Benfica, que não seria difícil duvidarmos tratar-se da mesma pessoa!
Já nada resta daquele jogador de hábito "molengão", cuja constância de imperdoáveis falhas fizeram sobre ele pairar grande incerteza. Tornou-se num símbolo de combatividade; misturou a sua capacidade lutadora, com um sentido de colocação e um poder de corte irrepreensíveis; apimentou as suas exibições com um jogo aéreo que, para além de conseguir os mais decisivos golos, arrasa, consecutivamente, os intentos ofensivos de qualquer adversário. Em suma, Luisão tem hoje aquilo que é exigido a um defesa, ou seja, fiabilidade.
É também a confiança que transmite em campo que o põe no lugar de timoneiro. É um daqueles “capitães” que enverga a braçadeira como poucos. Porém, a sua verdadeira insígnia é a voz, é a maneira como comanda os seus colegas, encorajando-os, fazendo-lhes saber que no relvado que partilham ninguém os derrotará sem luta. Luisão sabe mostrar aos seus companheiros o caminho das vitórias e sabe, principalmente, ampará-los nas suas quedas. Desportivamente tem sido também um dos baluartes da "Luz". Foi-o nas conquistas dos campeonatos de 2004/05 e 2009/10, como na desilusão da transacta temporada, onde, reconhecidamente, evitou males maiores para a sua equipa.
Agora, ao fim de 8 temporadas com o vermelho das "Águias", com a saída de Nuno Gomes e, até, de Moreira, é ele o derradeiro guardião da "mística" benfiquista. Pelo seu regresso da Copa América, aguardam companheiros e adeptos, pois, à beira de uma nova época, num dos primeiros defesos em que, finalmente, nem da imprensa, nem dele tem vindo a ser especulada uma saída, todos esperam que consiga guiar o regresso do Benfica ao caminho das disputas e, porque não, ao das vitórias.

144 - FÁBIO COENTRÃO

"Un bólido por la izquierda"* – anunciou assim o periódico desportivo espanhol "Marca", a contratação do novo reforço do Real Madrid. No entanto, a verdade é que Fábio Coentrão nem sempre foi tido como um craque e a sua qualidade, ainda há um par de anos atrás, chegou mesmo a ser posta em causa. Com razão, muitos desconfiaram que o jovem jogador, que o Benfica tinha ido contratar ao Rio Ave, afinal não valia nem metade do que tinha prometido. Na "Luz" pouco mostrou as habilidades do tal extremo explosivo que, desde os 16 anos, por via dos seus "dribbles" e velozes arrancadas, tinha ganho lugar no balneário sénior da equipa vilacondense. O mais incrível é que, meses antes da sua chegada a Lisboa, essa mesma promessa tinha sido chamada por José Mourinho, para treinar à experiência no Chelsea! Por onde andava? Ninguém sabia!
Seguiram-se vários empréstimos – Nacional da Madeira, Zaragoza e Rio Ave. Até que Jorge Jesus, na época da sua estreia aos comandos da "Águia", decidiu recuá-lo no campo, passando-o para defesa-esquerdo. Começou a ser notório que as suas exibições melhoravam a cada partida. Então, impôs-se nova questão – Teria sido essa mudança a única razão para o "volte face"? A resposta estava numa entrevista dada pelo jogador a um jornal desportivo. Nela, o atleta fazia “mea culpa” pelos desaires na sua carreira. Para mim, a tomada de consciência de que a sua postura era a principal causa para o insucesso em que vivia, foi decisiva. O resultado não tardou a emergir e, logo nessa época de 2009/10, Fabião Coentrão consagrou-se como um dos principais esteios da vitória benfiquista no Campeonato Nacional e como um dos melhores de Portugal no Mundial da África do Sul.
O prémio maior conseguiu-o agora, após um ano fraco em títulos, mas com exibições tão ou mais conseguidas que a temporada transacta. Vai para a capital espanhola, resultado de uma das transferências mais caras do futebol português, igualando os 30 milhões de euros de Ricardo Carvalho para o Chelsea e de Pepe para o Real Madrid. Volta a encontrar Mourinho, depois de em Londres não ter conseguido convencer o técnico. Porém, desta feita o cenário é diferente e Fábio Coentrão está pronto para tomar de assalto o onze "Merengue".

*manchete do jornal “Marca”, edição de 06/07/2011

143 - RUI PATRÍCIO

Muita controvérsia trouxe Paulo Bento quando arriscou e, teimosamente, decidiu manter à frente das balizas do Sporting, o recém-provido dos juniores, Rui Patrício. A inexperiência dos seus 18 anos não favoreceu, desde logo, as suas exibições. Houve quem, incluindo eu, que dissesse que toda a pressão posta às suas costas não era boa e que, talvez, estivesse a ser posta em perigo a progressão de uma das boas promessas leoninas.
Durante os primeiros anos como sénior, muitos foram os seus falhanços. De vez em quando, mais do que era suposto, lá entrava outro “franguito”! O que terá o jovem guarda-redes ganho ou perdido com a precoce promoção ao “onze”, dificilmente será mensurável. Quanto ao Sporting, a aposta facilmente traduziu-se em jogadas menos conseguidas e nos pontos que nelas ficaram perdidos. Porém, a verdade é que, não por falta de opções válidas, Rui Patrício foi-se mantendo como titular. Reflexo de ter sido bem apoiado por Paulo Bento e por todos os técnicos seguintes, casos de Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio e José Couceiro, no guardião nunca foram vistos grandes sinais de esmorecimento e a sua vontade em vingar manteve-se intacta.
Para que o seu forte estado espírito continuasse bem presente, muito contribuiu a já referida titularidade. Esse terá sido, sem dúvida alguma, o maior voto de confiança dados pelos seus treinadores. Mas uma coisa também é certa, esta sua 5ª temporada na equipa principal trouxe-nos um jogador muito diferente, bem mais maduro. Resultado de uma evolução notável, Rui Patrício, ainda dentro de uma margem de progressão inerente a qualquer um que jogue na sua posição, mostrou-se como uma das certezas do Campeonato Nacional. E se a sua presença com a camisola do "Leão" era já uma constante, onde também conseguiu consolidar-se foi nas convocatórias para a selecção “A”, pela qual já conta com algumas internacionalizações. Por todas estas razões não foi estranho ouvir, já neste defeso, as veiculadas especulações quanto à sua possível transferência para clubes como o Manchester United.

142 - PATACAS

Com percurso feito nas “escolas” do Sporting e tendo concluído a caminhada formativa numa altura em que o clube de Alvalade, à imagem de alguns emblemas da altura, tinha uma “equipa satélite”, a coisa mais normal para Patacas acabou por ser a alternância entre o “verde e branco” do conjunto lisboeta e o do Lourinhanense.
Assim aconteceu e apesar de grande parte dos primeiros tempos como sénior, tê-los passado na equipa da Zona Oeste, de vez em quando lá era chamado à "casa mãe", para “dar uma perninha”. Sob o comando de Carlos Manuel, acabou por disputar o seu primeiro encontro pelos "Leões", corria a época de 1997/98. A estreia, com lugar no onze titular, até poderia ter sido bem auspiciosa, não fosse uma tal derrota, por 3-2, imposta em Trás-os-Montes, pelo Desportivo de Chaves. Mau agoiro, ou não, a verdade é que poucas mais foram as vezes que o defesa-direito teve oportunidade de jogar pela equipa principal leonina.
Depois de mais uns anos de empréstimos, durante os quais passou pelos açorianos do Santa Clara e pelo Campomaiorense, a sua ligação contratual com o Sporting terminou e os responsáveis pelo clube decidiram não apostar mais no jovem atleta. Quem agarrou a oportunidade para ver do seu lado um jogador que, com as suas 29 internacionalizações sub-21, até já tinha algum traquejo, foi o Nacional da Madeira. Nos “Insulares”, a sua carreira mudou e o lateral, a quem pareceu nunca faltar pulmão e vontade para mais uma corrida, finalmente começou a ser visto como um dos melhores e mais preponderantes no seu flanco.
Das 13 temporadas na divisão maior do nosso campeonato, 9 passá-las-ia ao serviço do emblema madeirense. No entanto, este ano chegou ao fim a vida nos relvados do capitão "Alvi-Negro". Segundo o mesmo, “Terminar a carreira agora foi a melhor decisão”*. Patacas "pendurou" de vez as botas e aceitou novo desafio. É agora o Director-Desportivo do Nacional.

*retirado do artigo do jornal “A Bola”, publicado a 23/05/2011

CROMOS d'OURO 2011

Com o fim da temporada, nada mais seria normal do que o "Cromo Sem Caderneta" dar a palavra aos seus leitores. O desafio foi lançado, as nomeações, num processo de isenção exemplar, foram apresentadas e muitos responderam, votando naqueles que consideraram ter as melhores prestações durante a época transacta. 
Apresentamos, neste mês de Julho, o resultado dessa escolha. Com isso, abrimos nova rubrica e revelámos ao Mundo aqueles que já são aclamados como os "Óscares" do futebol português! Não se esqueçam de nos visitar e connosco venerar os "Cromos d'Ouro 2011"!!!!